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Para mudar o perfil docente na aplicação de tecnologias integradas a um novo modelo de ensino é preciso avançar na prática por Maura Cobra O modelo clássico de sala de aula – aula expositiva presencial e lição de casa solitária – não faz mais sentido […]

Publicado em 01/12/2014

por Redação Ensino Superior

Para mudar o perfil docente na aplicação de tecnologias integradas a um novo modelo de ensino é preciso avançar na prática

por Maura Cobra

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O modelo clássico de sala de aula – aula expositiva presencial e lição de casa solitária – não faz mais sentido no mundo das novas tecnologias digitais. No atual cenário educativo da era digital, onde o conhecimento e a prática docente não são mais apenas atribuições específicas das instituições tradicionais de ensino, o professor deve ampliar e não reduzir sua ação de agente da memória educativa, visto que neste universo é papel do professor recuperar a origem e a memória do saber, além de estabelecer a ordenação e direcionamento das práticas; dos conhecimentos; das vivências e posicionamentos apreendidos nos mais variados ambientes e recursos tecnológicos – dos livros aos computadores, redes e ambientes virtuais.

Uma pesquisa realizada no campus, localizado no município de Campos dos Goytacazes (RJ), de uma instituição de ensino superior presente em diferentes localidades do país, em que se analisou o perfil dos docentes quanto ao uso das tecnologias adotadas no novo modelo de ensino da instituição, identificou as possíveis dificuldades na adesão às ferramentas pelos professores. O estudo permitiu evidenciar que mesmo com uma proposta institucional agregadora de valores ao processo de ensino e aprendizagem, inserindo na modalidade de ensino presencial o uso dos recursos tecnológicos na construção e incremento de novas formas de transmitir conhecimento, fica evidente a necessidade de a instituição avançar nas ações e planejamento de programas de capacitação que poderão auxiliar, inclusive, na plena implantação dessa nova proposta. É preciso refletir também sobre a inclusão digital de docentes e discentes uma vez que a maioria das ferramentas e recursos implantados na instituição é para o uso de todos.

Cabe ressaltar que, diferentemente dos alunos que chegam às salas universitárias familiarizados com o universo tecnológico por serem nascidos num mundo conectado, os docentes, por sua vez, em sua maioria, não tiveram sua vida acadêmica ambientada no meio digital, portanto necessitam de treinamento para que possam se adequar às novas propostas, um tempo mínimo para experimentá-las em sua prática de trabalho e só então, aderir a elas. Sugere-se então atenção aos programas de treinamento, destacando os docentes recém-admitidos e os que já possuem longo tempo na instituição.

Na opinião de Lévy (2003), a sociedade dos dias de hoje é bombardeada por uma enxurrada de informações. Essas informações chegam muito rapidamente. Cabe a essa sociedade absorvê-las com a mesma proporção. Oferecer treinamentos de atualização em ferramentas de escritório pode ser um meio prático de melhora da adesão.

No caso da pesquisa realizada na instituição de ensino superior de Campos dos Goytacazes, até mesmo um recurso relativamente “velho” no quesito inovações tecnológicas, a planilha eletrônica, foi identificado como a ferramenta de menor habilidade entre os docentes. Como no caso da instituição em estudo, sugere-se incluir treinamento e cursos para a qualificação dos docentes e habilitação ao uso de novos recursos, incluindo todos os níveis de preparação, para que docentes com diferentes habilidades possam capacitar-se e nivelar-se de acordo com o seu perfil e necessidade.

Verifica-se ainda que, apesar de diferentes estágios de contato com a tecnologia, os professores indicam interesse em fazer uso dos recursos tecnológicos. Nesse sentido, é preciso estar constantemente revisando e atualizando os conteúdos dos programas de capacitação, incluindo novos recursos.

Para além dos encontros presenciais, o treinamento para habilitação de professores no uso de ferramentas tecnológicas pode ser realizado na modalidade de ensino a distância, desde que seja garantida a presença de um tutor para acompanhar o curso. Para isso todo o conteúdo deve ser padronizado no sistema, a fim de o docente navegar facilmente pela plataforma. O uso de biblioteca virtual também pode ser mais explorado entre os docentes, constituindo-se, consequentemente, num facilitador também para o discente na consulta de bibliografias virtuais disponíveis.

Uma outra reflexão acerca do uso das TICs adotadas nesse novo modelo de instituição de ensino superior em curso, que não deve ser deixada de fora, recai sobre o fato de os docentes ainda estarem em processo de reconhecimento e experimento dessas tecnologias. Assim, parece que mesmo utilizando os recursos tecnológicos no âmbito pessoal, os professores ainda não desfrutam plenamente das facilidades que tais recursos possuem no sentido de favorecer suas práticas docentes. Sendo assim, treinamentos continuados, de curta duração e objetivos quanto a sua metodologia e execução, poderão auxiliar nessa adesão. (Colaboraram Eduardo Shimoda e Auner Pereira Carneiro)

Maura Nogueira Cobra é coordenadora de pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação no ensino superior na Universidade Estácio de Sá

Autor

Redação Ensino Superior


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