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Opinião

O que aprendemos sobre a aprendizagem nos últimos 100 anos

Entre outros pontos, sabemos que ela caracteriza-se ser um processo, uma conquista e, simultaneamente, um resultado que precisa de estímulos

Publicado em 14/07/2017

por Oscar Jerez Yañez

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Em pouco mais de 100 anos, consultamos a uma ampla variedade de fontes, tendências, perspectivas, contextos e doutrinas para tentar responder o que é a aprendizagem e como ela acontece.

Essa trajetória começa com Pavlov e Dewey no início do século 20; passa por Bloom e sua equipe nos anos 50; percorre as visões construtivistas de Vygotski, Piaget, Ausubel, Bruner, Skinner, Cagne e Merril, bem como a perspectiva latino-americana de Freire, Perkins e Marzano nos anos 80 e 90; até aportar na última década, onde temos as contribuições da neurociência e de tantas outras fontes que tem nos proporcionado um quadro rico para entendermos esse complexo processo chamado aprendizagem.

Defini-lo, no entanto, não é fácil, ainda mais no contexto do ensino superior, que nas últimas décadas se vinculou ao desenvolvimento de competências.

É por isso que eu ofereço ao leitor uma síntese de características ou atributos essenciais apontados nos últimos 100 anos para que o leitor elabore a sua própria definição de aprendizagem. Neste contexto, pode-se argumentar que a aprendizagem no ensino superior é caracterizada por:

  • ser um processo, uma conquista e, simultaneamente, um resultado que precisa ser estimulado intencionalmente em todas as suas perspectivas e dimensões;
  • articular-se de forma significativa com outros conhecimentos em contextos específicos, como são as doutrinas e as profissões;
  • propiciar a conquista de habilidades relacionadas com o “aprender a aprender” de maneira autônoma;
  • desenvolver estruturas de pensamento e de atuação pertinentes e significativas para a profissão, as doutrinas e a sociedade;
  • desenvolver capacidades de acordo com certas condições pessoais internas e externas;
  • resolver problemas e desafios importantes nas esferas social, profissional e pessoal;
  • ser uma experiência social de construção com e para os outros.
  • mobilizar recursos de diferentes tipos e natureza para enfrentar os desafios do mundo de hoje e de amanhã;
  • desenvolver habilidades superiores de pensamento (criação, avaliação, análise, etc), próprias para um determinado contexto ou situação pessoal, profissional e/ou social;
  • habilitar os egressos a tomar decisões adequadas e eticamente responsáveis;
  • colaborar ativamente com os outros como um processo de crescimento e desenvolvimento conjunto;
  • exigir estímulos e ambientes positivos e desafiadores;
  • retroalimentar o processo para atingir as metas propostas;
  • um processo de assimilação e acomodação de estruturas mentais complexas;
  • incentivar a curiosidade e indagação como uma atitude permanente;
  • habilitar o exercício da profissão ou ciência a partir das evidências disponíveis;
  • favorecer processos de descobertas autônomas ou guiadas pela necessidade de aprender;
  • promover, acima de tudo, uma experiência única de aprendizagem que não dependa apenas da leitura.
  • ser um elo entre a aprendizagem prévia e novos conhecimentos;
  • ser um processo mental e/ou psicomotor que deve ser usado para não ser descartado pelo cérebro;
  • adapta-se neurologicamente aos desafios apresentados;
  • provocar nos alunos um nível de estresse controlado e positivo frente a desafios relevante e significativos;
  • ser um processo que demande emoção e motivação para que ocorra de forma eficaz nos alunos.

 

Oscar Jerez Yañez é diretor do Centro de Ensino e Aprendizagem da Universidade do Chile, além de consultor de governos, universidades e organizações da América Latina e do Caribe.

Autor

Oscar Jerez Yañez


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