NOTÍCIA
■ Dona de menor prestígio no cenário internacional do que seu conterrâneo Lars von Trier (o diretor de Dançando no escuro, Dogville e Melancolia), a dinamarquesa Susanne Bier vem se especializando em melodramas que discutem temas delicados, como relações familiares conflituosas, a matéria-prima para Brothers […]
Publicado em 27/09/2011
■ Dona de menor prestígio no cenário internacional do que seu conterrâneo Lars von Trier (o diretor de Dançando no escuro, Dogville e Melancolia), a dinamarquesa Susanne Bier vem se especializando em melodramas que discutem temas delicados, como relações familiares conflituosas, a matéria-prima para Brothers (2004) – refilmado nos EUA como Entre Irmãos (2009) -, Depois do casamento (2006) e Coisas que perdemos pelo caminho (2007).
■ A família volta a ser o núcleo a partir do qual se desenvolvem os dramas do longa-metragem mais bem-sucedido de Susanne, vencedor do Oscar de filme estrangeiro neste ano: Em um mundo melhor (Dinamarca/Suécia, 2010, 113 min, disponível apenas para locação em DVD e R$ 89,90 em Blu-ray), que conta histórias paralelas, na Dinamarca e em um campo de refugiados na África, para examinar a brutalização das relações no mundo contemporâneo.
■ Escrita por Anders Thomas Jensen (que assinou também o roteiro de Brothers e Depois do casamento), a história acompanha pai (interpretado por Mikael Persbrandt) e filho adolescente (Markus Rygaard) envolvidos em situações-limite. O primeiro, médico, trabalha durante parte do ano cuidando das vítimas de uma região da África controlada por uma milícia; o segundo,
que vive na Dinamarca, sofre bullying na escola e se aproxima de um novo aluno.
■ O ponto de partida é a ideia, corrente na Europa, de que a barbárie fica muito longe. De fato, a parte africana da trama envolve um grau de brutalidade chocante. O que o médico descobre ao voltar para casa, no entanto, expressa uma indiferença pelo outro igualmente brutal, mesmo que talvez menos sangrenta. O êxito internacional de Em um mundo melhor tem a ver com a percepção de que, na sociedade de consumo, a desumanização apenas adquire outra face.
EUROPA EM CRISE DE VALORES
■ Um exemplar recente desse olhar é Biutiful (México/Espanha, 2010, 140 min, disponível apenas para locação em DVD e R$ 99,90 em Blu-ray). Dirigido pelo mexicano Alejandro González Iñárritu (de Amores brutos, 21 gramas e Babel), o filme traz o espanhol Javier Bardem (indicado ao Oscar por esse trabalho) no papel de um morador de Barcelona que sobrevive graças a atividades ilícitas – e que tem o dom de se comunicar com os mortos.
■ O personagem precisa resolver uma série de problemas – com os filhos, com a ex-mulher, com o irmão. As dificuldades pessoais são amplificadas por sua saúde debilitada e por razões de ordem social, que envolvem imigrantes clandestinos submetidos a um trabalho semiescravo. A trama
de Biutiful lida com os subterrâneos de uma Europa em crise econômica e moral.
MÃO NA MASSA
■ O encerramento da terceira edição do Festival Nacional de Curtíssima Metragem – Claro Curtas foi acompanhado, em agosto, pela realização de um seminário sobre educação audiovisual no Museu da Imagem e do Som de São Paulo. O encontro promoveu um painel sobre experiências desenvolvidas em ambientes de ensino formal e não formal, envolvendo oficinas de criação e produção oferecidas principalmente para o público jovem, com o uso de
tecnologia digital.
■ No site do festival (www.clarocurtas.com.br), é possível assistir aos finalistas da terceira edição em suas quatro categorias – para alunos de ensino médio e de ensino superior, para ONGs, pontos de cultura e cineclubes, e de inscrição livre – e, também, aos vencedores das edições anteriores. Além disso, o professor interessado em desenvolver projetos de realização audiovisual com seus alunos pode fazer o download gratuito de duas publicações: o Guia do educador e o Miniguia de produção de vídeos de curtíssima metragem.
Curta Cenas, de Giulia Perri, foi finalista na categoria ensino médio
VEJA TAMBÉM EM DVD
Notícias da Antiguidade Ideológica – Marx, Eisenstein, O Capital
Marcha da Vida
Bróder
Hotel Atlântico
Adaptação do romance de João Gilberto Noll por Suzana Amaral (A hora da estrela), sobre um ator desempregado (Júlio Andrade) que viaja pelo país.
(Brasil, 2009, 107 min, R$ 39,90)