NOTÍCIA
Variando níveis de dificuldade, livro propõe desafios que podem ser levados para a escola
Publicado em 05/07/2013
Seis cavalos num mesmo tabuleiro de xadrez. Números escondidos que devem ser descobertos. Peças de dominós que servem para muito mais do que combinar pares. Teoremas absurdos que parecem verdadeiros. Esse é o mundo de diversões que apresenta Juan Diego Sánchez Torres em sua obra Jogos de matemática e de raciocínio lógico, pela Editora Vozes. Nesse livro, o autor propõe, por meio de cinco capítulos, o contato do leitor com desafios numéricos, geométricos, jogos de xadrez, jogos de dominó, sofismas e enigmas, além de dedicar um capítulo especial às citações de matemáticos famosos.
É bem verdade que não podemos dizer tratar-se de um livro fácil. Embora a proposta seja variar o nível de dificuldade, há problemas mais simples, que envolvem somente o uso de lógica ou das quatro operações básicas, e outros mais complexos, que podem envolver o desenvolvimento de equações matemáticas, séries infinitas ou mesmo integrais. No entanto, mesmo os mais simples podem dar um bocado de trabalho…
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O interessante é que, para aquele que deseja fazer uso pessoal do livro, se divertindo (e quebrando a cabeça!) com os desafios propostos, a estratégia adotada pelo autor ajuda: não são mencionados nem os níveis de dificuldade do problema, nem tampouco qual o conhecimento matemático que deve ser empregado (e nem se a matemática é realmente necessária). Dessa forma, o leitor pode desafiar seus limites e se surpreender a cada problema. Agora, para o professor que deseja selecionar alguns dos desafios para o trabalho em classe, a falta de menção desses dois itens atrapalha um pouco. Nada que impeça esse professor de se debruçar algumas horinhas para resolver e selecionar seus problemas… Mas sem recorrer às soluções! (que, por sinal, estão bem detalhadas ao final de cada capítulo).
Também não espere encontrar um livro colorido e cheio de desenhos. A proposta é fazer você pensar, e não se distrair. E pode ter certeza: você terá a oportunidade de pensar muito, e usar toda a lógica e criatividade de que seu cérebro for capaz.
É importante destacar que, apesar de o texto original ser em espanhol, a tradução da sua obra para o português foi bem realizada, com problemas adaptados, ou mesmo criados, para o contexto brasileiro e do nosso idioma. Você poderá até rir um pouco com desafios alfanuméricos como “CANA + CANA + CANA = TOMBO” ou “AMAR + AMAR + AMAR = CASAR”.
Já para satisfazer aos professores de matemática de plantão ou mesmo os amantes mais iniciados nessa bela ciência, os capítulos que tratam dos sofismas, onde se apresentam absurdos como “0 = 4” ou “todos os números naturais são iguais”, são excelentes desafios para quem quer exercitar sua capacidade (e conhecimento) em encontrar erros em demonstrações. Ao final, não faltam citações de ilustres matemáticos, como esta de Bertrand Russell: “A maioria das pessoas preferiria morrer a pensar. De fato, muitas o fazem”. Convido-os a pensar e viver.
Daniela Alves é mestre em Educação Matemática pela PUC-SP e licenciada em Matemática pela USP. É formadora de professores de Matemática no Sesi-SP e atua na elaboração de itens para processos seletivos.