A partir da observação de uma brincadeira dos alunos no intervalo, professora cria projeto para trabalhar conceitos matemáticos com aviões de papel
Publicado em 28/06/2012
Em uma sala de 1° ano do ensino fundamental do Colégio Vera Cruz, em São Paulo, uma das brincadeiras favoritas das crianças durante o intervalo era se juntar em torno de papeis sulfite, dobrá-los em formato de avião e arriscar manobras pela escola, como fazê-los planar perto de um toldo ou voar por cima de uma jabuticabeira. Confeccionar aviões de papel não é nenhuma novidade entre as crianças; provavelmente, a cena descrita se repete em diferentes escolas, mas o olhar atento da professora Silvia Mendonça possibilitou que uma simples brincadeira se transformasse em aprendizagem.
Os alunos tentam fazer com que seus aviões atravessem a quadra |
Devido ao envolvimento dos alunos com a atividade no tempo livre, a professora decidiu levar a brincadeira para a sala de aula e instigá-los a testar novas possibilidades com os aviões. A partir da reflexão sobre aerodinâmica e arremesso, ela introduziu alguns conceitos de geometria que estavam implícitos na fala das crianças, como o estudo da simetria e dos ângulos. “Tivemos o cuidado de adequar o conteúdo à faixa etária deles”, explica.
Estudando a simetria no corpo humano |
Em um segundo momento, os alunos foram desafiados a fazer seus aviões de papel atravessar a quadra esportiva da escola e sobrevoar uma cerca. Para isso, eles precisavam decidir qual modelo de avião era o mais adequado, o tipo de arremesso a ser realizado e qual a trajetória esperada.
Apesar de nenhum aluno ter conseguido fazer seu avião voar a distância e altura necessárias, Silvia afirma que o fracasso do voo foi determinante para o sucesso do projeto, pois os alunos tiveram que justificar o que não deu certo e criar novas hipóteses para serem colocadas em prática em um novo desafio.
As descobertas da turma foram registradas em um livro |
“A escuta para as demandas que os alunos trazem é um instrumento poderoso que pode potencializar a aprendizagem. O projeto me motivou ainda mais para investir na minha formação”, diz.