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Emprego passa por mudanças e as universidades devem alterar suas estratégias, acreditam Maíra Habimorad, do Inteli, Oscar Vilhena Vieira, da FGV e Ericson Sávio Falabretti, da PUC-PR
Publicado em 22/08/2022
Quem prepara para o trabalho: universidade ou mercado?’ Esta foi uma das perguntas levantadas durante o Grande Encontro da Educação que aconteceu semana passada. Durante o painel, Maíra Habimorad, CEO do Intelli (Instituto de Tecnologia e Liderança) destacou: “é sim função do ensino superior preparar pessoas para o mundo do trabalho. Atuar no governo, e como professor, fazer parte do mercado. Você contribui para a população e faz parte da população economicamente ativa, você paga impostos, recebe salário, por isso precisamos parar com essa ideia de que a faculdade, a universidade, o ensino superior, não precisa ter o compromisso de formar para esse mundo”.
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O Intelli é uma instituição que procura trabalhar com uma estrutura curricular focada na produção de projetos que envolvam problemas reais que a sociedade está vivenciando, com isso, o próprio formato da sala de aula tradicional com o professor no centro sai de foco.
Ensino focado em projetos
Quem também trabalha com uma educação voltada para projetos é a FGV Direito SP. Oscar Vilhena Vieira, diretor e professor da Escola de Direito de São Paulo da instituição, que também participou do painel, levantou a questão de como o mercado espera receber os alunos e a maneira que as universidades podem ajudá-los a entrar nesse novo mundo.
“A grande questão é ter um ensino todo voltado à solução de problemas complexos a partir de normas e do ordenamento jurídico. Aqui, há anos não temos disciplinas, você tem projetos, por exemplo, em um projeto sobre moradia popular no centro de São Paulo você vai juntar no enfrentamento uma série de conhecimentos que vão do direito administrativo, contratual, financeiro até sociologia urbana, que passando por toda a questão tecnológica irá perpassar a solução desse problema”, explicou Oscar.
O Brasil possui diversas instituições que oferecem o curso de direito, tornando o mercado mais competitivo, então, segundo Oscar, é importante as instituições prepararem os alunos para conseguirem proporcionar mudanças no mundo. Mais do que colocar o aluno no mercado de trabalho, é preciso ajudá-lo a ter capacidades de criar mudanças e soluções de problemas que ainda possam surgir e conseguir desenvolver a sua aprendizagem ao longo da vida.
“Você não está apenas preocupado simplesmente com a empregabilidade dos jovens, mas está preocupado com a empregabilidade relevante, essa que está relacionada a ter uma vida profissional que seja frutífera, onde sinta que não está apenas reproduzindo algo que já está contemplado. Eu não quero um profissional ‘commoditie’; estou pensando naquele que está na frente e que seja capaz de contribuir para as coisas que não existem ainda, para novos desafios que vem sendo colocado pela sociedade”, enfatizou Oscar.
“A gente vive um abismo entre a universidade e o mercado de trabalho porque a universidade não prepara [o aluno]. Somente para o mercado do passado e não do futuro”, afirmou Ericson Sávio Falabretti, pró-reitor de desenvolvimento educacional e professor do programa de pós-graduação em filosofia da PUC-PR, que também participou do painel.
O mercado de trabalho está em constante mudança e um dos fatores que proporciona isso é a sociedade. Com as mudanças no mercado profissional é preciso começar a mudar e transformar as instituições de ensino superior. “Trabalhar por projetos, por desafios me parece uma abordagem essencial para a gente reencontrar os desafios que temos nessa nova reorganização do trabalho, na ideia de trabalhar por competências e não por conteúdo”, concluiu Ericson.
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