NOTÍCIA
Formação docente foi destaque de debate que contou com a presença da brasileira que concorreu ao ‘Nobel da Educação’
Publicado em 03/10/2019
Desde que foi indicada ao Global Teacher Prize, prêmio que destaca os melhores professores e reconhece o melhor docente do mundo com um prêmio de 1 milhão de dólares, Débora Garofalo ampliou consideravelmente o alcance de suas ideias, tornando-se uma formadora de opinião. Sendo assim, convidada a dar palestras e a escrever em veículos de comunicação, a professora da rede pública municipal também passou a integrar a equipe da Secretaria Estadual de Educação, onde lidera projetos de inovação nas escolas.
A saber, em um debate com outras professoras durante o 3º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação (promovido pela Jeduca), ela chamou a atenção para a necessidade de remodelar a formação docente.
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“Nossos professores não se sentem preparados para lidar com uma sala de aula. Muitos ingressam no serviço público e saem por falta de condições.” Garofalo, que desenvolveu um projeto de robótica com sucata para provar a seus alunos que a atividade não era exclusividade de escolas particulares, também criticou a formação a distância. “Médicos não se formam a distância. Professores também não deveriam”, disse. Além de defender a formação presencial, a professora acredita que as licenciaturas deveriam ser ofertadas em tempo integral para dar aos alunos a oportunidade de se aproximar da realidade das escolas enquanto se formam.
Elba Siqueira de Sá Barretto, professora e pesquisadora da Faculdade de Educação da USP, concorda com a necessidade de rever o currículo dos cursos de formação docente, considerados “inadequados”. “Além disso, os estágios raramente atendem às necessidades efetivas de formação. Quanto à formação a distância, ela ressaltou que os programas EAD não são a priori nem bons nem ruins, mas reconhece a existência de programas de baixa qualidade, ofertados em massa a um custo muito baixo. “De modo geral, eles custam até 80% menos que um curso presencial”, pontua.
Com apenas 22 anos, Gabriella Freire, professora da Escola Municipal Vereador Paulo Barenco, em Magé (RJ), falou da perspectiva de alguém que está se formando justamente a distância. “Eu estudo a distância porque preciso trabalhar. É muito difícil conciliar as duas coisas e onde eu moro não tem faculdades por perto. Mas isso não quer dizer que estou menos preparada”, pontuou a jovem professora, que ganhou notoriedade por conseguir elevar a autoestima de seus alunos e, consequentemente, seus desempenhos escolares. Na opinião de Freire, o problema não está na modalidade, mas no currículo. “Nem nos cursos presenciais nem nos cursos a distância nos ensinam a dar aulas de verdade”, pontuou.
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