NOTÍCIA
Neste artigo, Lúcia Teixeira discorre sobre os desafios impostos pela pandemia e enaltece a educação, cultura e ciência
Publicado em 10/02/2021
Estar vivo é o maior dos milagres. Respirando, realizamos esse milagre, que começa quando nascemos. Voltei a fazer meditação todas as manhãs, logo ao acordar, sempre que possível. Não é preciso muito tempo, poucos minutos. A respiração consciente é alimento para o corpo e o espírito, uma forma de acalmar a mente, agradecer a vida e amar todos os seres. Assim como nós, o mundo e a Terra precisam respirar em paz.
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O planeta é constituído por milhões de espécies, e nós somos apenas uma entre milhões. Temos que contribuir para um melhor futuro para todos os seres.
Estamos todos tão conectados, tão presos às telas, às mídias, sem refletir sobre a polarização radical que geram.
Somos alimentados só com as ideias de que gostamos, ficando suspenso o debate saudável sobre as mudanças necessárias. A realidade é sempre múltipla, o conhecimento da diversidade é um caminho para a liberdade.
O mundo vive não só uma crise de saúde (que afeta a todos, uns menos, outros mais, principalmente os mais pobres), mas também uma crise de liderança.
Nesse contexto, a educação aparece como atividade essencial. Pode encorajar as pessoas a pensar por si mesmas e formar líderes que transformem a realidade. Ideias e sonhos precisam de ação, com recursos humanos, tecnológicos, inovação, disrupção.
A educação, a cultura, a ciência e a literatura promovem a reflexão para mudança cultural e de valores, com os humanos no centro do processo. Essas áreas têm sido um alento e avançado muito nesses tempos difíceis de pandemia, com gestos bonitos e solidários de pessoas e entidades.
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Pesquisas que realizei constatam que a imensa maioria das crianças e jovens possui consciência social, quer tornar o mundo melhor e salvar o planeta. Eles só precisam ser inspirados, incentivados a prosseguir.
Neste fevereiro, com o início das aulas no país, inicialmente nos colégios particulares, e na semana seguinte, no ensino público, vejo muita esperança e alegria. Segurança sanitária e cuidados redobrados com a preservação da saúde de estudantes, professores e funcionários são essenciais. De acordo com a fase de cada cidade, com horários escalonados, haverá ensino híbrido (parte presencial e parte remoto), com limitação dos grupos de convivência. Cursos superiores da área de saúde estão autorizados a retornar presencialmente. Escolas são insubstituíveis e professores e profissionais da educação devem ser considerados grupo prioritário na vacinação.
De acordo com pesquisa do Semesp, o diploma de graduação no Brasil gera aumento de 162% na renda média mensal, contribuindo para a empregabilidade, a inserção social e o desenvolvimento. Enquanto o Brasil investe R$ 90 mil para formar um estudante na escola básica, estima-se que o abandono escolar deste aluno gere prejuízo ao país de R$372 mil. Além da perda na redução das desigualdades, os reflexos em termos humanitários, emocionais, no aprendizado, na formação humana e na saúde pública, são maiores.
Que os esforços do país se voltem para a saúde e a educação de nosso povo. Vivemos a esperança de que essa pandemia e suas expressões terríveis cheguem ao fim neste ano, com a vacinação. Que continuemos a avançar, rumo ao grande destino do Brasil, com preservação dos recursos naturais e desenvolvimento sustentável, para proporcionar vida digna, trabalho e felicidade à população.
Escrever, em meio à realidade caótica que às vezes se apresenta, é dar forma a uma realidade que nos desafia. É reter o que está se passando para acreditar que estamos acordados e não sonhando (o que parece se misturar na rotina insólita), como também enxergar a generosidade existente, para a qual nada é impossível. Vislumbrar, assim, novos futuros, possíveis pela grandeza do humano e do Criador. E saber que, por isso, vai passar.
*Lúcia Teixeira é vice-presidente do Semesp e presidente da Universidade Santa Cecília – Unisanta.
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