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Incentivo à leitura

É a receita apontada há muito tempo por pedagogos para melhorar a alfabetização; meta está prevista em programa lançado pelo governo federal para tentar mudar a perpetuação do analfabetismo no Brasil

Publicado em 06/11/2012

por Luciana Alvarez

Numa tentativa de evitar que o triste cenário de crianças analfabetas dentro das escolas se perpetue, o Ministério da Educação lançou em outubro o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, ao qual aderiram 5.100 municípios em todos os estados – o Brasil tem no total 5.564 cidades. A meta é que toda criança seja alfabetizada até os 8 anos de idade, ou seja, ao final do terceiro ano do fundamental. Hoje, segundo o MEC, em alguns estados mais de 40% das crianças que ingressam no 6º ano ainda são analfabetas.


Um dos eixos do programa é oferecer bolsas para formação e aperfeiçoamento de professores alfabetizadores em cursos desenvolvidos em parceria com as universidades públicas. O MEC também vai distribuir um material didático específico para dar suportes às aulas. Outra promessa do governo federal para 2013 é formar uma “minibiblioteca”, com cerca de 25 livros, em todas as classes de alfabetização como forma de estimular o hábito da leitura desde cedo. Ao todo, serão dez milhões de livros para 400 mil classes de alfabetização.
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O incentivo à leitura por prazer é uma das receitas apontadas há muito tempo por pedagogos para melhorar a alfabetização, algo que o país não deveria ter esperado tanto tempo para promover.  “Para a criança aprender, às vezes basta mostrar que a escola tem relação com a vida. Dar desafios, promover o prazer, mostrar situações para que percebam que a escola dialoga com o mundo delas”, afirma Silvia Gasparian Colello.


Também é um trabalho da escola, defende Silvia, mostrar exemplos de como estudar pode ser o caminho para alguém de sucesso, pois, de forma geral, a sociedade brasileira não valoriza o conhecimento. “Mais de 90% dos meninos querem ser jogadores de futebol, 90% das meninas querem ser modelo. Ou seja, a escola e o próprio conhecimento estão desvalorizados. O “nerd”, aquele que lê, que gosta de aprender, é visto de forma preconceituosa”, diz.


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Como o novo Pacto não contempla quem já passou da idade certa de se alfabetizar, mas ainda frequenta a escola, resta muito trabalho para professores e coordenadores das etapas posteriores para tentar recuperar o tempo perdido. Mesmo trabalhando com condições longe do ideal, o importante é que não abandonem nem desistam desses estudantes.


Uma recomendação prática de Silvia é incentivar mais a participação de todos os alunos. “As salas não precisam ser tão centralizadas na ação do professor, com carteiras enfileiradas para a lousa. Se um professor dividir a classe em grupos, atribuir papéis e tarefas aos alunos, consegue criar situações propícias para ajudar aqueles que ficaram para trás”, afirma.


Para os analfabetos que já saíram da escola ou nunca a frequentaram, contudo, os desafios são maiores. Segundo dados do Ministério da Educação, grande parte do atual contingente de analfabetos são pessoas com mais de 50 anos, que moram na zonal rural, sobretudo no Nordeste. Para estes é ainda mais difícil a reaproximação com a escola.

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Luciana Alvarez


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