Matrículas cresceram 17%, enquanto a quantidade de vagas, 44,6%. Modalidade continua atraindo pessoas que já estão no mercado de trabalho
Publicado em 19/09/2019
O Censo da Educação Superior 2018, recém-divulgado pelo Ministério da Educação e Inep, mostra que o Brasil avançou muito pouco no ensino superior. Quem faz a avaliação é Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil.
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Como ressalta o especialista, o crescimento do total de matrículas, que chegou a 3% em 2017, foi de apenas 1,9% em 2018. Em relação aos ingressantes (calouros), em 2017 houve aumento de 8%, taxa que caiu para 6,8 % em 2018.
Assim, mesmo com esse crescimento, o ensino presencial registrou queda de 2%. Já o EAD subiu 17%.
Entretanto, não há muito o que comemorar com o aumento do ensino a distância, analisa o economista. As matrículas cresceram, porém, a oferta subiu consideravelmente mais.
Nesse sentido, o número de polos de EAD aumentou 118%, e o de vagas novas, 44,6%. Já a quantidade de instituições que ofertam cursos a distância registrou expansão de 32,9%, enquanto o número de cursos na modalidade EAD subiu 50,7%.
E apesar do número de vagas no EAD ter superado o número de vagas no presencial, a relação ingressante por vaga foi de apenas 19,2, enquanto que no presencial foi 32,6.
Aliás, outro ponto em relação ao EAD, o maior número de jovens está concentrado no ensino presencial. O EAD absorve alunos mais velhos, que já estão no mercado de trabalho. Isso reforça que continuamos absorvendo pouco dos jovens que saem do ensino médio.
A evasão no EAD também é superior ao presencial, 62,2% e 55,6%, respectivamente.
“O que preocupa é a falta de investimento no presencial, já que a modalidade que mais absorve os jovens que acabaram de concluir o ensino médio e que compõem o cálculo da taxa de escolarização líquida”, comenta Capelato.
“O país não pode abrir mão do modelo presencial como estratégia para elevar a taxa de escolarização da população. Mas isso não implica em deixar de lado o ensino a distância. O Brasil precisa acabar com essa divisão entre as modalidades. Todas as instituições credenciadas deveriam estar aptas a oferecer as duas modalidades. Isso melhoraria a diversidade dos cursos e a motivação dos jovens”, explica Capelato.
De fato, cresceu a participação da modalidade EAD no total de alunos novos no ensino superior, de 33,7% em 2017, para 39,9% em 2018. No entanto, considerando o total de matrículas, a modalidade presencial ainda é responsável por 75,7% do total. “O cenário da educação superior não mudou tanto na proporção de matriculas do presencial e EAD.”
Além disso, também chama a atenção a concentração de instituições que ofertam EAD. Das 2.537 instituições no Brasil, apenas 14% oferecem EAD, sendo que apenas 6% destas são responsáveis por 80% das matriculas do ensino a distância.
A realidade dos cursos com mais matrículas nas modalidades presencial e a distância é bem diferente. Assim sendo, a maior concentração de cursos de EAD está em pedagogia e tecnólogos. No presencial, os líderes são direito, administração e cursos da área da saúde.
Da mesma forma, o índice de evasão do presencial não é muito diferente de outros países. Mas o Brasil precisa urgentemente retomar a questão do financiamento para que esse número não piore nos próximos anos, analisa Capelato.
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