Diretor de inovação e redes do Semesp, Fábio Reis discorre sobre o envolvimento das IES com as redes de cooperação
Se uma rede não está dando certo, o gestor deve se perguntar o que fazer para avançarSe há algo por que sempre agradeço é a oportunidade de coordenar diferentes redes de cooperação. Sinto que é um privilégio porque tenho a chance de me manter conectado com várias pessoas, de conhecer experiências institucionais diversas e de ter a percepção do que dá certo ou errado em uma rede.
Estar em uma rede significa se conectar com pessoas e conversar semanalmente com gente que toma as decisões institucionais ou que participa destas. É trocar experiências, falar sobre soluções e problemas, compartilhar, aprender e ensinar, inspirar-se no outro. É manter uma relação profissional saudável e olhar o mundo além da instituição. É a oportunidade de errar menos, graças ao contato com um colega, ou a consulta com alguém que tem experiências a compartilhar.
Estar em redes é resolver problemas de forma dialogada, a partir das experiências do outro. Já vi instituições de ensino resolverem problemas de plano de carreira, solucionarem problemas de TI (Tecnologia da Informação) e melhorarem processos de captação e retenção. Já testemunhei instituições de ensino aprimorarem o processo de formação de professores, suas análises e os resultados financeiros. Já acompanhei instituições de ensino repensando suas estratégias, compartilhando cursos de pós-graduação e promovendo a mobilidade de estudantes. Nesses anos de envolvimento com redes de cooperação, já vi tanta coisa boa que dá para ficar horas em uma roda de amigos contando boas histórias.
Estar conectado em redes é conhecer as melhores formas de organização e dinâmica. É saber como se organiza uma rede e que cronograma, planejamento, compartilhamento, confiança e compromisso são palavras com significados importantes que precisam ser vivenciadas pelos seus participantes. Uma rede se constrói com assertividade, “ganha-ganha”, diálogo, perseverança e aprendizado com os inevitáveis erros.
Redes se consolidam com o tempo e, dificilmente, os resultados são imediatos. É preciso ter paciência e acreditar no processo de consolidação da mesma. Se uma rede não está dando certo, o gestor descontente tem que se perguntar: o que eu posso fazer para a minha rede avançar? Não se pode criticar uma rede de cooperação sem propor soluções e alternativas para o problema percebido. Não se pode criticar uma rede sem participar de sua dinâmica. Entre outros fatores, uma rede não dá certo quando:
Estou envolvido com as Redes de Cooperação do Semesp (já somos 19 redes que congregam mais de 100 IES); com a Metared (Rede ibero-americana de TI e transformação digital com mais de 800 IES públicas e privadas); com a Realculp (Rede de Associações Nacionais da Iniciativa Privada da América Latina e Caribe com cerca 600 IES privadas); com o Consórcio Sthem Brasil (rede de inovação acadêmica com 68 IES públicas e privadas); e com a ACL (Rede de líderes de Consórcio dos Estados Unidos com mais de 50 IES públicas e privadas).
Meus caros, estou envolvido com um “mundo de redes de cooperação” e gosto muito disso. Uma das minhas missões na vida profissional talvez seja conectar pessoas e IES na busca de soluções institucionais e de melhores parâmetros para o ensino superior.
No Semesp, temos uma equipe para “cuidar do projeto de redes”. Se as redes dão certo é porque os gestores das IES acreditam no projeto, temos gente compromissada com as redes. Elas são uma das prioridades para o Semesp, que investe sem reservas no projeto.
Sempre me pergunto: por que a pessoa ou a IES A ou B não acredita ou não está envolvida em alguma rede de cooperação? Respondo com alguns porquês: porque não entendeu a importância da cooperação ou ainda não percebeu o benefício da rede; porque quer respostas e resultados rápidos ou não participa de forma efetiva. Tenho uma dúvida: será que ainda tem gente que nega o valor das redes de cooperação? Espero que não.
*Fabio Reis é diretor de inovação e redes do Semesp, diretor de inovação acadêmica da Unicesumar, presidente do Consórcio Sthem Brasil, professor do Unisal e pós-doutorando em Políticas Públicas pela Universidade de Coimbra.
Por: Fábio Reis | 04/07/2022