NOTÍCIA
Pesquisa realizada antes da posse de Trump mostrou que 51% acreditavam que sua administração teria um efeito negativo no ambiente regulatório, enquanto 38% viam impacto positivo.
Publicado em 18/02/2025
O Inside Higher Ed, em parceria com a Hanover Research, realizou pesquisa para sentir os ânimos entre gestores de universidades nos EUA, em relação ao segundo mandato de Trump e o impacto de suas medidas no ensino superior. A preocupação foi – e ainda é – recorrente.
Realizada ainda antes da posse, 51% acreditavam que sua administração teria um efeito negativo no ambiente regulatório, enquanto 38% viam impacto positivo. Homens eram mais otimistas que as mulheres em relação às políticas do governo.
Entre as maiores preocupações, 80% das lideranças temiam impactos negativos nas políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) no setor, e 60% acreditavam que suas próprias instituições sofreriam retrocessos nessas áreas. Além disso, havia receio quanto à percepção pública sobre o valor do ensino superior, a liberdade de expressão nos campi e a saúde financeira das universidades.
A pesquisa indicou que os presidentes previam desafios, mas não tinham muita ideia da rapidez com que as mudanças pudessem ocorrer. Com a série de ordens executivas e o congelamento temporário de fundos federais logo no início do governo, especialistas acreditam que, se o estudo fosse feito após 20 de janeiro, os resultados seriam ainda mais pessimistas.
A Universidade de Harvard passa por apuros, de acordo com a newsletter da Inside Higher Ed (IHE) do final de janeiro. Considerada por alguns como polarizadora, controversa e desestimuladora do debate político de oposição ao governo de Israel, a definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto foi adotada pela política de não discriminação da universidade. As críticas em relação a essa decisão são muitas.
No cerne da decisão, está a proibição de discriminação em relação ao sionismo, que apoia a existência de um estado nacional judeu. A preocupação é com estudantes judeus e israelenses, considerados indiscriminadamente como apoiadores das ideias sionistas. A fervura subiu no campus por conta dos protestos contra a guerra de Israel em Gaza, iniciada em outubro de 2023.
De um lado, sionistas pressionam para que as universidades punam discursos críticos à Israel. Por outro, especialistas em liberdade de expressão e pró-palestinos argumentam que tal medida pode tornar os discursos imprecisos.
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Enquanto o país espera a premiação do Oscar, outro prêmio, o Tyler Prize, espécie de Nobel ambiental, “goes to” Eduardo Brondízio, professor da Unicamp e da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos. Ele divide o prêmio de U$ 250 mil – algo em torno de R$ 1,49 milhão – com a ecóloga argentina Sandra Diaz. O Tyler Prize existe há 52 anos e é primeira vez que a premiação contempla pesquisadores da América do Sul em 52 anos. A cerimônia de entrega do prêmio será no dia 10 de abril.
Eduardo Brondízio venceu o Tyler Prize: quatro décadas de estudos junto aos povos indígenas da Amazônia Foto: James-Vavrek/Tyler Prize
Brondízio pesquisou o manejo da floresta pelos povos indígenas e comunidades amazônicas, tornou “visível o invisível” conforme destaca o site da premiação. “Essas comunidades gerenciam plantas e animais, produzem alimentos e materiais, monitoram a saúde ambiental, restauram ecossistemas e oferecem uma visão única sobre a relação homem-natureza. Comunidades indígenas e locais enfrentam graves ameaças de violência, privação de direitos e marginalização devido à expansão de commodities, mineração e poluição. Apesar disso, o conhecimento indígena e local é essencial para atingir as metas globais de clima e biodiversidade.”
O site informa, ainda, que a pesquisa de quatro décadas de Brondízio na Amazônia remodelou a compreensão do conhecimento indígena e local. Ele liderou a primeira inclusão sistemática desse conhecimento em um importante relatório global, influenciando como as contribuições indígenas são reconhecidas mundialmente.
Na coletiva de imprensa após o anúncio dos vencedores, o pesquisador afirmou:
“Quando comecei a trabalhar na região, passei a atuar com comunidades ribeirinhas e tradicionais, que são consideradas algumas das mais pobres e marginalizadas dali. O que descobri e a forma como me envolvi com elas me mostraram que essas comunidades estavam fortemente engajadas na gestão da floresta, desenvolvendo sistemas de produção e sistemas agroflorestais que estavam entrando nos grandes mercados da região. Elas estavam encontrando soluções e promovendo ações coletivas para lidar com os desafios crescentes da região.”
