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Lúcia Teixeira, presidente do Semesp, afirma que qualquer avaliação tem que estar ligada à formação. “A questão de como ensinar passou por uma disrupção”, disse durante evento da Unesco, em Barcelona
Publicado em 19/05/2022
Por Luciana Alvarez, de Barcelona – A pandemia de covid-19 veio somar uma série de fatores extra de estresse à rotina dos docentes da educação superior, que normalmente já precisavam lidar com pressão por resultados, por publicação de pesquisas e engajamento dos alunos. Em questão de dias, os professores universitários tiveram de ir para o digital, sem saber o real alcance de suas ações, além de lidar com demandas de cuidados da família. A avaliação de seu trabalho, portanto, não deveria ser um fator adicional de preocupação.
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“A avaliação de professores tem que ser feita num contexto de apoio, suporte e treinamento pedagógico. Se tivermos sistemas de avaliação, temos que ter um sistema de apoio, de forma ampla. Como se engaja o professor para se desenvolver durante a carreira? Qual é a situação em que os professores estão realizando seu trabalho?”, questiona Susan Hopgood, presidente da Education International, uma federação de sindicatos de professores de 178 países.
Ela participou de uma mesa de discussão sobre bem-estar docente na 3ª Conferência de Educação Superior da Unesco 2022 (WHEC, na sigla em inglês).
José Castiano, pesquisador da Universidade Pedagogica de Maputo, Moçambique, sugeriu processos simples que tenham foco na autoavaliação individual ou até mesmo coletiva. “Já preenchemos muitos formulários, há muita burocracia. Mas um processo de autoavaliação leva a uma reflexão, que pode melhorar a prática”, sugere. Também defende que esse tipo de reflexão seja feita de forma coletiva, porque a docência é um trabalho colaborativo.
Para Lúcia Teixeira, presidente do Semesp, qualquer avaliação tem que estar ligada à formação. “A questão de como ensinar passou por uma disrupção: o desenvolvimento das competências digitais e humanas deve ser cada vez mais incentivado. A avaliação é um ponto sempre muito delicado, porque antigamente o professor era intocável. Mas é uma forma de o professor estar sempre aprendendo e de saber quem é o seu aluno”, explica.
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