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Cenário econômico deve ser levado em consideração para discutir futuro da educação
Publicado em 21/12/2022
Durante o evento D2L Connection – reinventando a experiência de aprendizagem, promovido pela D2L Brasil em setembro deste ano, foi organizada a pesquisa Ensino híbrido e o futuro da educação. Na ocasião, gestores e pedagogos responderam como enxergam o cenário atual e o que esperam do setor para os próximos anos. Peterson Theodorovicz, diretor da empresa, comenta os principais resultados obtidos na pesquisa, que foram divulgados com exclusividade à Ensino Superior. Para o profissional, um caminho está mais do que claro: o hibridismo veio para ficar.
Tomas Bomfim, gerente de marketing da D2L Brasil, explica que a ideia da empresa foi aproveitar a realização do evento para entender um pouco melhor a visão de mercado dos profissionais presentes, bem como o que esperam da integração entre educação e tecnologia. Peterson Theodorovicz destaca que, embora não seja uma pauta nova, o ensino híbrido e a personalização do ensino são temáticas recorrentes que precisam ser discutidas e aplicadas. “Não apenas na esfera teórica, mas também na esfera prática”, diz.
De acordo com Peterson, os resultados da pesquisa mostram que “não tem mais como imaginar o futuro da educação se não pelo caminho do hibridismo”. Para ele, o modelo já é uma realidade na educação superior brasileira. Em pergunta sobre o que se imagina para o futuro da educação em um recorte de cinco a 10 anos, 56% dos participantes responderam acreditar no formato híbrido.
“Ninguém respondeu que o retorno apenas às aulas presenciais é o futuro da educação. E, veja, falamos de um momento em que fomos compelidos. A educação online durante a pandemia foi algo compulsório. Tudo o que é compulsório é mal recebido pelo ser humano porque você é obrigado a fazer de tal forma. A pesquisa foi feita quando acabou o isolamento e, mesmo assim, a sensação foi de não querer apenas aula presencial”, frisa.
Para o profissional, essa talvez tenha sido a principal conclusão: o hibridismo veio para ficar. “O próprio MEC já vem aumentando a carga de disciplinas online. Falávamos em 20% e já aumentou para 40%”, aponta. Peterson afirma que, na prática, o percentual é ainda maior. “Considerando todas as possibilidades do ensino online, incluindo entrega de documentos e programas de estágio feitos em ambiente virtual”, diz.
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O diretor da D2L Brasil acredita em uma mudança na maneira de lecionar. “A gente vem, há séculos, desenvolvendo a educação com o educador fazendo os seus monólogos e os alunos recebendo e sendo testados acerca do conhecimento adquirido”, pontua. Para ele, a repetição da mesma dinâmica ao longo dos anos é frustrante. “Mas isso não é por falta de boa vontade ou de preparo dos professores. O professor ensina da mesma forma que lhe foi ensinado por uma pessoa de uma geração anterior, e assim sucessivamente. Qualquer mudança que você queira fazer no âmbito da educação deve levar em conta que são rupturas muito profundas nessa forma de ensinar”, salienta.
Segundo Peterson, os resultados obtidos com a pesquisa enfatizam o anseio por mudanças. Um dos destaques observados são as perguntas e respostas acerca da aprendizagem personalizada. “[A personalização do ensino] significa entender as necessidades únicas de cada ser humano que recebe essa carga de conteúdo, seja ele na educação básica ou superior. Para o profissional, quando se trata de uma quebra ou ruptura no sistema de ensino, dois aspectos devem estar em mente:
1 – Se quem está preparado para ensinar e aprender está sendo devidamente posicionado no seu papel dentro da educação.
2 – Ter tecnologias para que se trabalhe dessa forma.
“Ou seja, estamos treinando o professor para não ter mais o papel central dentro da sala de aula, de palco e monólogo. E [devemos nos atentar] se estamos cuidando da realidade daquele aluno que receberá a carga de informações e trabalhando para se tornar o centro das atenções”, enfatiza. Sobre o segundo apontamento, Peterson ressalta: “Não podemos fazer uma ruptura tão grande no modelo de processo e aprendizagem dentro de uma sala de aula de tijolo e quadro branco sem ter algo diferente. Só se tem resultados diferentes se você faz algo diferente”.
Ao falar sobre os objetivos da pesquisa, Peterson Theodorovicz lembra do cenário econômico atual e acentua os diversos desafios acerca da mudança. Ele exemplifica: “Falamos de personalização, mas é importante não se esquecer que temos uma massa enorme de alunos com necessidades anteriores a um caminho personalizado, como conseguir ler o material adequadamente e entender o material disponibilizado no tempo dele”. Para uma sala de aula invertida, por exemplo, o tempo e o recorte social de cada aluno/professor deve ser considerado.
“A maioria dos alunos de instituições públicas e privadas estão trabalhando o dia inteiro. Quando eles têm tempo para fazer essa sala de aula invertida? Quando eles têm tempo de ler todo o material para discutir dentro da sala de aula? Como alinhar isso à realidade brasileira, seja pelo aluno que precisa de acessibilidade, para o aluno que trabalha ou para o professor que precisa ter outro emprego ou dar aula em mais de uma instituição”, indaga.
De caráter qualitativo, a pesquisa foi respondida por 35 profissionais. Entre os convidados do evento encontravam-se representantes de IES de diferentes regiões do país, como o Centro Universitário Padre Anchieta, Fundação Unimed, Uninorte, Universidade Formiga, Centro Universitário Don Domênico, Universidade São Francisco, Universidade de Helsinque, Camp Pinheiros, Ubec e Unit. “Essa pesquisa é para nortear os materiais que produzimos aqui no Brasil, como eBooks e webinars, que fomentam essas discussões em torno da aplicabilidade do que a teoria vem discorrendo nas últimas décadas”, completa.
Confira todos os resultados: