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Gestão

Atuação do RH de instituições de ensino difere de outros segmentos

Os modelos são diferentes, porém cada vez mais as áreas de recursos humanos das instituições de ensino buscam experiências nas outras, embora seja uma prática que vai precisar de tempo para se consolidar

Publicado em 31/03/2022

por Raul Galhardi

RH_pexels Grupo Marista criou um pool com mais de 70 universidades para compartilhamento de dados e remuneração. Foto: Pexels

Para lidar com a atual conjuntura adversa, as áreas de recursos humanos têm investido no diálogo e na preparação das lideranças de diferentes setores das instituições. A defesa de um RH descentralizado é compartilhada com Adriano Raimundino Dutra, da Fundação Dom Aguirre (FDA), mantenedora da Universidade de Sorocaba (Uniso).“A gestão de pessoas de uma instituição de ensino superior é o conjunto de ações que visa extrair o máximo potencial dos colaboradores”, diz.

“Podemos afirmar que hoje cada chefe de setor e cada coordenador de curso é um gestor de RH”

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Grupo Marista criou um pool com mais de 70 universidades para compartilhamento de dados e remuneração. Foto: Pexels

“Portanto, para que haja maior comprometimento e adequação das tarefas visando à consecução da missão institucional, não há uma gestão centralizada na universidade.”, conta. Durante a pandemia, a parceria entre recursos humanos e outros setores foi vital especialmente para criar consciência entre os colaboradores da importância das normas de segurança sanitária e da vacinação.

Trocas entre instituições

Se o diálogo entre o RH e outras áreas dentro das instituições tem ocorrido de forma intensa, o mesmo não pode ser dito entre as áreas de recursos humanos de diferentes universidades. “Nesse aspecto, o departamento não é muito articulado até porque existem questões internas de empresas que não gostam muito de compartilhar informações. Portanto, essa troca é incipiente”,explica Antônio Alfeu Silva, gerente de Recursos Humanos da Universidade de Fortaleza (Unifor). 

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“Os contatos existem, mas há um receio de se perguntar determinadas informações, como remuneração de funcionários, porque diz respeito mais ao segredo do negócio. Em questões mais simples, porém, o contato é normal”, acrescenta. 

Algumas empresas do setor, entretanto, possuem um hábito de compartilhamento mais efetivo. “Tomamos a iniciativa de trocar informações e salários porque não existia isso nesse mercado”, ressalta Leandro Figueira Neto, diretor de pessoas e cultura do Grupo Marista. Ele diz que o Grupo Marista, utilizando uma consultoria, criou um “pool” de empresas que conta hoje com mais de 70 universidades no qual é feito o compartilhamento de dados de remuneração. 

Ele acredita, entretanto, que deveria haver mais trocas entre as instituições. “Sinto muita falta de não ter isso, porque cada uma tem um modelo diferente. As próprias PUCs, que são ligadas à Igreja Católica, têm características de gestão completamente diferentes.” 

RH tem que ter know how do setor educacional

O setor de recursos humanos das instituições de ensino superior, embora esteja em diferentes níveis de atuação dentro de cada organização, possui algumas qualidades próprias e comuns. “Na essência, as premissas são as mesmas, o que muda é o modelo de negócios. Na educação temos muita regulação, então não basta o profissional conhecer técnicas de RH. É preciso que ele compreenda as regulações para que fale a linguagem do negócio e atenda às necessidades”, explica a gerente do ecossistema Brasília Educacional,  Ahnizeret Ribeiro.

“Você não pode tomar uma decisão de negócio sem saber quais as consequências para toda a comunidade”

Para Figueira, do Grupo Marista, o que difere o RH de uma universidade do de empresas de outras áreas não são tanto as práticas do dia a dia, mas a lógica do setor educacional e os modelos de gestão próprios das universidades. “Os docentes gostam de participar de tudo. É uma característica do trabalho colegiado onde tudo é muito discutido, então para se implantar uma mudança de estrutura de carreira, por exemplo, é preciso mobilizar toda a comunidade acadêmica e mostrar como será esse modelo”, diz ele. 

O fato de os clientes estarem dentro das instalações da empresa também é outro elemento que para ele diferencia a área educacional. “Um aluno pode exigir a presença de um professor que não tem vinculação com os valores da instituição. Existe uma interferência muito direta e você não pode tomar uma decisão de negócio sem saber quais as consequências para toda a comunidade. É algo bem diferente do que já vi em outros segmentos em que eu trabalhei”, afirma.

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Esta matéria sobre RH nas instituições de ensino superior privadas é uma versão condensada da original, publicada na edição de abril/2022 da Revista Ensino Superior. Assine para acessar o conteúdo completo e exclusivo.

Autor

Raul Galhardi


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