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Formação

IES especializada em saúde: foco em educação e pesquisa

O que poderia parecer uma desviada do seu core business, mostrou-se a melhor maneira de fazer pesquisa e ter uma mão de obra totalmente qualificada. Assim nasceram e crescem em números consistentes as IES dos próprios hospitais

Publicado em 21/07/2021

por Redação Ensino Superior

IES saúde Para especializadas, fazer parte da geração de conhecimento é essencial (Foto: Envato Elements)

IES saúde
Para especializadas, fazer parte da geração de conhecimento é essencial (Foto: Envato Elements)

O que leva um hospital a fundar uma instituição de ensino?  Representantes de hospitais e de seus braços educacionais destacam motivos como:  proporcionar melhor infraestrutura e qualidade no ensino especializado, mas principalmente participar da geração de conhecimento e da evolução da saúde. As IES oriundas de hospitais não estão preocupadas com concorrência ou número de matrículas; mais do que ampliar a formação na área – dada a grande necessidade de profissionais escancarada pela pandemia da covid-19, elas querem ser produtoras do conhecimento e fazer parte do desenvolvimento médico-científico do país.

“Não é porque você faz pesquisa que você é melhor. Existem bons hospitais que não fazem, como o Arkansas State Hospital, um dos melhores dos EUA. Mas ter uma instituição acadêmica, te dá competência para gerar conhecimento, participar do desenvolvimento da medicina e desenvolver pessoas”, pondera o médico Luiz Reis, bioquímico e diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa – Hospital Sírio-Libanês (IEP-HSL).

Foco na investigação científica

A instituição, que atualmente contará com a passagem de 41.588 alunos só este ano, oferece cursos de pós-graduação, desenvolve projetos para aprimoramento de médicos, profissionais da saúde e gestores da área com cursos rápidos, webinars e eventos. Mas o principal é estimular a investigação científica para contribuir com novos estudos e assistência ao setor.

Leia: Ciência e pesquisa como instrumento de desenvolvimento do país

Segundo Reis, indicadores internos mostram cerca de 450 pesquisas da instituição publicadas em revistas indexadas, só em 2021. Grande parte desses trabalhos são consequência do mestrado e doutorado. Para ele, esse é o principal conceito de porque os hospitais se transformam em instituições acadêmicas: para gerar padrões de qualidade e segurança para seus pacientes, sendo parte ativa da geração de conhecimento.

“Insisto que há muitos hospitais que são bons e não fazem academicismo. Mas a diferença é que estes não fazem parte do desenvolvimento das tecnologias, eles apenas as incorporam. Estes têm que esperar o conhecimento ser gerado e validado, para aí sim incorporarem as tecnologias de que necessitam”, explica Reis. E não basta só produzir trabalhos e pesquisas aos montes, é preciso que elas tenham, claro, aplicabilidade.

Conectar educação e pesquisa

Olhando para o ensino propriamente dito, o padre João Batista de Lima, presidente da Sociedade Beneficente São Camilo e reitor do Centro Universitário São Camilo, aponta para o melhor preparo da infraestrutura dos hospitais, o ambiente mais do que propício para a formação prática dos alunos.

“Se a IES não é especializada em saúde e não pode contar com um hospital próprio, ela certamente precisará de investir em um espaço ou ir em busca de parcerias, o que é muito importante, principalmente a parceria com a rede pública de saúde, porque acredito que o profissional tem que saber como funciona o sistema de saúde no Brasil. Mas, se a instituição já tem tudo isso integrado, fica mais fácil e não gera custos extras”, acentua o padre.

Já quando se questiona se a fundação de uma instituição de ensino pode ser vista como uma estratégia de formação para padronização do atendimento de seus hospitais, Vania Rösig, superintendente assistencial e de educação do Hospital Moinho de Ventos, em Porto Alegre, RS, discorda. “Não gosto da palavra padronização, ela leva a uma visão muito encaixotada e é o contrário do que a gente vem buscando. Enquanto instituição hospitalar, queremos conectar educação e pesquisa, para estarmos na ponta do conhecimento”, declara.

Leia: Cursos de saúde são os mais procurados para financiamento

Com 400 alunos, a Faculdade de Ciências da Saúde Moinhos de Vento nasceu em 2017 e ainda não formou sua primeira turma de graduação em enfermagem, mas já está prestes: todos estão no penúltimo semestre do curso. A instituição, que já oferecia cursos técnicos e de pós-graduação desde o início, não acredita na estratégia de padronização porque como disse Rösig, os protocolos de trabalho e ensino são mundiais.

No entanto, o Hospital Moinhos de Vento retém mais de 95% dos alunos de formação técnica para seu hospital. “Obviamente estamos formando profissionais que sonhamos reter, mas muitos também vão para o interior e outros estados do país”, explica a superintendente.     

Ciclo da saúde

O Centro Universitário São Camilo foi pensado inicialmente para ser um centro de formação continuada para os profissionais de enfermagem, nutrição e técnico em radiologia que já atuavam nos hospitais camilianos. Mais tarde, foi vista a necessidade de ampliação com a criação do “ciclo da saúde” e o advento do curso de medicina, em 2007. A instituição também costuma oferecer os estágios dentro do hospital e retém muitos desses alunos. Como instituição filantrópica também investe bastante em programas de bolsas de estudos, mas o que chama a atenção é o foco na formação continuada.

“É muito importante que os colaboradores estejam atualizados e por dentro da nossa forma de atuação, por isso muitos estudam com convênio, por meio de um programa específico, voltado para a qualificação desses profissionais”, comenta. Focados nesse propósito, é que a rede São Camilo está desenvolvendo o centro de simulação realística em Ponta Grossa, no Paraná, e em Fortaleza, no Ceará, para melhorar a formação dos profissionais camilianos. “Os preços são acessíveis, mas o hospital também banca uma parte”, conta o padre-reitor.

Pandemia mostra crescimento

“Tínhamos cursos que não eram tão procurados e nesse último ano, com a pandemia, vimos o movimento inverso: muita procura nos cursos de enfermagem em terapia intensiva, fisioterapia, MBA em gestão e saúde, com fila de espera. Estamos vendo um acontecimento mundial impactando nosso sistema de ensino e a gente tá preparado para isso, ampliamos nossas vagas e a modalidade híbrida tem possibilitado o acesso”, conta Vania Rösig.


No IEP do Hospital Sírio-Libanês, foram desenvolvidos no ano passado quatro cursos EAD totalmente gratuitos: experiência HSL, voltado para alunos de medicina, cuidador de idosos, curso de manejo de síndrome gripal e ventilação mecânica. “220 mil pessoas se matricularam e 55 mil concluíram com 93% de satisfação por parte dos alunos.

Claro que a pandemia trouxe um impacto digital importante e a virtualização do ensino, mas todos os nossos cursos de pós-graduação seguiram 100% remotamente, de maneira que nenhum do nossos programas foi interrompido, muito pelo contrário, tivemos uma expansão muito grande de alunos”, comenta o médico Luiz Reis.

O IEP aposta muito em sua excelência no ensino e acredita estar contribuindo com o setor ao disseminar a “experiência do Sírio-Libanês”, por meio do PROADI-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde). Este programa só é mantido com os recursos gerados pelos próprios hospitais participantes e o IEP contribui ofertando cursos de especialização gratuitos em “preceptoria de residência médica no SUS” e “preceptoria no SUS”.

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Redação Ensino Superior


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