NOTÍCIA
Para que os estudantes se destaquem no mercado de trabalho, Celso Lisboa, FMU e São Judas apostam em centro de línguas e parcerias com outras escolas
Publicado em 21/11/2018
Os benefícios de saber um segundo idioma na vida profissional e acadêmica são evidentes, algo que todos concordam, independentemente da área de atuação. Pesquisas recentes só comprovam o que o senso comum já sabia: o levantamento global English at Work, realizado em 2016 pela Cambridge Assessment English , aponta que 70% dos profissionais da área do marketing no Brasil dependem de um bom nível do idioma bretão para ser bem-sucedidos. Esse índice é de 67% na área comercial e de 64% nas áreas de finanças e de atendimento a clientes. Para cargos de alta gestão, nível de diretoria, vice-presidência a presidência, em quaisquer setores, a proficiência na língua inglesa é requisito para 78% dos executivos.
Outra análise em nível global, realizada pela empresa de recrutamento Page Personnel, aponta que, em apenas 10 anos, a fluência no inglês deixará de ser um diferencial para se tornar um dos requisitos básicos para uma colocação no mercado de trabalho – uma posição assumida por muitas empresas já. A mesma pesquisa demonstra que, atualmente, no mundo todo, 60% das vagas profissionais já exigem algum conhecimento de inglês.
Diante desta realidade, muitas IES tomaram a iniciativa de oferecer cursos de línguas – sobretudo o inglês, a atual língua franca – em seus próprios campi. Assim, seja fazendo parcerias com escolas de idiomas ou mesmo desenvolvendo seus próprios projetos, as instituições conseguem ofertar cursos de idiomas de qualidade para seus alunos, criando ainda um diferencial competitivo e com bons retornos tanto no aspecto acadêmico quanto no marketing.
O Centro Universitário Celso Lisboa, no Rio de Janeiro, optou por fazer uma parceria com a Cultura Inglesa para montar seu curso de inglês. Ana Paula Botelho, coordenadora do projeto, conta que a instituição busca oferecer uma formação mais ampla para seus alunos, ajudando-os a maximizar suas possibilidades. As aulas acontecem sem custo adicional desde 2015, mas serão cobradas a partir de 2019. “Apesar disso, o curso de inglês será subsidiado e irá custar 30% do valor de mercado. Foi uma alternativa que encontramos.” Atualmente, 1,2 mil alunos oriundos de diferentes graduações – Psicologia, Farmácia, Fisioterapia, Enfermagem, Engenharia, Administração, Ciências Contábeis, dentre outros – frequentam as aulas on-line e presenciais.
“É muito positivo essa diversidade em uma mesma sala, favorece a integração e estimula o aprendizado”, ressalta Ana. Ela também destaca o interesse de alunos de cursos de ciências por aprender inglês. “Esses estudantes já se conscientizaram de que a ciência de ponta está sendo feita lá fora, todas as revistas científicas importantes publicam em inglês”, relata. Uma das alunas que se dedica a aprender o idioma estrangeiro é Dilma dos Santos Lacerda, matriculada no 9º semestre de Engenharia Ambiental. “Eu só consegui um estágio em uma multinacional por ter indicado em meu currículo que estou estudando inglês”, orgulha-se a jovem. “Todas as vagas a que eu queria me candidatar pediam inglês”, acrescenta.
Ela conta que tinha vontade de aprender a língua, mas nunca frequentou escolas particulares por falta de dinheiro. Na multinacional, logo nos primeiros dias de trabalho, Dilma teve de lidar com planilhas em inglês. “Caí na real e vi que precisava mesmo aprender.” Ela conta que o fato de o curso ser on-line a auxilia. “Se fosse em horários fixos, não ia dar para fazer. No on-line eu consigo estudar nos três períodos da semana em que não tenho aulas o dia todo.”
Habituada ao uso de tecnologias, ela também gosta do sistema de aprendizado via computador. “Dá para ouvir e gravar sua pronunciação, corrigir, tirar dúvidas on-line. E faço tudo no meu ritmo, que é bem iniciante.” As aulas também ajudaram a desenvolver um novo hobby, escutar músicas em inglês acompanhando as letras. “Faço muito isso, virou um passatempo e uma forma divertida de praticar a língua.”
Algumas IES entenderam que a oferta de um curso de inglês próprio também traz benefícios diretos não só para quem estuda, mas para os que ensinam. Thiago Pinheiro Rocha Santos, aluno do 4º ano de Letras, é monitor há um ano e oito meses no Learning Center da Universidade São Judas Tadeu. Ele já falava inglês antes de entrar na faculdade e tinha uma vivência fora do país. Ele conta que a experiência como professor está sendo muito proveitosa. “Aprendemos a teoria e desenvolvemos a prática, treinando já para a licenciatura”, diz. A coordenadora do Learning Center, Cynthia Pichini, explica que a instituição oferece curso de inglês desde 2010, sem nenhum acréscimo na mensalidade.
Com aulas três vezes por semana e dezenas de turmas, o Learning Center tem hoje cerca de 500 alunos e foca a comunicação oral — uma habilidade negligenciada pelo ensino de inglês nos ensinos fundamental e médio. Para estruturar o curso, a IES fez uma parceria com a Editora Macmillan, que fornece o material didático, e as aulas são ministradas por professores e alunos já fluentes do curso de Letras da própria universidade, das modalidades Licenciatura e Tradutor/Intérprete. “É um modelo que está funcionando muito bem, os alunos que colaboram ganham descontos na mensalidade e ainda desenvolvem a prática de ensino”, completa Pichini. A Universidade São Judas Tadeu recentemente foi adquirida pelo Grupo Ânima, que se entusiasmou com o projeto do Learning Center e estuda implantá-lo em todas as instituições sob sua administração.
O Centro Universitário FMU é outra instituição que aliou o ensino de línguas (espanhol e inglês) com as licenciaturas. Os estudantes de Letras que já dominam os idiomas dão aulas para seus colegas, sempre sob a supervisão de professores. Com dez turmas aos sábados e atualmente com 200 alunos, gratuitos para quaisquer estudantes, os cursos de línguas têm fila de espera de um semestre. “Aplicamos a cada semestre um teste para avaliar o nível de conhecimento dos estudantes. A cada diagnóstico, temos pelo menos uma sala de conversação, para quem já sabe bem o inglês. Mas a maioria começa no básico mesmo”, relata Beatriz Santana, coordenadora do curso de Letras. Ela conta que grande parte dos alunos procura o curso para conseguir melhores colocações profissionais, e outra parcela menor se interessa em realizar intercâmbios acadêmicos.
A elaboração dos materiais didáticos também fica sob a responsabilidade dos alunos de Licenciatura, que são orientados a pensar sempre no ensino das quatro habilidades: compreensão, fala, leitura e escrita. “É uma escola de idiomas e também de formação de professores”, explica Santana, ressaltando o comprometimento dos alunos e professores aprendizes. “Como as aulas são aos sábados, fora do turno regular, só vem quem realmente está interessado em aprender ou ensinar.” A coordenadora entende que os cursos de línguas conseguem unir os três pilares que sustentam uma universidade: o ensino, a pesquisa e a extensão. “Os alunos aprendem uma língua estrangeira, seus colegas professores são incentivados a pesquisar para elaborar materiais didáticos e aulas, e a extensão se dá pela aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.”
Saiba as lições da instituição mais inovadora dos EUA