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Valor do diploma será o próximo questionamento

O jornalista Scott Carlson, da publicação americana The Chronicle of Higher Education, disse durante o Fnesp que os estudantes dos EUA questionarão o valor que pagam para ter um diploma e a sua utilidade

Publicado em 28/10/2020

por Redação Ensino Superior

diploma-valorizacao-2 Foto: Envato Elements

O ensino superior deve enfrentar problemas nos próximos anos por causa da questão demográfica. Essa foi uma das conclusões do painel de abertura do segundo dia do Fnesp -Fórum Nacional do Ensino Superior-, que neste ano está acontecendo de forma remota, exposta pelo palestrante americano Scott Carlson , jornalista do The Chronicle of Higher Education, mediado por Henrique Sartori, ministro da Educação substituto (2018).

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Scott acentuou muito a questão dos custos porque, segundo ele, os gestores não querem fazer as contas de quanto custa um aluno. “Quando se pensa em como monitoramos o que a faculdade faz, isso não se conecta ao modelo de negócios. Por exemplo, pense na métrica principal para o trabalho docente, que é a carga horária. Não tem quase nenhuma conexão com a sustentabilidade financeira”, disse o americano.

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Scoot Carlson durante o evento online do Semesp

Desafios para a sustentabilidade

Scott afirmou que Gordon Jones, o fundador do College of Innovation + Design da Boise State University fez uma declaração assombrosa: “nas universidades somos ótimos no lançamento, mas acabamos com programas de zumbis. Na Boise State, um programa custa US$ 2 milhões por ano, e em nove anos produziu seis graduados.”

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A outra crítica do jornalista é quanto aos espaços e construção de novos prédios. “Espaço é um investimento significativo em um campus universitário, mas os edifícios acabam sendo uma grande atração para alunos e professores. E o contraditório é que as faculdades vêm adicionando prédios a uma taxa que supera a de matrícula”.

Para ele, outro problema na construção de novos espaços é o alto custo de manutenção. “Se formos considerar uma manutenção correta, os valores chegam a bilhões para algumas das principais universidades. As faculdades públicas da Califórnia, se quiserem deixar tudo em ordem, vão ter que gastar US$ 47 bilhões”. Segundo Scott, “nenhum universitário precisa de um parque aquático para estudar”, disse em referência a uma universidade que construiu uma enorme piscina coberta.

Reavaliações

Scott cita os dados de William Kuski, de que todas as universidades dos Estados Unidos têm vivido não apenas da aposta nas matrículas, mas da promessa de mensalidades de quatro a seis anos, e do desejo dos alunos de obter um diploma. “As pessoas não serão mais capazes de arcar com esses custos e durante tanto tempo. Precisamos repensar como nos sustentar em um ambiente em que nos afastamos desse valor sedutor. Nossa indústria aposta na disposição das pessoas de comprarem um carro anualmente e jogá-lo de um penhasco”, completa Scott citando Kuski.

Falando ainda sobre os efeitos da pandemia nessa área de ensino superior, Scott chega à seguinte conclusão: “vai ocorrer uma consolidação, com fusões entre sistemas universitários estaduais pressionados, com pequenas instituições privadas. Isso vai facilitar parcerias, consórcios, colaboração de backoffice, parcerias acadêmicas. E o aluno terá o conforto de não precisar se deslocar de locais distantes. Vai ter um aprendizado híbrido e trabalho remoto”.

Mas as consequências da covid-19 na educação vão além: mais pressão sobre o preço das mensalidades, porque houve perda de riqueza e de capacidade de pagar. Deve ocorrer até mesmo um questionamento sobre a real utilidade de um diploma universitário.

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Redação Ensino Superior


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