Inovação

Colunista

Fábio Reis

Diretor de inovação e redes do Semesp e presidente do Sthem Brasil

Não espere o trem no ponto do ônibus

A música "Lá em baixo" (Sérgio Godinho) nos dá uma dica: lute. E ao lutar, “veja o mundo a andar para a frente”

crise - ponto de ônibus Se criticarmos o MEC pela burocracia, pelo centralismo, que possamos abolir essas características em nossas IES

Coimbra, Portugal – Ano de eleições é também um ano em que as incertezas se intensificam. No caso do Brasil, vivenciamos um tempo de crises, de desemprego, de inflação, de pandemia e de dificuldade de mapear com convicção, o que está por vir, em um cenário politicamente polarizado Soma-se a isso, a crise no ensino superior: queda nas matriculas de novos estudantes, financiamento precário, modelos acadêmicos inadequados para a atualidade, entre outros fatores.

Estou em Coimbra e um colega da universidade citou a música, “Lá em baixo”, de Sérgio Godinho, ao fazer uma análise dos erros e acertos dos gestores de IES. Um trecho da letra diz o seguinte: “toda a gente passou horas em que andou desencontrado como à espera do comboio, na paragem do autocarro”. Eis o perigo: tomar o rumo errado, por deixar de ver o mundo “andar para frente”.

Há gestores que buscam fatores externos para a crise que sua instituição vivencia e sim, vivenciamos um tempo de crises que independe da vontade e da atitude dos gestores, por outro lado, é justamente a atitude, a visão do ensino superior e a vontade de andar para frente, que podem conduzir a IES para o caminho correto.

Liderar é ter a atitude de estabelecer mudanças

Tenho uma convicção: a IES pode ser pequena ou grande, comunitária, confessional, privada, com ou sem fins lucrativos, o que faz a diferença é a atitude das lideranças, a missão e o projeto institucional. Quem enxerga e estuda as tendências do ensino superior, tem coragem para fazer mudanças e quer andar para frente, possui condições de construir um modelo de instituição dinâmico, flexível e inovadora. Se criticamos o MEC pela burocracia, pelo centralismo, que possamos abolir essas características de nossas IES.

Todavia, é preciso fazer uma ressalva, em relação à postura dos gestores: quem coloca o resultado financeiro e o ebitda como prioridades e age unicamente em função desses fatores, provavelmente, não está no caminho correto do ensino superior.

Já visitei IES, em mais de 20 países, e há uma característica comum, nos estilos de liderança dos gestores, que estão na lista das IES que me encantaram: são pessoas que dialogam, que valorizam as pessoas, que estão abertas para a mudança, que são empáticas, corajosas e éticas.

2022 será desafiador, mas a música de Godinho nos dá uma dica: lute. E ao lutar, “veja o mundo a andar para a frente”. Gestores, sugiro que dediquem tempo para estudar as dinâmicas do ensino superior, para conhecer as tendências, inclusive tecnológicas, para repensar modelos acadêmicos, para dialogar com as pessoas, para atuar em rede, pois as crises tendem a “engolir” os que se sentem confortáveis e os que agem como se fossem os “donos da verdade”. Vamos esperar o comboio na estação de trem, para evitar os desencontros.

Artigo originalmente publicado na página do autor

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Por: Fábio Reis | 14/01/2022


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