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Redução das cotas sociais, interiorização do ensino superior, EAD para as crianças. As propostas dos presidenciáveis para a educação

A pedido do Iede, especialistas como Simon Schwartzman, Paula Louzano e Daniel dos Santos fazem uma análise crítica dos planos de Haddad e Bolsonaro

Publicado em 25/10/2018

por Redação Ensino Superior

Bolsonaro afirma se inspirar na educação de países como o Japão, mas propõe o oposto. A educação a distância desde o ensino fundamental – uma de suas bandeiras – não é adotada como política educacional por nenhum dos melhores sistemas educacionais. No Japão, aliás, os alunos permanecem na escola cerca de 7 horas por dia.

“Privar crianças e adolescentes de escolas presenciais é privá-las dessas formas de desenvolvimento obtidas pela convivência com colegas e com a equipe escolar”, apontam as pesquisadoras Gabriela Moriconi, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, e Paula Louzano diretora da Faculdade de Educação da Universidad Diego Portales, no Chile.

Já a proposta de Fernando Haddad de estender aos alunos do ensino médio o programa Bolsa Permanência é questionada por Fernando de Lollo e Daniel dos Santos. Ambos do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP de Ribeirão Preto.

Na visão dos pesquisadores, o programa poderia reduzir a evasão, desde que sua causa seja a necessidade de trabalho. Porém, se o abandono estiver relacionado ao fato de que os jovens “conscientemente percebem que os ganhos da permanência são pequenos devido à baixa qualidade da educação disponível”, o artefato será um desperdício de recursos, alertam.

As propostas dos presidenciáveis para a educação: pesquisadores analisam planos como a redução das cotas e a revogação da reforma do ensino médio

As propostas dos presidenciáveis para a educação: pesquisadores analisam planos como a redução das cotas e a revogação da reforma do ensino médio

Estas e outras análises foram feitas a pedido do Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), que também mobiliou seu comitê técnico para avaliar as propostas educacionais dos candidatos à Presidência da República. O material completo pode ser lido aqui.

Planos e discursos

Além dos documentos oficiais, os especialistas também partiram de informações divulgadas pelos presidenciáveis em eventos públicos e entrevistas. Do candidato Bolsonaro, foram avaliadas propostas sobre educação a distância, cotas raciais, retorno das disciplinas de Educação Moral e Cívica (EMC) e Organização Social e Política Brasileira (OSPB) ao currículo, Escola sem Partido e criação e Universidades Empreendedoras.

De Fernando Haddad, os pesquisadores se centraram nos temas da: educação integral, Bolsa Permanência para alunos do ensino médio, revogação da reforma do ensino médio, implementação da Prova Nacional para Ingresso na Carreira Docente, expansão e interiorização do ensino superior.

A redução das cotas nas universidades, defendida por Bolsonaro em julho deste ano no programa Roda Vida (TV Cultura), foi tema do artigo assinado por Tatiane Rodrigues, professora da UFSCar e coordenadora do Núcleo de Estudos AfroBrasileiros na mesma instituição, e Ivanilda Cardoso, doutoranda em Educação  da UFSCar.

Depois de fazer uma ampla análise sobre o processo de implementação das cotas raciais no Brasil, as pesquisadoras afirmam que as ações afirmativas são importantes para combater a histórica desigualdade racial do país — e, para isso, mostram dados.

A Pnad Contínua de 2017 mostra que a taxa de analfabetismo entre a população preta ou parda é de 9,3%, enquanto entre a população branca é de 4%. A diferença de acesso ao ensino superior também é muito grande: somente 9,3% da população preta ou parda concluiu um curso de graduação, contra 22,9% da população branca.

Expansão e interiorização

Já Haddad acerta ao propor mais investimentos em ciência e tecnologia, diz Raquel Guimarães, professora e pesquisadora na Universidade Federal do Paraná  e membro da Comissão Assessora de Especialistas para Avaliação de Políticas Educacionais do Inep.

O orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação caiu 19% em relação a 2017, enquanto o da Capes, “responsável por grande parte da pesquisa científica produzida no país”, teve uma diminuição de 20%, aponta.

A proposta de expandir e interiorizar as universidades e os institutos federais também é considerada pertinente pela pesquisadora.

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Autor

Redação Ensino Superior


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