Revista Ensino Superior | Diploma: Experiências de alto valor que transformam realidades

Educação

Colunista

Thuinie Daros

Diretora de qualidade e inovação acadêmica na Vitru Educação

Experiências de alto valor que transformam realidades

O diploma ainda é o maior elevador social do Brasil — mas ele precisa contar histórias

Diploma Diplomar-se é também uma estratégia econômica de sobrevivência e ascensão (foto: Shutterstock)

Vivemos uma era em que a educação superior brasileira está sob forte questionamento. Líderes, empresários e estudantes se perguntam: “A diplomação no Brasil ainda vale a pena?” O custo é alto, a evasão aumenta, e o retorno parece cada vez mais incerto — em um cenário cada vez mais regulado, competitivo e exigente.

No Brasil, apenas 24% dos adultos concluem o ensino superior, segundo o relatório Education at a Glance 2024 (OCDE). E, de acordo com o IBGE (2023), 11 milhões de jovens entre 15 e 29 anos estão fora da escola e do mercado de trabalho. Essa geração, chamada de “nem-nem”, não é só uma estatística — é o reflexo de um sistema que ainda tem desafios para conectar educação com transformação.

Mas há luz nesse paradoxo: o diploma é ouro. É o maior elevador social do país, com poder de romper ciclos históricos de pobreza e exclusão. Pessoas com ensino superior completo ganham, em média, 2,6 vezes mais do que aquelas com ensino médio.

Ou seja, diplomar-se não é apenas uma necessidade social, é uma estratégia econômica de sobrevivência e ascensão.

Essa reflexão nos leva a outro desdobramento: de que forma as IES estão realizando a entrega dos diplomas? Afinal, a diplomação representa a habilitação formal para o exercício de uma profissão.

 

O diploma como expressão de uma jornada viva

Acredito que a educação profissional ou superior precisa oferecer uma experiência de alto valor, que vá muito além de ensinar conhecimentos acadêmicos. Precisa provocar movimento interno, despertar protagonismo, desenvolver soluções, praticar autonomia e formar visão de futuro.

A fórmula é simples, mas poderosa:
Conhecimento científico + habilidades práticas + ética aplicada + conexão com o mercado = experiências de alto valor.

Sem isso, formamos apenas diplomas vazios. Com isso, formamos histórias que contam.

 

E que histórias são essas que fazem a diferença?

São experiências que desenvolvem não apenas competências, mas comportamento, mentalidade e identidade profissional. Entre elas:

  • Projetos reais, que resolvem problemas concretos da sociedade.
  • Extensões universitárias, que geram impacto direto nas comunidades.
  • Hackathons e desafios práticos, que promovem criatividade e ampliam limites.
  • Estágios com propósito, que aproximam teoria da prática com robustez.
  • Mentorias transformadoras, que guiam escolhas e moldam decisões.
  • Feedbacks difíceis e “nãos” dolorosos, que forjam resiliência e maturidade.
  • Vivências globais, que expandem repertório cultural e visão de mundo.
  • Pesquisas aplicadas, que geram conhecimento e solucionam desafios reais.
  • Educação digital e flexível, que inclui, conecta e rompe barreiras geográficas e sociais, levando oportunidade onde antes havia distância.

Essas são algumas experiências que despertam o interesse dos recrutadores, preparam para concursos públicos, constroem autoridade e sustentam carreiras com solidez e autenticidade, agregando valor real à população brasileira.

ROI: Retorno de Impacto, Retorno de Identidade, Retorno de Impossíveis. E não somente financeiro

Nos Estados Unidos, o ROI de um diploma de bacharelado chega a 38% após 20 anos (Interstride, 2023). No Brasil, quem conclui o ensino superior ganha, em média, 17,5% a mais por mês, segundo IBGE e Valor Econômico (2023).

Mas o impacto vai além do financeiro. Estamos falando de futuros reprogramados, portas abertas e potenciais realizados.

Diplomas que entregam valor real entregam também horizonte. E ninguém investe contra o próprio futuro.

Instituições como a Vitru Educação já atingem mais de 70% de empregabilidade entre egressos de cursos de graduação. A USP, por sua vez, figura entre as melhores do mundo em empregabilidade no QS Graduate Employability Ranking.

Qual o segredo? Currículos conectados com o mercado, projetos com impacto, formação global e uma narrativa acadêmica com propósito claro.

 

Diploma que vale é o que sustenta o presente e antecipa o futuro

O diploma sempre foi mais do que um papel assinado. Trata-se de uma narrativa viva. Algo que o mundo leia e reconheça: “Essa pessoa tem história, tem substância, tem futuro.”

A pergunta não é mais “em qual universidade você estudou?”, mas:

  • O que você aprendeu que te transformou?
  • O que você viveu que te tirou da zona de conforto?
  • Que problemas você resolveu?
  • O que te move hoje — e para onde você está indo?

As IES brasileiras enfrentam um dilema urgente: reproduzir modelos engessados ou se tornarem laboratórios vivos de transformação real.

É hora de eliminar o divórcio entre teoria e prática. De transformar currículo em experiência, diploma em jornada, professor em mentor, e aluno em protagonista.

No início, eu também me perguntei: “A diplomação no Brasil ainda vale a pena?”

Respondo com convicção que vale e muito. O diploma mudou a minha vida. E segue mudando muitas outras. Mais do que um certificado, ele precisa carregar história, pulsar vida e revelar propósito. Porque é a experiência vivida que dá valor ao papel.

Mas talvez a verdadeira pergunta seja: Qual diploma queremos entregar ao Brasil? O que ele diz sobre nós, sobre nosso país e sobre os futuros que queremos construir?

Por: Thuinie Daros | 06/08/2025


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