Revista Ensino Superior | José Pacheco: Enem não avalia qualidade da escola, apenas a capacidade de memorização do aluno - Revista Ensino Superior
Personalizar preferências de consentimento

Utilizamos cookies para ajudar você a navegar com eficiência e executar certas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies sob cada categoria de consentimento abaixo.

Os cookies que são classificados com a marcação “Necessário” são armazenados em seu navegador, pois são essenciais para possibilitar o uso de funcionalidades básicas do site.... 

Sempre ativo

Os cookies necessários são cruciais para as funções básicas do site e o site não funcionará como pretendido sem eles. Esses cookies não armazenam nenhum dado pessoalmente identificável.

Bem, cookies para exibir.

Cookies funcionais ajudam a executar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.

Bem, cookies para exibir.

Cookies analíticos são usados para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas o número de visitantes, taxa de rejeição, fonte de tráfego, etc.

Bem, cookies para exibir.

Os cookies de desempenho são usados para entender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência do usuário para os visitantes.

Bem, cookies para exibir.

Os cookies de anúncios são usados para entregar aos visitantes anúncios personalizados com base nas páginas que visitaram antes e analisar a eficácia da campanha publicitária.

Bem, cookies para exibir.

NOTÍCIA

Ensino Médio

José Pacheco: Enem não avalia qualidade da escola, apenas a capacidade de memorização do aluno

Vestibulares, provinhas e Enem evidenciam que as notas estão diretamente relacionadas ao nível socioeconômico dos estudantes

Publicado em 30/01/2015

por José Pacheco

Com a devida vênia, cito notícia de jornal: a escola que se autointitula a primeira no Enem é, ao mesmo tempo, a escola 1 e a escola 569 no ranking que a imprensa faz com os resultados da prova. E faz cinco anos que a escola usa do mesmo expediente e ninguém toma nenhuma providência. A notícia merecerá uma leitura integral, mas deixá-la-ei para quem estiver atento a pormenores. O jornalista é pessoa avisada, desmonta com argumentos válidos o mito das “melhores escolas” e a crença nas virtudes de rankings geradores de tsunamis de matrículas nas “melhores escolas”. Refere o jornalista que indicadores pouco fiáveis foram jogados ao país sem maiores explicações e apoderados pelas escolas e pelos sistemas de ensino. E acrescenta: a escola verdadeira, aquela que faz a captação dos alunos que mais gabaritam em simulados, não aprovaria ninguém (se considerarmos que todos tivessem a média divulgada para a escola) em nenhum curso muito ou mediamente concorrido.

É raro assistir à denúncia de concorrência desleal e à manipulação de dados. E surpreende o fato de esta notícia não ter sido difundida como mereceria pela comunicação social especializada, nem ter sido objeto de atenção e debate em sites educacionais. A notícia é uma pedrada no charco, pelo que saúdo o rigor jornalístico e a saudável ousadia do autor. Por efeito de crenças sedimentadas e recurso a propaganda enganosa, se vai vedando aos pais o direito de saber que uma prova como o Enem quase nada avalia, a não ser a capacidade de acumulação cognitiva, de memória de curto prazo. Na ânsia de aprovação num vestibular, os jovens atulham as suas cabeças de informação, que não chega a ser conhecimento, que se esvai ao cabo de algum tempo. Se assim não for, que se aplique a mesma prova do Enem aos mesmos alunos, decorridos alguns meses…

Muitos pais creem que, se os seus filhos logram obter boa nota no Enem, mutatis mutandis, eles “aprenderam a matéria”. Mas aqueles professores universitários, que estudaram docimologia, sabem que um exame é um instrumento de avaliação falível. Se sabem, o que os impede de esclarecer as famílias, de afirmar que os vestibulandos pouco, ou mesmo nada, aprendem? A sociedade crê que as “melhores escolas” são aquelas que mais tempo investem em simulados, confundindo conhecimento com “decoreba”. Saberá que cerca de 8% dos jovens aprovados em vestibulares são analfabetos funcionais? O Enem apenas evidencia que as notas obtidas estão diretamente relacionadas ao nível socioeconômico dos estudantes. Vestibulares, provinhas e Enem são meros exercícios de darwinismo social e de legitimação das desigualdades produzidas por um modelo de escola, no qual, por efeito de crenças de que padecem ministros e secretários de Educação, prosperam os cursinhos da sinistra indústria em que a educação brasileira se transformou.

Crenças enraizadas no subconsciente comprometem e adiam a mudança necessária, num país de excelentes pedagogos, conscientes de que bastaria cumprir a LDB, que o Florestan, o Darcy nos legaram, para termos uma boa educação. Sabem que, quando Paulo Freire se libertar do sequestro a que o sujeitaram nos arquivos de teses das universidades e for fazer companhia aos seus companheiros de chão de escola, os brasileiros terão acesso à educação que merecem. Mas, se o sabem, por que não fazem eco da notícia?

 

José Pacheco
Educador e escritor, ex-diretor da Escola da Ponte, em Vila das Aves (Portugal). josepacheco@editorasegmento.com.br

Autor

José Pacheco


Leia Ensino Médio

Hackademia_2x

Para analistas, sistema privado deverá liderar inovações na...

+ Mais Informações
caras

O que os professores pensam sobre a reforma no ensino médio

+ Mais Informações
shutterstock_336070457

Filosofia e sociologia são símbolo da disputa pelo currículo no ensino...

+ Mais Informações
Modelo paulista facilita passagem de alunos do ensino técnico ao superior

Modelo paulista facilita passagem de alunos do ensino técnico ao superior

+ Mais Informações

Mapa do Site

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.