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De olho no mercado internacional, instituições universitárias apostam no trabalho conjunto por meio de associações que contribuem para promoção do ensino superior fora do país por Antonio Carlos Santomauro As condições políticas e econômicas que fizeram o mundo voltar os olhos para o Brasil nos […]

Publicado em 24/10/2013

por Ensino Superior

De olho no mercado internacional, instituições universitárias apostam no trabalho conjunto por meio de associações que contribuem para promoção do ensino superior fora do país

por Antonio Carlos Santomauro

181_35As condições políticas e econômicas que fizeram o mundo voltar os olhos para o Brasil nos últimos anos também deram mais visibilidade internacional ao ensino superior do país, suscitando o interesse de universidades estrangeiras pelo mercado brasileiro. Atentas a essa movimentação, as instituições por aqui avançam em busca da internacionalização e apostam no fortalecimento de suas marcas no exterior. Dessa maneira, partem para a adoção de um conjunto de ações que visam ampliar o tom internacional da atividade de ensino e aumentar as parcerias com instituições estrangeiras, tornando-se mais atrativas para alunos, professores e pesquisadores de outros países.

Entre as atividades realizadas para ganhar maior atenção internacional está o investimento na participação de eventos no exterior, como o ocorrido em setembro, quando cerca de vinte instituições brasileiras participaram na Turquia do encontro anual da Associação Europeia de Educação Internacional (AEEI). Por meio de um acordo destinado a fortalecer a posição do Brasil como destino de estudos e intercâmbios universitários a viagem teve apoio financeiro da Embratur, órgão brasileiro de promoção do turismo, numa parceria com a Associação de Assessorias de Instituições de Ensino Superior Brasileiras para Assuntos Internacionais (Faubai).

Em maio, a Embratur já apoiara a ida de 16 instituições brasileiras a outro grande evento internacional do setor – o encontro anual da organização norte-americana NAFSA (Association of International Educators). Assim como no evento da AEEI, a participação conjunta das instituições foi coordenada pela Faubai.

Representatividade
O crescimento da Faubai nos últimos anos reflete o interesse das instituições brasileiras em seguir o caminho da internacionalização. Hoje a associação reúne cerca de 220 instituições entre seus filiados, todos já com alguma estrutura específica para sua inserção no contexto global. “Há dois anos, tínhamos cerca de 170 associados”, conta José Celso Freire Junior, presidente da Faubai.

Outra rede voltada à integração de instituições de ensino para alavancar ações internacionais em conjunto é o Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras, que representa mais de 50 associados no país, entre instituições públicas e sem fins lucrativos. O grupo estabelece acordos, válidos para os seus associados, com entidades congêneres de outras regiões, como o grupo Coimbra da Europa, composto por mais de 40 instituições daquele continente. “Temos também acordo com entidades como a Organização dos Estados Americanos (OEA), que anualmente traz ao Brasil, para cursos de pós-graduação, cerca de trezentos alunos de países filiados”, destaca Rossana Valéria de Souza e Silva, diretora executiva do Grupo Coimbra no Brasil.

Na língua do seu público
Outro recurso cada vez mais utilizado pelas instituições para garantir a comunicação com o público internacional é a criação de sites institucionais multilíngues. É o caso da Universidade Positivo, que, além do portal em português, já mantinha uma versão em inglês e recentemente lançou o site em espanhol.

Na Universidade de Taubaté (Unitau), que também disponibiliza desde o início do ano ambas as versões – inglês e espanhol – de sua página na internet, a ideia inicial era dar suporte a pesquisadores da instituição cujos artigos aparecem em publicações científicas internacionais. “Mas esse recurso pode ser importante também para outras ações, como atrair professores visitantes”, destaca Ana Beatriz Pelógia, coordenadora de cooperação internacional da Unitau.

Já a Unicamp, após lançar os sites em inglês e espanhol, pretende seguir os passos da Universidade de São Paulo (USP), que recentemente anunciou a criação de três escritórios internacionais. “No próximo ano teremos um escritório europeu, baseado em Madri, e em breve partiremos também para a América do Norte”, revela José Pissolato Filho, assessor da Vice-Reitoria Executiva de Relações Internacionais da Unicamp.

Entre os objetivos da vice-reitoria da Unicamp, criada há cerca de cinco meses, está justamente o de acelerar o ritmo de chegada de alunos de outros países. “No ano passado mandamos para o exterior quase 800 alunos de graduação e de pós, e recebemos cerca de metade disso”, relata Pissolato.

