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Associação Europeia de Universidades alerta para a excessiva importância dada aos rankings que qualificam as instituições de ensino mundialmente e prejudicam o investimento na diversidade por Melissa Becker, de Birmingham (Reino Unido) Com enfoque na função de pesquisa das universidades, os principais rankings de ensino […]

Publicado em 18/09/2013

por Ensino Superior

Associação Europeia de Universidades alerta para a excessiva importância dada aos rankings que qualificam as instituições de ensino mundialmente e prejudicam o investimento na diversidade

por Melissa Becker, de Birmingham (Reino Unido)

180_24Com enfoque na função de pesquisa das universidades, os principais rankings de ensino superior no mundo têm limitações. Mesmo assim, as listas das melhores instituições influenciam cada vez mais as políticas públicas para o setor.

Essas foram as conclusões apresentadas em relatório recente da Associação Europeia de Universidades (EUA, na sigla em inglês). O estudo Global University Rankings and Their Impact é o segundo levantamento realizado pela organização, que constatou poucas melhorias na metodologia desde a primeira edição do relatório, em 2011.

Ao ressaltar a função de pesquisa, rank­ings globais analisam apenas um dos aspectos das instituições de ensino, em detrimento de outros de igual importância – como desenvolvimento regional e formação de profissionais para o mercado de trabalho ou para necessidades locais, por exemplo. Assim, uma mesma fórmula é aplicada a instituições de perfil diversificado.

“Há muitas tarefas importantes para uma instituição. Se as políticas são basea­das nos rankings e em um certo ideal de instituição de ensino superior, isso pode comprometer as outras missões de uma universidade. Manter o foco em pesquisa é a implicação mais preocupante dos levantamentos”, alerta Tia Loukkola, uma das organizadoras do projeto de revisão de rankings da EUA.

A entidade, que representa 850 universidades em 47 países europeus, ainda encontrou indicações de parcialidade e de falhas nas informações que respaldam os rankings. O mais clássico, de acordo com Tia, seria o que mede a proporção de artigos em periódicos altamente citados – o que favoreceria áreas como medicina, ciências naturais e da computação e engenharias e prejudicaria outras, com mais publicações em livros, como as humanas.

O idioma também interfere: países anglófonos parecem estar mais bem posicionados. No entanto, a pesquisadora não acredita que haja um modo de mudar isso, embora existam esforços por parte de alguns organizadores de rankings.

Para o estudo da EUA, as limitações dos rankings globais de universidades são mais aparentes na análise da performance do ensino oferecido pelas instituições. Nenhum deles teria encontrado um indicador comparável para medir essa qualidade. Um dos problemas principais é que muitos dos indicadores testados dependem do contexto e do caráter do sistema nacional de ensino superior em que cada instituição está inserida.

“No ensino, as políticas nacionais e contextos regionais são ainda mais cruciais, enquanto que, na pesquisa, a natureza é mais internacional. Encontrar uma forma de medir a qualidade de ensino que funcione globalmente é inviável no momento”, considera Tia. Outro destaque do relatório está relacionado ao impacto dos rankings na criação de políticas públicas e para o desenvolvimento do ensino superior.

Contexto brasileiro
No Brasil, o perfil das instituições de ensino superior é bastante diverso – faculdades, centros universitários e universidades atendem necessidades regionais, formam para mercado e investem em pesquisa, cada qual com características próprias e importâncias mais ou menos distintas. Mas melhorias nas ferramentas de transparência usadas pelos rankings seriam capazes de medir a qualidade dessas instituições de forma mais precisa futuramente?

“Na Europa, temos essa mesma discussão. Há muitas instituições orientadas à formação profissional de excelente qualidade e que não estão em um ranking global”, constata Tia.

Para Susan Robertson, especialista em Sociologia da Educação da Universidade de Bristol, na Inglaterra, o “clube global do que interessa” é tipicamente definido em termos da língua inglesa.

Desmedida pontual
Apesar de o relatório da EUA apontar que houve melhorias nas ferramentas de transparência desde a sua primeira edição, em 2011, Tia Loukkola não vê nenhum dos rankings analisados indo na direção certa para um levantamento mais justo do ensino superior mundo afora. Para ela, todos têm algum aspecto positivo, mas também falhas.

Ter uma variedade de rankings poderia ser uma solução, mas Susan alerta que rankings sempre parecem uma ciência em que podemos medir meticulosamente que uma instituição é melhor que a outra. Ao olhar diferentes levantamentos, percebe-se que cada um tem universidades de níveis completamente diferentes.

“Acho que confundimos prestação de contas com rankings, e rankings é um esforço singular de sugerir que essa é uma ferramenta para prestação de contas. Em muitos casos, é mais sobre vender exemplares de jornais do que ser um sistema autêntico de prestação de contas que funciona no interesse das universidades”, critica a especialista.

Neste contexto, Malcolm Press, diretor do Instituto de Estudos Avançados e pró-reitor da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, aposta que instituições de ensino superior devam acertar sua estratégia, focando em excelência e garantindo que a qualidade do que fazem é divulgada e reconhecida de forma local, nacional e internacional.

“Estudantes, funcionários e agências de financiamento estão alertas para a diversidade do setor e sensíveis aos modos em que as missões diferem entre instituições menores, mais novas ou mais especializadas em comparação com as Harvards do mundo. Perseguir a lista dos melhores é um erro. É melhor que cada universidade tenha uma visão clara e confiante de suas ambições e de como conquistá-las, assegurando a quem interessa que também o saiba”, sugere.

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