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Sete razões que explicam o sucesso da Finlândia na educação

Professoras descrevem as características mais marcantes do sistema educacional do país nórdico

Publicado em 12/07/2018

por Redação Ensino Superior

Professores escrevem sobre as boas práticas do ensino finlandês

Professores brasileiros na Universidade de Ciências Aplicadas de Tampere, na Finlândia

Por Natália Tomich Paiva Miranda, gerente de Inovação e professora da FACIG, e Verônica Paludo Bressan, gerente acadêmica e professora da IMED

No último mês de junho , estivemos juntas com outros 15 professores brasileiros participando do programa “21st Century Educators from Finland – VET Teachers for the Future” na Tampere University of Applied Sciences (TAMK), na Finlândia. A formação partiu de uma iniciativa do Consórcio STHEM Brasil, que reúne 50 IES brasileiras com a missão de promover a inovação acadêmica por meio de uma rede de cooperação para formar professores e gestores capazes de lidar com os desafios da sociedade.

Desde que voltamos, as pessoas não param de nos perguntar: o que eles têm de diferente para serem os primeiros do mundo em educação?

A resposta é um tanto simples, mas ao mesmo tempo de uma profundidade tão grande que faz nosso interlocutor respirar fundo… Ficou curioso? Já vamos explicar!

Uma das bases do seu sistema de ensino é a confiança! Sim amigos, confiança, um consenso cultural finlandês típico e que significa: crença de que algo não falhará, de que é bem-feito ou forte o suficiente para cumprir sua função.

Há uma grande confiança no sistema educacional e os professores são extremamente valorizados e respeitados. Aliás, a confiança ultrapassa os limites da educação. Por mais de uma vez entramos nos trens da cidade sem alguém passar para conferir nossos bilhetes. Podíamos entrar ou sair de lojas sem que houvesse alarmes nas portas e, na universidade, também não haviam catracas para registrar a entrada ou saída de alunos. Em uma sociedade assim, respeitar as regras é simplesmente uma questão de escolha.

A base de sucesso do sistema finlandês é a confiança, afirmam professoras

Mas, voltando ao sistema educacional, o que mais podemos aprender com eles? Resolvemos listar as 7 características da educação finlandesa que mais nos chamaram a atenção e que nos permitem entender como alcançaram um patamar tão alto no que se refere à qualidade.

  1. Igualdade e equidade

A educação é gratuita e de excelente qualidade em todos os níveis, desde pré-primária ao ensino superior. Todos os alunos têm direito à educação. Eles afirmam que a melhor escola deve ser a mais próxima!

  1. Menos é mais

Os alunos finlandeses têm menos trabalhos de casa, menos aulas, menos stress, muitos intervalos durante as aulas e longas férias (13 semanas por ano) embora os seus resultados de aprendizagem estejam entre os melhores do mundo.

  1. Foco no bem-estar

A educação é baseada no desenvolvimento do estudante, onde o potencial de cada indivíduo deve ser maximizado. Os alunos devem experimentar o sucesso e a alegria de aprender. A pedagogia é centrada no aluno e estes são incentivados a trabalhar juntos e aprender fazendo.

  1. Autonomia no processo avaliativo

A avaliação faz parte do trabalho escolar diário, nesse sentido, além de avaliações tradicionais, a avaliação contínua e a auto avaliação são fortemente incentivadas. Os alunos aprendem, desde novos, a serem críticos e responsáveis pelo seu processo de aprendizagem.

Não existem testes nacionais padronizados! A avaliação é responsabilidade do professor, que pode decidir os métodos que irá utilizar, os quais sempre estão relacionados aos objetivos de aprendizagem daquela disciplina ou conteúdo.

  1. Colaboração no lugar de competição

A competição não tem grande papel no sistema educacional finlandês. Em vez disso, os alunos são incentivados a trabalhar juntos e ajudar uns aos outros. Mais do que isso! Existe uma cultura e grande incentivo à cooperação entre equipes de professores, corpo discente e até mesmo entre escolas, universidades, bibliotecas, museus, jornais, empresas…

Visitamos os laboratórios de saúde usados, de forma compartilhada, por duas universidades e um hospital. Todos se beneficiam da infraestrutura, equipe e recursos disponibilizados. Mais uma lição: educar pessoas é um processo colaborativo, compartilhar ideias aumenta a qualidade da educação.

  1. Desenvolvimento contínuo, baseado em ciência e experimentos

O desenvolvimento contínuo é baseado em evidências, coletadas por meio de investigação científica sobre aprendizagem e educação e experiências realizadas por funcionários e professores. Os resultados das estratégias adotadas são avaliados permanentemente, medidos e analisados à luz da teoria, depois qualificados e aplicados novamente.

  1. Corpo docente altamente qualificado

Ok, até aqui estamos falando sobre um sistema que dá muita autonomia para os professores, com poucos recursos de controle e sem testes padronizados. Mas como isso é possível? Como garantir os resultados esperados? A resposta está em um sistema que valoriza, incentiva e cobra a qualificação permanente dos professores.

Os professores são reconhecidos como chave para a qualidade na educação. Ensinar em qualquer nível educacional exige grau universitário e mestrado. Educação de qualidade é assunto sério na Finlândia.

O ensino é uma escolha de carreira atraente na Finlândia: apenas 5-10% de todos os candidatos chegam ao curso de formação de professores, um dos mais disputados do país. Os diretores precisam de um diploma acadêmico superior, experiência como professor e certificado em administração educacional. Os professores de ensino superior precisam passar por um processo de formação pedagógica.

O resultado de tudo isso? Excelência na formação não só de profissionais para o mercado de trabalho, mas de cidadãos que têm como valores essenciais o respeito pelo próximo e a organização. Uma sociedade que valoriza o silêncio e a paz e que nos ensinou que transformar a educação começa por transformar nossos próprios valores.

Os 17 professores que participaram da formação na Finlândia foram:

  • Afonso Cavalheiro Neto – Centro Universitário Assis Gurgacz (FAG);
  • Bruno Seabra Nogueira Mendonça Lima – UNDB;
  • Diego Henrique Alexandre – UNIS;
  • Douglas Zampar – Centro Educacional Integrado;
  • Fernando Novais da Silva – Faculdade CENSUPEG;
  • Gabriel Fernandes Cardoso – Centro Universitário UDF;
  • Leandro Cavalcante Costa – UNISAL.

Autor

Redação Ensino Superior


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