Também com sites nas versões em inglês e espanhol, além do português, a Universidade do Vale do Itajaí (Univali) mantém desde 2010 um consistente programa de internacionalização. De acordo com Elizabeth Gama, coordenadora de Assuntos Internacionais da Univali, a previsão é enviar para o exterior este ano cerca de 80 alunos e receber 45 estudantes de outros países. A movimentação de estrangeiros cresceu mais após apostar nessa estratégia e partir para a manutenção de acordos com outras instituições internacionais. “Há oito anos vinham do exterior seis ou sete alunos por ano”, compara a coordenadora.

Apoio conveniado
A manutenção de convênios com universidades de outros países está justamente entre as ações mais efetivas para a atração de alunos estrangeiros. “Relativamente à vinda individual de um aluno, convênios são mais perenes e geram mais resultados”, justifica Antonio Manzatto, assessor de Relações Institucionais e Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), que mantém parcerias com aproximadamente 120 instituições estrangeiras, das quais recebe anualmente cerca de 200 alunos.

Mais expostas internacionalmente as instituições brasileiras começam a ganhar a visibilidade de estudantes de outros países. A Universidade Presbiteriana Mackenzie, em agosto, promoveu uma aula inaugural para cerca de 40 alunos de outros países. “Há cerca de cinco anos quase não tínhamos alunos estrangeiros”, conta Claudia Forte, coordenadora Interinstitucional e Internacional do Mackenzie.

Na Universidade Positivo, a cada ano chegam mais de 30 alunos estrangeiros apenas na graduação, a maioria via convênios. Já na pós-graduação, grande parte dos cerca de 20 alunos recebidos do exterior por ano procura diretamente a instituição brasileira. Segundo Larissa Moreira, coordenadora de Relações Internacionais da Positivo, a universidade mantém hoje convênio com 44 instituições estrangeiras com previsão de subir para 50 até o final do ano.

Rossana, do Grupo Coimbra, aposta no “grande interesse” de instituições e alunos de outros países por parcerias com o ensino superior brasileiro. “Só este ano, nosso programa com a OEA recebeu mais de 4,5 mil inscrições”, exemplifica.

E tal interesse pode acentuar-se caso seja estruturada uma “política de internacionalização” do ensino superior nacional, conforme adianta Freire. “Já estamos discutindo essa política com o MEC, e essa demanda vem sendo bem recebida”, enfatiza Freire.

O que precisa para se agremiar
Para integrar-se à Associação de Assessorias de Instituições de Ensino Superior Brasileiras para Assuntos Internacionais (Faubai) a instituição deve primeiro formalizar seu interesse. Segundo José Celso Freire Junior, presidente da entidade, caso a associação seja aprovada, o custo da anuidade é de R$ 1 mil, o que dá direito, entre outras coisas, a participar da reunião anual da Faubai. “No próximo ano essa reunião passará a ser uma conferência, onde será possível apresentar artigos”, adianta Freire. Já o Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras congrega apenas instituições de ensino públicas, filantrópicas ou comunitárias.

 

Na trilha dos rankings
Figurar entre os colocados dos rankings internacionais de avaliação do ensino superior é, secreta ou assumidamente, uma aspiração de instituições que buscam a internacionalização. “Aparecer nos rankings é um passo importante e um objetivo já colocado para nós”, revela Claudia Forte, coordenadora Interinstitucional e Internacional da Universidade Mackenzie. Esse desejo não é algo tão distante, se consideramos o crescimento de 100% da presença de instituições brasileiras no último QS World University. O levantamento traz 22 instituições de ensino superior nacionais, quase o dobro do número de instituições incluídas na edição anterior do estudo. O índice de participação brasileira no ranking segue o dos países pertencentes ao grupo dos Brics. A China aparece no ranking com 25 universidades. Já a Índia possui 13 universidades listadas. De acordo com Ben Sowter, diretor da unidade de inteligência do QS, para participar das avaliações as universidades precisam manter graduação e pós-graduação em pelo menos duas grandes áreas. Para ele, o Brasil ainda tem um longo caminho pela frente caso queira competir, nas avaliações internacionais, com as superpotências tradicionais do ensino, como Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Canadá. “O país tem também muitas oportunidades, mas precisa lidar com questões complexas, e o progresso do ensino superior está associado à evolução da sociedade e da economia”, finaliza Sowter.

 

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