Revista Ensino Superior | ESG e o futuro da educação: entre o discurso e a ação

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ESG

O futuro da educação e o ESG: entre o discurso e a ação

É preciso redesenhar metodologias de ensino, incentivar pesquisas interdisciplinares e criar laboratórios vivos em que estudantes possam experimentar soluções práticas para os grandes desafios globais

Publicado em 03/09/2025

por Ensino Superior

ESG Mercado de trabalho já demonstra preferência por profissionais que compreendem e aplicam princípios ESG (foto: Shutterstock)

Por Ricardo Fortes*

Nos últimos anos, o conceito de ESG (Environmental, Social and Governance) deixou de ser apenas um diferencial competitivo para se tornar um imperativo estratégico. Empresas, governos e instituições acadêmicas passaram a ser cobrados não apenas pelos seus resultados financeiros, mas também pela capacidade de gerar impacto positivo na sociedade e no meio ambiente, com processos transparentes e éticos. Nesse contexto, a educação ocupa posição central: forma cidadãos, desenvolve líderes e prepara profissionais capazes de transformar discursos em ações concretas.

O painel promovido pelo Semesp no dia 26 de setembro de 2025 reflete essa urgência. Ao questionar se as práticas de ESG são efetivas ou se se limitam a prestar contas, os especialistas chamam atenção para a distância que ainda existe entre intenções declaradas e resultados tangíveis. A educação, por sua natureza, é o espaço mais fértil para reduzir esse hiato.

 

Educação como catalisadora da transformação

O futuro da educação está intimamente ligado à internalização dos valores de ESG. Não basta inserir disciplinas isoladas sobre sustentabilidade ou responsabilidade social em currículos tradicionais. É preciso redesenhar metodologias de ensino, incentivar pesquisas interdisciplinares e criar laboratórios vivos em que estudantes possam experimentar soluções práticas para os grandes desafios globais — da crise climática à desigualdade social.

 

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A formação de competências socioemocionais, como empatia, pensamento crítico e capacidade de colaboração, deve caminhar ao lado das habilidades técnicas. Assim, as novas gerações serão capazes de avaliar impactos de longo prazo e propor soluções inovadoras que conciliem lucro e propósito.

Na FIAP incentivamos esta formação através de várias iniciativas como os Challenges – desafios gerados pelas empresas e os alunos desenvolvem as soluções – sendo que mais de 80 empresas participam anualmente. Ainda realizamos o Global Solution, na qual desafiamos os alunos a apresentarem soluções dentro das ODS da ONU, além do festival Next onde mais de 5000 pessoas entre alunos e convidados se conectam através das mais distintas tecnologias atuais, como IA, Robótica, IoT, carros autônomos, drones etc. em um ambiente altamente disruptivo e atual.

 

O papel das instituições de ensino superior

Universidades e centros de ensino têm o dever de servir como exemplos vivos de práticas ESG. Isso significa reduzir a pegada de carbono dos campi, promover diversidade em seus quadros, estabelecer governança transparente e se engajar em projetos sociais de impacto local. Mais do que ensinar ESG, trata-se de vivê-lo no cotidiano institucional.

As instituições que conseguirem alinhar discurso e prática conquistarão legitimidade junto a alunos, empresas e sociedade. Aqueles que ficarem apenas no nível do marketing correm o risco de perder credibilidade — e em um cenário cada vez mais conectado, a percepção pública se converte rapidamente em vantagem ou desvantagem competitiva.

 

ESG e empregabilidade

O mercado de trabalho já demonstra preferência por profissionais que compreendem e aplicam princípios ESG. Startups de impacto, grandes corporações e até o setor público demandam colaboradores que saibam integrar responsabilidade socioambiental às decisões de negócios.

Nesse sentido, programas educacionais que aproximam estudantes do mercado — hackathons, desafios corporativos, incubadoras e parcerias com empresas — tornam-se laboratórios de aprendizagem aplicada. Neles, a teoria se encontra com a prática, e os alunos têm oportunidade de vivenciar o ESG como ferramenta estratégica de inovação.

 

Desafios de implementação

Apesar do avanço, ainda existem barreiras. Muitas instituições tratam ESG como obrigação regulatória, produzindo relatórios extensos sem mudar processos essenciais. Outras enfrentam dificuldades em medir impacto de forma objetiva, seja pela falta de indicadores claros, seja pela complexidade de mensurar transformações sociais e ambientais de longo prazo.

 

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Superar esses obstáculos exige investimento em métricas confiáveis, transparência na comunicação e envolvimento genuíno da liderança acadêmica. O compromisso deve vir de cima, mas ser construído coletivamente com professores, estudantes e comunidade.

 

Perspectivas futuras

O futuro da educação e do ESG se fundem em uma visão de aprendizado contínuo, colaborativo e transformador. A Sociedade 5.0 — conceito que une tecnologia e humanismo — aponta para uma era em que inovação digital estará a serviço do bem-estar coletivo. Nesse cenário, a educação deve preparar profissionais capazes de manejar inteligência artificial, big data e biotecnologia, sempre orientados por valores éticos e de sustentabilidade.

Mais do que preparar para o mercado de trabalho, a educação orientada pelo ESG deve preparar para a vida em sociedade, estimulando responsabilidade, protagonismo e senso de pertencimento global.

 

Conclusão

Entre o discurso e a ação, o futuro da educação em ESG depende da coragem de repensar modelos tradicionais e do compromisso em transformar valores em práticas efetivas. Painéis como o promovido pelo Semesp demonstram que a reflexão já está em curso. Agora, cabe a instituições, empresas e indivíduos trilhar o caminho da prática — pois somente assim será possível construir um futuro em que educação, negócios e sociedade caminhem de forma integrada para um desenvolvimento sustentável.

*Ricardo Fortes, head corporate alliances da FIAP

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Ensino Superior


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