NOTÍCIA
Para um processo de internacionalização de sucesso, um pilar de extrema importância é seu corpo docente
Publicado em 25/10/2021
Para um processo de internacionalização de sucesso, um pilar de extrema importância é seu corpo docente. Principalmente porque, quando os projetos não contemplam o preparo e o desenvolvimento contínuo dos docentes, normalmente essas iniciativas não são aprofundadas e aplicadas em todo o seu potencial. E isso se deve muito em função de os educadores possuírem um papel fundamental na definição dos conteúdos programáticos das disciplinas e modelação dos currículos dos cursos.
Nessa modalidade de ensino é esperado que os docentes idealizem, promovam e realizem intercâmbios culturais, colaborando com pesquisas acadêmicas de outros profissionais (do Brasil e do exterior); recebam os estudantes de intercâmbio em suas salas de aula; ministrem suas disciplinas em outro idioma; publiquem artigos em revistas científicas internacionais, dentre outras atividades que são consideradas relevantes para um projeto de internacionalização de sucesso.
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Então, é claro e compreensível que se não estiverem orientados às possibilidades que a internacionalização pode abrir aos seus colegas e alunos, eles não estarão aptos a implementar a mais completa experiência que formará os cidadãos globais que esperamos e que diferenciará a universidade no mercado e até mesmo nos rankings que apontam as opções mais conceituadas para os estudos.
Esse é um movimento um tanto quanto recente no país e é natural que as instituições precisem considerar nos seus planos, como é que elas trabalharão para medir a aptidão do seu corpo docente atual e como é que eles serão desenvolvidos para se integrar ao projeto internacional. E, nesse sentido, uma pergunta feita de forma frequente é por onde começar.
De acordo com a pesquisa “The State of the Relationship – Mapping UK Higher Education Engagement with Brazil/Universities UK International” realizada entre outubro de 2018 e janeiro de 2019, não há nenhum tipo de padrão em como a internacionalização se apresenta nas diferentes áreas do conhecimento. Quando questionadas se sua instituição participou de algum projeto de pesquisa no Brasil financiado com recursos locais e em quais áreas de pesquisa, mais de 30% das entrevistadas apontaram que biotecnologia e ciências biológicas despontam nesse quesito, seguido por artes e humanidades e engenharia e física (ambas com 30%); medicina (com pouco mais de 20%); economia e ciências sociais (com pouco menos de 20%); ciência e tecnologia (15%); e indústria criativa e cultural (com pouco mais de 10%). Outras áreas juntas somam 30%.
Além disso, segundo o livro Do Inglês sem Fronteiras ao Idiomas sem Fronteiras, de 2016, 77% dos brasileiros dominam os níveis básico em inglês (representados pela classificação A1, A2 e B1 do Quadro Comum Europeu de Referência para Línguas – CEFR); 20% encontra-se na proficiência intermediária (ou B2) e apenas 3% alcança os patamares avançados (C1+).
Esses dados formam um importante panorama que reafirmam a importância do preparo docente
Atualmente as instituições ainda enfrentam uma realidade heterogênea. É possível, por meio desses dados, perceber, por exemplo, que a primeira grande barreira é a diferença entre o nível de conhecimento da língua por parte de alunos que, possivelmente, estarão em uma mesma sala de aula e que serão direcionados por um mesmo professor. E, claro, isso eleva a complexidade do seu desenvolvimento para usar a língua inglesa de uma maneira que não segregue sua turma.
E isso também faz com que cada instituição de ensino superior invista em ações e iniciativas curriculares que considera válidas para a sua realidade e, por isso, estratégias de internacionalização não seguem um modelo único. Veja: de acordo com a pesquisa internacional citada acima, das colaborações entre IES do Reino Unido e do Brasil, 80% se deram na realização de pesquisas; 62% delas estavam relacionadas à atração de estudantes e 60% à criação de parcerias com as universidades locais. Entretanto, para qualquer que seja o formato, o preparo dos docentes é um fator principal para o sucesso do projeto.
Porém, mesmo que não haja uma única resposta válida para a nossa reflexão e para que seja possível dar os primeiros passos no desenvolvimento dos professores, hoje queremos trazer aqui um case internacional que pode inspirar muitas universidades que se veem em situação parecida aqui no Brasil.
A universidade italiana, a University of Modena and Reggio Emilia, criou uma capacitação para educadores como forma de garantir que todo seu corpo docente esteja devidamente capacitado.
O curso, que possui três módulos, é dividido da seguinte maneira:
Lecturing in English I
O primeiro módulo do curso é em torno de como as escolhas de linguagem e retórica têm impacto no processo de ensino. Então, fala sobre abordagens metodológicas e vai ajudar o professor sobre como atender às necessidades dos alunos e priorizar o que é mais ou menos relevante. Enfim, oferecendo insights não somente sobre o idioma, mas muito mais voltado para técnicas de ensino em outros idiomas que não sejam sua língua materna.
Lecturing in English II
Nessa segunda etapa, o curso foca em professores que passaram pela primeira etapa e querem se aprimorar e melhorar as habilidades no idioma e as habilidades pedagógicas. Esse módulo gira ao redor de requisitos específicos à medida que o professor começa a lecionar em outros idiomas.
Lecturing in English III
O último módulo foca muito mais em aprimorar o inglês em si e na assertividade do idioma. Então, aqui, as aulas abordam a língua e sua proficiência e não necessariamente técnicas didáticas.
Ao oferecer esses três módulos do curso, a universidade italiana teve um grande retorno positivo, já que as aulas auxiliaram os professores a olhar para o “ensinar em inglês” com uma nova perspectiva que os ajuda a melhorar suas habilidades ao mesmo tempo em que os capacita enquanto agente principal na internacionalização. Tudo isso, claro, passando por etapas que medem por meio de certificações internacionais não apenas seu conhecimento linguístico como também sua evolução metodológica.
Para conferir o case da universidade italiana na íntegra, clique aqui e encontre todos os detalhes na página 22.