Inovação

Colunista

Marina Feferbaum

Coordenadora do CEP e da área de metodologia de ensino da FGV Direito SP

Prêmio Esdras reconhece docentes no ensino jurídico

O Prêmio Esdras recebe inscrições até dia 6 de junho, e neste ano enfocará especialmente o uso de tecnologia como apoio ao processo de aprendizagem e o grau de inovação, na busca para reconhecer as boas práticas de ensino no Direito.

Prêmio Esdras Foto: reprodução

Durante a pandemia do Covid-19 muitos profissionais foram vistos como “heróis”. Os profissionais de saúde enfrentaram jornadas exaustivas e exposição ao vírus, até então desconhecido. Entregadores levavam mercadorias essenciais às casas das pessoas. Várias atividades precisaram continuar e formas de desenvolvê-las foram criadas. O ensino foi uma delas. Professores e professoras foram vistos, muitas vezes, como “heróis” também. 

Antes da pandemia, especificamente no curso de Direito, a maior parte das aulas era ministrada presencialmente. Acostumados a esse tipo de modalidade, docentes tiveram que aderir ao ensino remoto emergencial no improviso. As aulas adentraram suas casas e eles tiveram que dividir o período com o cuidado familiar. Nesse cenário, o trabalho que professores têm para fazer com que o ensino seja significativo para seus alunos e alunas ficou evidente.

Leia: Direito: maior a procura e mais concorrência entre IES

Essa realidade trouxe novos parâmetros e questionamentos, sobretudo após o retorno presencial ou modalidade híbrida que muitas instituições de ensino superior (IES) realizaram no final do ano passado e início desse ano. Agora, professores se perguntam sobre como se comportar nesse novo cenário, de modo que as práticas de ensino façam sentido. Quais atividades precisam ser realizadas presencialmente? Quais atividades são melhor desenvolvidas de modo remoto ou de modo presencial? É possível realizar atividades híbridas, aproveitando o melhor do mundo on-line e do mundo off-line? Como fazer com que os encontros em sala de aula sejam significativos?

Para encontrarmos caminhos para estas perguntas, pensamos que o primordial é o diálogo entre docentes e o pensar de modo colaborativo. Professoras e professores tiveram que se reinventar neste período e muitos já pensaram atividades para lidar com a nova realidade. Várias dinâmicas são apropriadas para mais de uma instituição e o mesmo perfil de alunado. Mas muitas vezes elas permanecem escondidas, seja por falta de registro, seja por falta de troca entre professores.

Entendemos também que o reconhecimento dos professores e suas boas práticas é uma parte essencial do processo de aprendizagem e melhoria constante dos e das docentes. O reconhecimento não apenas traz a público o que é feito, mas fortalece o profissional em sua instituição, perante a coordenação, os pares e o corpo discente. Essa valorização é fundamental para dar confiança e estímulo à inovação.

Um exemplo de iniciativa que procura fomentar os dois objetivos é o Prêmio Esdras de Ensino do Direito, criado em 2014, com periodicidade bianual, e que leva o nome do professor Esdras Borges Costa, que teve participação importante no processo de consolidação da metodologia do ensino participativo no Direito da FGV-SP.. O prêmioEle busca reconhecer boas práticas de ensino no Direito na graduação, pós ou disciplinas desta área em outros cursos. Ao longo das edições foi criado o Banco de Materiais de Ensino Jurídico Participativo. O banco, disponível a docentes de todas as áreas, é um ambiente colaborativo, composto por notas de ensino de professores de várias instituições. A terceira edição do Prêmio Esdras, realizada em 2020, durante a pandemia, já trouxe exemplos de atividades desenvolvidas ou totalmente de modo on-line ou de modo híbrido, além de outras realizadas de modo presencial.

