NOTÍCIA
Em quatro mesas que aconteceram no segundo dia de Fnesp, representantes das Universidades inovadoras de 2024 dividiram experiências, que vão de novas metodologias de ensino a parceria com empresas – de olho no novo mercado de trabalho
Publicado em 20/09/2024
Com as novas gerações inseridas na cultura digital e um mercado de trabalho que passa por mudanças constantes, a necessidade de inovação no ensino se tornou uma discussão forte e cada vez mais presente, do nível básico ao superior. Como ensinar diante de tantas transformações? Ao longo de quatro debates realizados no segundo dia do 26º Fnesp, essa discussão tomou corpo e passou por diferentes temas, como educação digital, alianças estratégicas, inovações acadêmicas e empreendedorismo. Representantes das “Universidades Inovadoras de 2024” participaram das mesas e dividiram suas experiências.
Clio Nudel Radomysler, líder de projetos do Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação (CEPI-FGV), contou que na FGV Direito São Paulo a proposta é formar arquitetos de soluções jurídicas. Uma das medidas adotadas diz respeito à grade curricular. “Uma experimentação muito arrojada foi a inclusão, na grade curricular obrigatória do 3º ano da graduação, de disciplinas de projetos multidisciplinares”, contou.
O objetivo é permitir que haja interdisciplinaridade e aprendizado por projetos. “Nos projetos o foco é no desenvolvimento de competências”, destacou Clio. “Nós temos entendido, cada vez mais, que precisamos buscar não só o desenvolvimento de competências estritamente jurídicas e técnicas, mas também competências socioemocionais, de gestão e relacionadas à tecnologia”, explicou.
Outro projeto destacado pela líder foi o programa de mentoria entre mulheres, que se insere na ideia de que a inovação também diz respeito ao fortalecimento de laços da comunidade acadêmica. O objetivo da mentoria é formar uma rede de contatos, networking e apoio no desenvolvimento das mulheres participantes.
O painel também expôs o case da Uniube, que tem o projeto de ser a “universidade do agro”. Ainda que o direcionamento aos cursos relacionados ao agronegócio não seja novo, o programa foi lançado oficialmente em 2023.
André Luiz Teixeira, pró-reitor de pesquisa, pós-graduação e extensão da Universidade de Uberaba (Uniube), dividiu algumas novidades da instituição: entre elas, um novo hospital universitário que deve começar a ser construído em 2025 – e que oferecerá novas possibilidades aos estudantes. Ele também destacou o sucesso da graduação à distância de agronomia – que acaba por ser uma opção para quem já trabalha na área e não tem a possibilidade de frequentar um curso presencial.
O segundo debate discutiu a educação digital. Beatriz Maria Eckert-Hoff, vice-presidente de excelência acadêmica e institucional da Cruzeiro do Sul Educacional, destacou a forma como a pandemia acelerou a transformação da educação – e de outras áreas – nesse sentido. “A pandemia marcou realmente uma travessia”, resumiu. Ela destacou que, num país com as dimensões e características do Brasil, o EAD se trata da única opção de acesso ao ensino superior para muitas pessoas.
Thuinie Daros, diretora de planejamento acadêmico na Vitru, empresa do ramo de educação a distância que conta com mais de 945 mil alunos, também destacou as mudanças das novas gerações e do mercado de trabalho – o que exige adaptação e inovação – e dividiu alguns projetos da instituição. Entre eles, a Sofia, assistente virtual acadêmica, e o entrevistador virt.uau , que permite que os estudantes treinem para entrevistas de emprego com o auxílio da inteligência artificial; a proposta permite a hiper personalização do ensino e acesso a feedback imediato.
O terceiro painel discutiu as mudanças na forma de aprender e as alianças e parcerias com empresas – temas que, aliás, ganharam destaque ao longo de outros debates do dia. Wagner Sanchez, diretor acadêmico da FIAP, destacou que a faculdade tem parceria com mais de 90 empresas. Além da inovação, essa parceria também permite que os estudantes sejam inseridos no mercado de trabalho. No campo da inovação, Sanchez falou sobre o trabalho de conclusão de curso. “A gente não tem TCC, mas sim uma grande competição de startups”, contou.
Os vencedores da competição viajam para o Babson College e muitas das soluções apresentadas acabam virando negócio, segundo o diretor. Muitas das propostas da faculdade são justamente para que os estudantes tenham desafios para resolver, além da participação em competições que os incentivem a inovar e aprender de maneira prática.
O painel que encerrou as discussões das “Universidades Inovadoras” contou com a participação de Paula Cristina Trevilatto, pró-reitora de pesquisa, pós-graduação e inovação da PUC-PR, e Alessandra Borin Nogueira, pró-reitora de pesquisa, pós-graduação e extensão da PUC-Campinas.
Paula Cristina contou que, na PUC-PR, entre as inovações está a American Academy, que permite que os alunos tenham formação internacional, com currículo baseado no modelo de ensino superior norte-americano, o Liberal Arts Education.
Já Alessandra, da PUC-Campinas, destacou o rearranjo de cursos que são realizados em parceria com outras instituições: o de Engenharia Agronômica é oferecido em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e o de Engenharia de Alimentos, com o ITAL – Instituto de Tecnologia de Alimentos. “A grande tônica é esse compartilhamento com outros atores, e os nossos alunos só têm a ganhar”, afirmou.