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Votação unânime escolheu a nova liderança do CNE por dois anos
Publicado em 05/11/2024
Sociólogo, ativista e consultor educacional, Cesar Callegari carrega uma notável bagagem no âmbito da educação brasileira. Eleito o novo presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) nesta terça-feira, 5 de novembro, o educador ocupará a liderança ao longo do próximo biênio.
Além de presidente do Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada — IBSA, Cesar Callegari foi secretário de educação básica do Ministério da Educação (MEC) e, entre 2013 e 2014, secretário de Educação do município de São Paulo (SP), quando implantou a Reforma Educacional “Mais Educação São Paulo”.
Sua relação com o CNE é de longa data. Membro do conselho entre 2004 e 2018, presidiu a Comissão de Elaboração da Base Nacional Comum Curricular e a Câmara de Educação Básica por dois mandatos. Em agosto deste ano, voltou a assumir uma cadeira no Conselho após ser nomeado pelo presidente Lula como um dos oito novos conselheiros da Câmara de Educação Básica.
Em setembro, ainda como integrante da Câmara de Educação Básica, afirmou ao repórter Rubem Barros, em entrevista à Revista Educação:
“No curto prazo, temos a enorme tarefa de elaborar as Diretrizes Curriculares do Novo ou novíssimo Ensino Médio, em consequência da lei aprovada no primeiro semestre. Ela foi aprovada com certo atraso, então temos de correr para que ainda neste ano, até dezembro, possamos aprovar as diretrizes operacionais dos quatro itinerários formativos previstos em lei. Quais são esses itinerários? Os referentes às áreas de matemática, ciências da natureza, linguagens e ciências humanas. Isso é o previsto na lei, que atribuiu diretamente ao CNE a responsabilidade de discutir e aprovar essas diretrizes. Além das diretrizes para cada uma dessas áreas de conhecimento, temos de aprovar as Diretrizes Curriculares do Ensino Médio como um todo. Essas são duas tarefas importantíssimas, para as quais temos de nos preparar para liquidar até o final deste ano.”
Das 4.325.960 pessoas que se inscreveram no Enem 2024, 26,6% não apareceram nos locais de prova para fazer o exame na primeira fase, ocorrida domingo, dia 3, com provas de linguagens e ciências humanas e a redação dissertativa-argumentativa. Em 2023, o percentual foi maior, de 28,1%, informou a Agência Brasil.
Entre os inscritos, 1,6 milhão de estudantes acabaram de concluir o ensino médio, 1,8 milhão já terminaram e 19,4% são treineiros. Também entre as inscrições confirmadas, as mulheres são maioria, 60,59%. Pessoas pardas formam a maioria no quesito cor/etnia, com 1.860.766 inscrições. Em seguida, as brancas, com 1.788.622 inscrições e as pretas, 533.861. Outros 62.288 se consideram da cor amarela e 29.891 se declararam indígenas. Mais de 50 mil participantes não declararam raça ou cor.
Foram 2,7 milhões de inscrições gratuitas. Entre as pessoas pardas, 1.311.703 inscreveram-se gratuitamente e 549.063 pagaram a inscrição. Entre as brancas, 9.489 não pagaram a inscrição e 834.133 o fizeram. E, entre as pessoas pretas, 392.586 não pagaram a inscrição, 141.275 pagaram.
Este ano de 2024, 94% dos estudantes que estão concluindo o ensino médio em escolas públicas se inscreveram no Enem. Em 2023, foram apenas 58%. Ainda de acordo com o MEC, em 14 estados, o índice chegou a 100%.
Mec e Inep inovaram este ano na sistematização e visibilização dos dados. A plataforma Painel Enem 2024 traz os dados mais importantes – números e tipos de inscrições, perfis dos participantes e sua situação em relação ao ensino médio –, além de dados gerais, por região, estado e município.
Acesse: Painel Enem 2024
O tema da redação desta edição do Enem foi Desafios para a valorização da herança africana no Brasil. Para Waleska Miguel Batista, advogada, professora e coordenadora do Centro de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros Dra. Nicéa Quintino Amauro (Ceaab), da PUC Campinas, o tema escolhido é “reflexo da luta de combate ao racismo. Falar sobre a herança africana na sociedade brasileira reconhece as contribuições na língua, cultura e saberes. Também é uma forma de evidenciar o potencial da população negra. Na perspectiva do ordenamento jurídico, a redação permite mostrar que o racismo é inaceitável e contrário ao Estado Democrático de Direito. Não há democracia com racismo.”