Com base na nossa experiência com a premiação, notamos que todas essas atividades têm em comum o protagonismo dos estudantes, além de garantir que todos os encontros entre professores e estudantes, sendo eles on-line ou presenciais, sejam significativos e façam sentido. Embora as atividades tenham sido desenvolvidas antes do ensino remoto emergencial, elas já mostravam que é possível mesclar atividades síncronas com assíncronas, além de ser possível realizar muitas atividades on-line com o apoio da tecnologia. 

A atividade ganhadora do 3º Prêmio Esdras, Masterchef empreendedora: sonhos e aprendizados, foi realizada em uma pós-graduação na área de direito empresarial e pode ser adaptada e realizada também em uma graduação uma atividade síncrona realizada em uma aula. Ela pode ser replicada no ensino presencial ou on-line, empregando várias estratégias de ensino e pode ser realizada em uma aula ou desdobrada em mais momentos.

Uma das atividades que recebeu menção honrosa é um exemplo de atividade realizada de modo híbrido. Diplomacia em Sala de Aula, um jogo desenvolvido durante o semestre todo, utilizou-se das aulas presenciais para explicar conceitos essenciais da disciplina da área de concentração de Direito Internacional e Relações internacionais, bem como as regras do jogo. Entretanto, a atividade principal, o jogo Diplomacy em versão on-line, foi realizada de modo assíncrono e fora de sala de aula. 

Outras atividades que receberam menção honrosa na terceira edição do prêmio foram realizadas presencialmente. O Labirinto do Conflito foi uma atividade desenvolvida presencialmente no âmbito da graduação em várias aulas. Utilizando-se da técnica de design thinking, foram desenvolvidas atividades presenciais e de modo assíncrono à aula. Já a Abordagem Baseada em Direitos Humanos, disciplina que tem atividades de ensino pesquisa e extensão, foi realizada de modo presencial e teve também atividades assíncronas presenciais. 

Quantas atividades inovadoras surgiram neste período, considerando que docentes, “heróis e heroínas”, precisaram se reinventar? Além de compartilhar estes saberes entre nós, precisamos reconhecê-los. Com este pano de fundo está lançada a 4ª Edição do Prêmio Esdras, que recebe práticas inovadoras de ensino de todo o Brasil e, pensando nesta abrangência, continuará recebendo propostas por meio de formulário online e terá a atividade de premiação realizada de modo online e síncrono. O Prêmio Esdras irá selecionar atividades inovadoras e focadas no protagonismo dos estudantes para compor o banco de materiais.

Nesta edição, a comissão julgadora está especialmente interessada no uso de tecnologia como apoio ao processo de aprendizagem e o grau de inovação. Considerando o contexto da pandemia, para aplicações futuras que não se limitem ao ensino remoto emergencial. 

Sabemos que ao longo desse período muito foi feito. Convidamos você a partilhar o que fez e ser reconhecido por isso. As inscrições de atividades na 4ª Edição do Prêmio Esdras estão abertas até o dia 06 de junho. Qualquer docente pode, então, colaborar na construção deste novo paradigma de ensino, participando do desenvolvimento do banco de materiais com atividades significativas e que façam sentido on-line e off-line. Essa nova realidade já começou e podemos ser reconhecidos pelo nosso trabalho. 

Autores

* Marina Feferbaum é coordenadora do Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação (CEPI) e da área de metodologia de ensino da FGV Direito SP, onde também é professora dos programas de graduação e pós-graduação e é da comissão organizadora da 4ª Edição do Prêmio Esdras;

Guilherme Forma Klafke é líder e gestor de projetos no Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação da FGV Direito SP (CEPI), onde também é professor do programa de pós-graduação lato sensu e é da comissão organizadora da 4ª Edição do Prêmio Esdras;

Deíse Camargo Maito é pesquisadora do Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação da FGV Direito SP (CEPI) e é também cocoordenadora do Grupo de Estudos em Formação Docente e Metodologia do Ensino do Direito da FDRP/USP;

André Rodrigues Corrêa é professor dos programas de graduação e pós-graduação da FGV Direito SP e é da comissão organizadora da 4ª Edição do Prêmio Esdras.

Por: Marina Feferbaum | 29/05/2022


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