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O Semesp e a MetaRed TIC Brasil realizam, no próximo dia 10 de março, das 10h às 11:30h o webinar Mulheres na TIC: conectando histórias, impulsionando mudanças, com a presença de Katia Vaskys, ex-presidente da IBM Brasil e especialista em sustentabilidade, educação corporativa e ESG. Ela abordará os desafios do mundo da tecnologia e governança corporativa e sua trajetória pessoal.
O Mapa do Ensino Superior 2023, elaborado pelo Instituto Semesp, já indicava que, em 2021, apenas 16,5% das vagas em cursos de TI foram ocupadas por mulheres. O percentual chamou a atenção sobretudo porque a participação feminina nas demais áreas era de 60,7%. Em 2024, a situação da sub-representatividade persistiu.
No mercado de trabalho, de acordo com relatório de 2024 da Brasscom, entidade que reúne empresas das áreas TIC e tecnologia digital, as mulheres ocupam apenas 39% dos empregos no setor de TIC.
Para o Semesp e a Metared TIC Brasil, “quanto mais perspectivas e talentos diversos tivermos, melhores serão as soluções e os avanços”.
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No âmbito do projeto Educa.Conecta Learning, pesquisadores da Universidade Católica de Brasília (UCB), com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), desenvolveram pesquisa que resultou na formulação de uma política pública voltada para escolas em áreas rurais. O objetivo é promover a inclusão digital, aprimorar o desempenho educacional e fomentar o desenvolvimento econômico regional.
Os pesquisadores demonstraram que a integração de tecnologia de ponta aliada a um programa estruturado de valorização dos professores tem impulsionado significativamente o aprendizado e o engajamento escolar de alunos em escolas rurais do Distrito Federal.
Três escolas de ensino básico alocaram o projeto piloto. Uma delas recebeu uma sala tecnológica autossustentável, equipada com energia solar, internet via satélite, computadores e jogos educativos, além de oficinas de capacitação para professores e estudantes. As outras duas se constituíram em grupos de comparação para uma futura avaliação de impacto.
A política pública proposta gerou um aumento de 13% na nota de português e 2,8% em matemática. “Os dados comprovam que uma política pública bem estruturada pode transformar a educação e reduzir desigualdades. A tecnologia e a valorização dos professores são pilares fundamentais para um ensino de qualidade nas zonas rurais “, destaca o coordenador do programa Educa.Conecta Learning, Prof. Dr. Carlos Enrique Carrasco Gutierrez (UCB).
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O Projeto Coral Vivo oferece gratuitamente a estudantes universitários de todo o país o seu Programa de Extensão Universitária (PROEX), com chamadas ao longo de todo o ano, mensalmente. É a chance para os estudantes acompanharem de perto, numa imersão de 23 dias, o trabalho dos pesquisadores, técnicos e especialistas – alguns com mais de 40 anos de experiência – na base do projeto, localizada no Arraial d’Ajuda Eco Parque, copatrocinador do projeto, em Porto Seguro, Bahia.
O Projeto Coral Vivo foi criado pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e é realizado pelo Instituto Coral Vivo em parceria com 15 universidades e institutos de pesquisa. Tem o patrocínio da Petrobras desde 2006, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. No escopo de atuação do Instituto estão pesquisa, educação, políticas públicas, comunicação e sensibilização para a conservação e a sustentabilidade socioambiental dos ambientes recifais e coralíneos do Brasil.
São disponibilizadas duas vagas por mês, destinadas a estudantes brasileiros e estrangeiros, de qualquer área de conhecimento. O Instituto informa que “o importante é ter interesse e aptidão para o universo que envolve os ecossistemas marinhos”. O estudante arca com o custo do transporte e o projeto oferece hospedagem e ajuda de custo para a alimentação. Ao final, o estudante apresenta as atividades que desenvolve na universidade e o aprendizado adquirido ao longo da imersão. Há emissão de certificado.
Acompanhe a abertura de inscrições pelo site e redes sociais: Projeto Coral Vivo