NOTÍCIA
Primeiro episódio da série Eduacação & Democracia, reuniu três ex-ministros para debater documento de diretrizes de políticas públicas, elaborado pelo Semesp
Publicado em 18/05/2022
A nova versão do documento Diretrizes de Política Pública para o Ensino Superior Brasileiro, produzido pelo Semesp em conjunto com estudiosos da educação superior, foi disponibilizado na última segunda-feira, 16, e discutido por José Henrique Paim, Renato Janine Ribeiro e Rossieli Soares, três ex-ministros da Educação, ainda atuantes em diferentes frentes do setor.
O documento, contempla áreas fundamentais para o sistema de educação superior como governança, regulação, avaliação, financiamento, educação profissional, formação de professores, ciência e internacionalização.
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Abrindo o debate mediado por Maria Alice Carraturi, pesquisadora e conselheira do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, Renato Janine Ribeiro foi taxativo em dizer que a discussão do ensino superior brasileiro se limitou ao “nós por nós”, se encerrando em si e incluindo nessa pauta apenas as empresas. Para ele, é preciso que as universidades dialoguem com a sociedade, tão descolada de suas questões.
O também professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo (USP), reforçou ainda que a discussão primordial deveria ser em torno das reais necessidades do Brasil e em como o ensino superior pode contribuir para suprí-las, considerando a retenção de algumas formações e também investimento em ciência e pesquisa.
“Uma proporção elevada de financiamento ia para direito e administração que, junto de pedagogia representam 25% do estudantado; cursos que têm o maior número de formados que não exercem tais profissões”, frisa Ribeiro.
“Precisamos questionar muito sobre os cursos que estão tendo um papel pequeno nas necessidades do país.”
O ex-ministro também defendeu a importância do desenvolvimento de pesquisas no país em áreas que pode ser protagonista como a sua biodiversidade, que representa 20% da parcela mundial.
“É preciso que a sociedade entenda a educação como um trampolim para a melhoria de vida”, destacou Rossieli Soares, ao trazer dados de pesquisa sobre a preocupação dos brasileiros frente aos temas que devem ser priorizados na corrida eleitoral. Segundo sua afirmação, 55% priorizam renda e emprego, contra apenas 5% que priorizam educação; o que para ele, mostra o descolamento de necessidades que estão ligadas.
“O setor privado tem um papel fundamental no país, não temos como falar em ensino superior no brasil sem ter o setor privado fortalecido, se não fosse isso teríamos uma exclusão de formação superior ainda maior”.
Quanto ao modelo de avaliação das instituições de ensino, o ex-ministro acredita que este precisa ser um indutor para a condução de suas governanças. E como o documento apresenta, a acreditação independente pode ser sim um caminho, a exemplo de alguns países referenciais no assunto, pode funcionar se for bem estruturado.
Já José Henrique Paim, se ateve aos aspectos sociais quanto a necessidade de maior expansão do ensino superior: “Como estamos falando de um país pobre e desigual, obviamente as políticas públicas são necessárias, sempre pensando em reparação, políticas de cotas e afirmativas, em ampliar o Prouni e rever o modelo de financiamento do Fies”.
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