Revista Ensino Superior | Ampliação da extensão ajuda as comunidades

NOTÍCIA

Formação

Ampliação da extensão ajuda as comunidades

Antes se levantava um problema teórico e pedia a solução para os alunos. Hoje eles resolvem problemas reais

Publicado em 16/09/2025

por Juliana Ligorio

Curricularização da extensão Com a curricularização da extensão, alunos conseguem perceber de forma mais clara como a sua formação pode contribuir socialmente (ilustração: Dedraw Studio/Shutterstock)

Os projetos de extensão já estavam presentes na maioria das IES, mas, com a curricularização da extensão, o número de iniciativas aumentou, assim como a quantidade de professores e alunos envolvidos. Agora, as comunidades estão sendo mais apoiadas pelas instituições, e os alunos têm a possibilidade de ver, na prática, como as profissões que escolhem podem contribuir para a sociedade.

Cíntia Agostini

Segundo Cíntia, Agostini, a curricularização da extensão foi intensificado na Univates após as enchentes do Rio Grande do Sul

Cíntia Agostini, vice-reitora da Univates, em Lajeado, no Rio Grande do Sul, conta que, como uma instituição comunitária, sempre tiveram projetos e ações junto à comunidade. Por exemplo, formação para mulheres atuarem na construção civil. No entanto, afirma que a atuação da IES na comunidade mudou a partir das enchentes de 2023 e 2024. “As enchentes redimensionaram as ações de todos nós. Da nossa vida, das empresas, das pessoas e da universidade”, diz ela.

Segundo a vice-reitora, a Univates teve uma atuação pontual durante as enchentes, acolhendo, oferecendo comida e ajudando a comunidade em todas as áreas possíveis. A partir dessa vivência, a instituição inseriu a sustentabilidade nas discussões acadêmicas e intensificou o trabalho na curricularização da extensão. Cíntia Agostini diz que, a partir da catástrofe, a universidade parou para repensar os currículos para refletir como agir no presente e trabalhar para minimizar os problemas do futuro. “O Rio Grande do Sul está em uma área onde realmente há mais propensão a eventos extremos e temos que nos repensar. O papel da universidade é extremamente importante na construção de conhecimento e no planejamento de ações.”

 

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Com a curricularização da extensão, Cíntia Agostini observa que os alunos têm muitos ganhos, pois conseguem perceber de forma mais clara como a sua formação pode contribuir socialmente. “Havia momentos da nossa história, e de todas as instituições, em que se criava um problema teórico e pedia uma solução para os alunos. Hoje eles resolvem problemas reais. Por exemplo, os alunos dos cursos técnicos das engenharias consertaram equipamentos eletrônicos danificados pelas enchentes e os devolveram para as pessoas da comunidade. Tem melhor aprendizado do que este?”, indaga.

Thais Beldi, diretora de estratégia e educação inovadora na Facens, em Sorocaba, São Paulo, conta que colocaram em prática a questão da curricularização da extensão em 2022, mas que a instituição já tinha histórico de realizar muitas atividades de extensão que não eram curricularizadas. Ela cita como exemplo o projeto Florestas Inteligentes, premiado em 2024 pela QS Reimagine Educacion Awards, na categoria sustentabilidade dentro da educação. “É um projeto que leva os alunos para conhecerem um pouco dos biomas da Mata Atlântica e da Amazônia, trabalhando soluções de bioeconomia junto à comunidade”, explica.

Segundo a diretora, a Facens manteve alguns projetos independentes, mas também levou muitos deles para dentro de cursos específicos, integrando-os à curricularização da extensão. Ela dá exemplo de algumas iniciativas possíveis a partir de parcerias. “A instituição tem parceria com a Organização Teto Brasil, o que já permitiu que alunos dos cursos de engenharia civil e arquitetura participassem como voluntários na construção de casas para a comunidade de Sorocaba. Para apoiar a Cooperativa de Trabalho de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis de Sorocaba – Coreso, o curso de engenharia de produção tem trabalhado na roteirização da coleta seletiva em Sorocaba e região.”

 

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Thais Beldi

Na Facens, curricularização da extensão foi colocada em prática em 2022, conta Thais Beldi, diretora de estratégia e educação inovadora (foto: arquivo pessoal)

Thais Beldi destaca que a curricularização da extensão foi importante por possibilitar que todos os professores e alunos se conectem com projetos junto à comunidade. “Esse despertar do aluno para a realidade, a partir da vivência, muda o conceito e a percepção da prática dele, do potencial que tem e do que pode fazer”.  Além disso, ela acredita no valor da curricularização da extensão para desenvolver as competências socioemocionais dos alunos. Conta que já ouviu diversos depoimentos que demonstram como os projetos proporcionados por essa curricularização ampliaram o olhar dos estudantes sobre as possibilidades de atuação em suas profissões. “Teve uma aluna de psicologia que disse que sempre quis trabalhar na clínica, ter o seu consultório, mas percebeu que o seu papel é fundamental para a comunidade e agora quer trabalhar junto a ela. Isso que eu acho que brilha os olhos: a ambição de querer poder ajudar mais pessoas.”

Cíntia Agostini e Thais Beldi estarão ao lado de Leigh Kamolin, diretor de Analytics & Avaliação do Ranking QS Quacquarelli Symonds, em painel no Fnesp deste ano. Priscilla Maria Bonini Ribeiro, diretora-geral da Unaerp, mediará o debate, que terá como tema Como as IES estão transformando seus processos na curricularização da extensão para impactar a sociedade. O Fnesp acontecerá nos dias 25 e 26 de setembro, no Distrito Anhembi, em São Paulo.

Autor

Juliana Ligorio


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