Por Manoel Manteigas de Oliveira*

Mitos, baseados em informações equivocadas, levam à crença generalizada de que papel é um vilão do meio ambiente e não deveria ser usado. Leitores preocupados com o desmatamento, mesmo tendo uma experiência mais prazerosa lendo a revista impressa, se perguntam se uma versão eletrônica dela não pouparia muitas árvores. Para essas pessoas temos uma ótima notícia: papel não desmata. O Brasil é o maior exportador de celulose, matéria‑prima das páginas da Ensino Superior.

Mas ao contrário do que a maioria das pessoas acredita, nenhuma árvore nativa é usada para essa finalidade. Toda a celulose produzida no Brasil vem exclusivamente de árvores cultivadas.

As árvores usadas no Brasil para produção de celulose e papel – o eucalipto e o pinus norte‑americanos – não são nativas, portanto, somente estarão disponíveis para uso industrial se forem cultivadas sistematicamente. Todos os dias, os produtores brasileiros plantam cerca de 1,5 milhão de novas árvores para essa finalidade e sem substituírem matas nativas. Segundo a Embrapa¹: “…. o crescimento das plantações florestais têm ocorrido em razão da ocupação de áreas degradadas, principalmente naquelas de pastagens degradadas.” Além de não usar árvores nativas, a indústria brasileira de base florestal é responsável pela preservação de 0,7 hectare de matas para cada hectare cultivado, o que também contribui para a manutenção da biodiversidade.

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As árvores cultivadas para celulose sequestram CO2 da atmosfera, ajudando a combater as mudanças climáticas. Enquanto você, leitor, guarda seu exemplar desta revista, ela vai continuar estocando esse carbono, mas, se você resolver descartá‑la, cuide para que seja reciclada e esse benefício ambiental vai perdurar. Outra boa notícia: o papel já é muito reciclado – 58% no Brasil. Da matriz energética do setor de celulose e papel, 89% vêm de fontes renováveis². Esse alto percentual contribui para o equilíbrio das emissões totais de gases do efeito estufa, por‑ que substituem combustíveis fósseis como fontes de energia.

Por outro lado, não se pode afirmar que a comunicação eletrônica é necessariamente melhor para o meio ambiente. Os data centers que constituem a famosa “nuvem” consomem enormes quantidades de energia, na sua maior parte oriunda de combustíveis fósseis. Embora grandes provedores de armazenamento de dados venham se comprometendo a reduzir suas emissões, a situação hoje pode ser considerada grave.

A Embrapa também confirma que as plantações de árvores, bem manejadas, não secam o solo. Ao contrário, comprovadamente ajudam a recuperar terrenos degradados³. Na fabricação da celulose e do papel muita água é usada, porém mais de 95% dela é devolvida ao meio ambiente após um tratamento e por evaporação. Assim, também é um mito que a produção de papel consome muita água. Se você prefere ler sua revista impressa em papel, faça‑o sem remorsos. Se quiser ajudar mais o meio ambiente, compartilhe seu exemplar. E, se um dia precisar descartá‑la, garanta que seja reciclado.

*Manoel Manteigas de Oliveira é diretor técnico de Two Sides América Latina.

Referências bibliográficas

¹. Plantações Florestais – Geração de Benefícios com Baixo Impacto Ambiental. Embrapa, 2017. 

². A Indústria de Papel no Brasil e no Mundo, Panorama Geral. Agência Internacional de Energia, Empresa de Pesquisas Energéticas, Ministério de Minas e Energia, 2021. 

³. O Eucalipto, perguntas e respostas. Embrapa, em www.embrapa.br/florestas/eucalipto. 

Fundada em 2008, Two Sides é uma iniciativa global, sem fins lucrativos, que divulga os atributos únicos do papel e das embalagens de papel, bem como esclarece equívocos comuns sobre seus impactos ambientais. Two Sides é uma colaboração de empresas de celulose, papel, embalagens, gráficas, editoras, jornais e revistas e opera na Europa, América do Norte e América do Sul, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. 

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Ensino Superior