NOTÍCIA
Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, sugere a utilização de ferramentas tecnológicas para dar continuidade ao cronograma acadêmico
Publicado em 17/03/2020
Para evitar a disseminação do novo coronavírus, as instituições de ensino superior estão suspendendo as aulas presenciais. Como se trata de uma medida emergencial, muitas ainda estão em busca de orientações para decidir como proceder. A principal dúvida é se vale a pena adiantar o período de férias.
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Na avaliação de Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, a resposta é não. A entidade representativa de instituições de ensino superior realizou na terça-feira, 17, um webinar para esclarecer as principais dúvidas dos gestores educacionais. O encontro virtual reuniu quase mil representantes do setor.
O adiantamento das férias coletivas não é a melhor opção, na opinião de Capelato, porque a medida tem um grande impacto sobre o calendário acadêmico, sobre a programação pessoal de alunos e professores e até sobre a saúde financeira das instituições, considerando o pagamento dos benefícios previstos na legislação trabalhista.
As férias também teriam de ser acordadas com os sindicatos dos professores e os sindicatos patronais, alerta Capelato.
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A alternativa menos problemática seria dar continuidade às aulas, mas a distância, usando ferramentas tecnológicas para viabilizar os estudos e manter a comunicação dos professores com os alunos e dos alunos entre si.
As instituições que têm Conceito Institucional (CI) igual ou maior que 4, por exemplo, tem a possibilidade de oferecer até 40% da carga horária do curso a distância. Estas instituições poderiam concentrar a parte teórica dos cursos nesses 40% e, assim, dar sequência ao cronograma, sugeriu o diretor executivo do Semesp.
Para as questões práticas, as instituições têm a opção de usar laboratórios virtuais – ou até mesmo filmar seus laboratórios – e usar extensivamente as metodologias ativas, recorrendo a estudos de caso, para citar um exemplo. “As instituições terão de usar a criatividade nesse momento, pois os alunos do presencial não vão aceitar uma simples migração de todas as atividades para o EAD, principalmente se for para o modelo vigente em grande parte dos cursos”, pontuou.
Outro ponto central é a manutenção da comunicação, seja por meio da plataforma adotada pela instituição de ensino seja por meio de ferramentais comuns, como o WhatsApp e o Skype. ” O aluno tem de entender que o professor vai continuar com ele, mas de outra forma”, afirmou Capelato.
A necessidade de alterar os planos de aula e ampliar o uso de metodologias ativas vai exigir de muitos professores uma nova postura – mas não só deles.
As instituições de ensino, por meio de seus coordenadores pedagógicos, precisam nesse momento dar suporte aos seus docentes, especialmente para aqueles que não têm tanta familiaridade com a tecnologia, ressaltou o especialista durante a conferência realizada para quase mil gestores educacionais.
Por conta do coronavírus, esta pode ser, aliás, a oportunidade de as instituições contribuírem com o desenvolvimento de seus docentes, preparando-os para o uso das novas tecnologias educacionais – algo que já deveria ter sido feito, aliás. Quem ainda não conseguiu fazer esse alinhamento, terá uma oportunidade agora, finalizou Capelato.
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