NOTÍCIA
Projeto pedagógico foi desenvolvido internamente e com a preocupação de dialogar diretamente com a identidade e história da instituição
Publicado em 02/12/2024
“Desde o início a premissa era só abrir medicina com a certeza de que poderia ser uma oferta de qualidade e condizente com o legado da instituição. Abreviar esse caminho não era uma possiblidade”, explica Marcos Nepomuceno, pró-reitor de graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que investiu 50 milhões para reforma de prédio com 6 mil metros quadrados e aproximadamente 17 milhões de reais em equipamentos para ofertar o novo curso.
Segundo o pró-reitor, o sonho de abrir o curso era antigo e vários dirigentes já acalentaram projetos ligados à medicina, mas a decisão de manifestar para o poder público a intenção de abrir um curso de medicina veio em 2022. Marcos conta que várias instituições estavam se movimentando judicialmente para conseguir a abertura de curso ou aumento de vagas, enquanto a Abruc – Associação Brasileira das Instituições Comunitárias do Ensino Superior – reunia as universidades comunitárias para discutir o processo de pedido para abertura de cursos de medicina. Diante deste cenário, eles entenderam que se ficassem parados, mais uma vez a história passaria e não abririam o curso.
No final de 2022, a instituição entrou com um pedido de abertura do curso de medicina para o campus Higienópolis e para o de Alphaville, em São Paulo. Segundo Marcos Nepomuceno, em um curto intervalo de tempo, o juiz se manifestou favorável à abertura em Alphaville e deu um prazo para o MEC aceitar a proposição.
Enquanto o processo de liberação seguia, a instituição trabalhou nos detalhes do projeto, que iniciou com um estudo preliminar feito por uma consultora. Também cuidaram da reestruturação do edifício que abriga a nova faculdade e dos equipamentos e laboratórios. “A ordem do reitor e da mantenedora foi: caminhem como se não houvessem essas incertezas no horizonte. E assim nós caminhamos”, relata Marcos. Em outubro de 2023 o curso foi liberado com 60 vagas e nota máxima pelo MEC.
O pró-reitor conta que a instituição foi abordada por diversas consultorias educacionais oferecendo projetos de medicina, mas que decidiram desenvolver o projeto do curso internamente, pois entendiam que um grande diferencial seria ter um projeto pedagógico que dialogasse diretamente com a identidade do Mackenzie, com a história de 150 anos como instituição de ensino e mais de 70 anos como universidade. “Assumimos o desafio de, internamente, a partir do estudo feito inicialmente e da contratação dos dois coordenadores do curso, começarmos um processo bastante rigoroso.”
Alphaville é um bairro de alto padrão, próximo à Barueri, cidade na região metropolitana de São Paulo. Como uma IES comunitária, o Mackenzie assumiu o compromisso com as localidades e levantou os dados de saúde da região. Diagnosticaram que os indicadores de saúde de Barueri, eram bem diferentes dos indicadores das cidades ao lado. Marcos Nepomuceno conta que há “ um decréscimo de saúde vertiginoso. Caminhando 25 km você sai de um padrão de excelência para um padrão abaixo do aceitável”. Ele defende que além de uma parceria direta com o sistema de saúde da região, uma instituição de ensino na área da saúde pode ajudar essas municipalidades a pensar políticas públicas.
O estudo do quadro da saúde pública na região norteou o projeto pedagógico que, portanto, dialoga diretamente com o sistema de saúde. Por exemplo, uma das primeiras disciplinas do curso é Território, pois o médico tem de conhecer a geografia, o território onde ele vai atuar. Segundo o pró-reitor, o aluno terá contato com o serviço público desde o início do curso. “É um projeto que nasce para trabalhar junto com o sistema de saúde da região.”
A instituição fez tratativas e contatos com todas as prefeituras da região e estabeleceu pré-acordos com 17 delas. No primeiro semestre, começam com demanda a ser compartilhada com três ou quatro cidades.
Marcos Nepomuceno explica que a estrutura envolve laboratórios com alta e média complexidade, com toda a tecnologia necessária, e que importaram diversos equipamentos, como um corpo plastinado para a aula de anatomia. Segundo ele, o projeto “nasceu com o horizonte de estar alinhado aos melhores – melhores práticas e equipamentos.” Completa salientando que é uma instituição que tem como missão educar e cuidar do ser humano para o exercício pleno da cidadania. Por isso, vão ter um curso de medicina que dá uma base ética consistente, uma visão humanizada do paciente e do papel do médico.
A primeira fase do vestibular aconteceu no dia 14 de novembro. Marcos Nepomuceno conta que conseguiram 11 candidatos por vaga, apesar de saírem atrasados para a divulgação do curso. A aprovação final da portaria aconteceu quando já haviam instituições com prova marcada para acontecer e com alunos inscritos. “A nossa meta era 10, ficamos muito felizes.”
Sobre a segunda etapa da seleção, ele explica que a opção de fazer uma entrevista, elaborada pelos professores de psicologia da instituição de São Paulo, é entender quem é o indivíduo que está entrando. “Não dá para massificar. Foi bem em uma prova, mas eu tenho de entender se ele tem as habilidades e competências necessárias para o percurso pesado de seis anos de curso, residência.”
Apostando no crescimento do curso e do campus de Alphaville, que já tem mais de mil alunos em quatro cursos, a instituição está programada para a construção de mais um prédio em 2025.