NOTÍCIA
Reunidos em evento digital, profissionais discutiram a relação humana com as IAs nas atuais possibilidades por elas oferecidas
Publicado em 06/06/2023
Tópico constante nas rodas de conversa entre profissionais do setor, a inteligência artificial (IA) se divide em diversos subtemas acerca de sua aplicabilidade na Educação. Sua relação com a escrita acadêmica é um deles. Afinal, como o seu uso implica na originalidade das produções textuais e nos estímulos à criatividade e ao pensamento crítico dos estudantes? Para André Neves, professor da Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, a escola é um ambiente de descobertas, nessa perspectiva, ele destaca: “as IAs colocam estudantes e professores como aprendizes de um mundo novo”. Neves lista pontos que avalia como fundamentais para a implementação das IAs na sala de aula, como valores éticos e a sustentabilidade.
Reunidos no webinar Integridade e o futuro da escrita acadêmica, promovido pelo Semesp, André e Rafael Carpanez, consultor de integridade e implementação da Turnitin Brasil, discutiram a relação humana com as IAs nas atuais possibilidades por elas oferecidas. Na avaliação de André, a IA não chega para substituir as pessoas, mas sim para mudá-las. “Há uma tríade de inteligências: artificial, individual e social. O primeiro princípio é reconhecer que não estamos mais a sós, as IAs existem, coexistem e se complementam com as outras formas de inteligência”, ressalta. O professor da UFPE ainda salienta a necessidade de se respeitar a inteligência individual de cada pessoa e da promoção da inteligência social, apontada por ele como o motor que articula e movimenta a tríade. “A IA é uma consequência dessas outras inteligências, um fruto delas”, diz.
“Precisamos defender uma interdependência entre as inteligências. As pessoas dependem ao mesmo tempo em que têm liberdade de agir de maneira isolada”, comenta Neves. Em um ambiente de mudanças trazidas pela chegada das IAs em sala de aula, um olhar inovador se faz fundamental na escola, junto à compreensão de valores éticos em ambientes digitais. “Não podemos colocar as IAs em sala de aula sem discutir direitos autorais ou propriedade coletiva”, exemplifica.
André também chama a atenção para uma implementação sustentável da inteligência artificial na Educação. “É fundamental levar em consideração a sustentabilidade de maneira ampla, seja do ponto de vista social, ambiental ou ecológico. Não se pode levá-las para a sala de aula sem discutir a sustentabilidade da geração de empregos porque faz parte de nosso contexto”, pontua.
Em discussão sobre a possibilidade de um aumento na colaboração entre alunos e professores com o uso das IAs, Rafael Carpanez, da Turnitin Brasil, conta que enxerga as ferramentas de maneira positiva e retoma as falas sobre uma possível substituição humana. “Vejo muitos textos que elencam ‘os 10 empregos que iriam desaparecer’. É uma perspectiva que não me agrada, gosto de acreditar que os responsáveis pela criação das ferramentas querem colocar o ser humano no centro da utilização delas”, diz. Nas palavras de Carpanez, além de positivas, as ferramentas devem apresentar melhoras ao longo do tempo.