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Ensino Médio

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Alunos e diretores de escolas paulistas apontam que é preciso investir em soluções contra o cansaço e a própria condescendência da escola com os estudantes








Gabo Morales
Estudantes do ensino noturno esperam aulas mais dinâmicas
Ao conversar com educadores e alunos de duas escolas estaduais na capital paulista, é possível perceber que não há quem não veja a necessidade de mudanças no ensino médio noturno. As propostas neste sentido apontam praticamente em uma única direção: tornar mais dinâmicas as aulas à noite. Curiosamente, os diretores das duas instituições visitadas – a escola Emiliano A. C. A. e Melo Di Cavalcanti e a Luiz Gonzaga Travassos da Rosa – fazem menção ao quadro-negro. “Acho que cada escola pode tentar buscar suas alternativas, porque escola é um lugar muito chato. O professor tem giz e lousa. E com giz e lousa o professor nunca vai prender o aluno”, opina Celso Renato Teixeira, há um ano na direção da Travassos, em 17 anos de docência.

Para Léa Nemoto Matsuura, há 22 anos na Di Cavalcanti e há 10 na direção, seria preciso sair do modelo “engessado” de sala de aula. “O aluno que trabalha chega cansado para a aula. Aquela aula só giz e lousa cansa. Precisa haver essa mudança para estimular os alunos”, comenta. Léa acredita que a ligação entre ensino médio e profissionalização também ajudaria a manter os alunos na escola. Entre os alunos, a questão da dinâmica está, quase sempre, associada à ideia de saídas a campo e uso dos laboratórios. “Acho que as aulas da noite deveriam ser mais dinâmicas, com mais atividades nos laboratórios, aulas mais práticas”, avalia Caroline Nunes da Cruz, de 17 anos, aluna do 3º ano na Di Cavalcanti. Ela mudou no meio deste ano para o turno da noite, em função de um emprego que havia conseguido. A diferença, para ela, é a sua disposição. “Quando se vem do trabalho, a gente vem um pouco mais cansada e aí vai do aluno de tentar se esforçar um pouco mais.”

Daiane Silva de Lima, 17 anos e aluna do 3º ano na Travassos da Rosa, também mudou recentemente para o noturno, em função de ter dado à luz e precisar ficar com o bebê durante o dia. Ela nota a diferença em relação ao tipo de atividades realizadas em cada turno: “Quando eu estudava à tarde, a professora de química fazia bastante coisa no laboratório”. Para ela, mais pesquisas pela internet e usar mais computadores na escola ajudariam a melhorar o ambiente de estudo. A estudante também nota que, à noite, os professores são mais condescendentes com os alunos. “À noite o professor também pega menos no pé, porque eles entendem que estamos cansados. Passam menos trabalho, menos lição.” Jean Henrique Raymundo Garcia, 17 anos e aluno do 2º ano na Di Cavalcanti, também acha que, à noite, há menos cobrança em relação à disciplina. Mas a principal diferença, para ele, segue sendo a realização das aulas. “As aulas da manhã são mais dinâmicas. À noite não tem essa química entre aluno e professor. O professor à noite deveria propor uma metodologia diferente.”

Autor

Amanda Proetti e Cristina Charão


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