Utilizamos cookies para ajudar você a navegar com eficiência e executar certas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies sob cada categoria de consentimento abaixo.
Os cookies que são classificados com a marcação “Necessário” são armazenados em seu navegador, pois são essenciais para possibilitar o uso de funcionalidades básicas do site....
Os cookies necessários são cruciais para as funções básicas do site e o site não funcionará como pretendido sem eles. Esses cookies não armazenam nenhum dado pessoalmente identificável.
Cookies funcionais ajudam a executar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.
Cookies analíticos são usados para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas o número de visitantes, taxa de rejeição, fonte de tráfego, etc.
Os cookies de desempenho são usados para entender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência do usuário para os visitantes.
Os cookies de anúncios são usados para entregar aos visitantes anúncios personalizados com base nas páginas que visitaram antes e analisar a eficácia da campanha publicitária.
NOTÍCIA
O modelo de formação que ainda predomina é a negação do que se pretende transmitir
Publicado em 10/09/2011
“Que lhes valeu todo o curso que fizeram durante longos anos? Em vão leram livros copiosos, beberam a caudalosa erudição dos catedráticos imponentes, como oradores parlamentares, fizeram provas escritas de inúmeras laudas, com letra miúda. Palavras, palavras, palavras que o vento levou (…) Pobres alunas, que não tiveram quem as orientasse a tempo! Depois de tanto trabalho, terão de fazer por si mesmas, e com enorme esforço, aguilhoadas pela pressa de quem já está no quadro do magistério, toda a cultura técnica que ninguém pensou ou lhes pode fornecer no momento devido.”
Quem assim nos falava era a Cecília Meireles. Em 1930! Decorridos 77 anos, o que mudou?
Se a competência dos professores fosse medida pelo número de cursos frequentados, a qualificação dos professores seria extraordinária. Se a qualidade das escolas pudesse ser medida pelo peso de diplomas e certificados, já teria acontecido uma revolução em cada escola.
Os professores acumulam “capacitações”, sem que isso corresponda a mudança, ou responda aos desafios que encaram na sala de aula. Se acreditarmos numa pesquisa recente (Naércio Filho, 2007), os professores que fizeram muitos cursos não melhoraram o aprendizado dos seus alunos. A pesquisa diz-nos que “quando se trata do ensino público e dos cursos de capacitação oferecidos aos professores dessas redes, a constatação é que eles não estão fazendo diferença no desempenho dos alunos, apesar de serem divulgados como uma das iniciativas para melhorar o ensino (…) o professor vai, fica ouvindo sobre várias linhas pedagógicas e no fim não aprende nada que consiga usar”.
O modelo de formação que ainda predomina é a negação do que se pretende transmitir. Se os formadores ensinam métodos activos a professores inactivos, o que fica? O professor aprende a teoria “transmitida”, ou a prática “praticada”? Os formadores parecem adoptar a máxima que diz “olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço”, ignorando que acontece formação quando o professor estabelece um diálogo entre o eu que age e o eu que se interroga, num processo social em que transforma o conhecimento que tem da realidade.Esta preocupante realidade brasileira não difere de outras realidades. Em Portugal, após o incremento da formação continuada de professores e do investimento de milhões de euros, os resultados foram decepcionantes – quase nada se alterou na atitude dos professores e pouco terá mudado nas suas práticas.
Cada professor estabelece as suas relações com o saber imerso em práticas que reflectem uma determinada racionalidade. A formação encontra-se intimamente ligada às condições do exercício da profissão e com elas pode interagir como factor de mudança. Porém, ainda há quem acredite na transferibilidade linear de saberes pretensamente adquiridos. Talvez porque se tenha esquecido que o modo como o professor aprende é o modo como o professor ensina…
Poderemos concluir que já tudo foi discutido sobre formação? Ou deveremos seguir a máxima de Pascal, que nos avisa que, por detrás de cada verdade, é preciso aceitar que existe uma qualquer outra verdade que se lhe opõe? Opto pelo Pascal e questiono: a formação acontece quando é “centrada na escola”, ou quando o professor está sentado na escola?