Revista Ensino Superior | Acertar no alvo - Revista Ensino Superior
Personalizar preferências de consentimento

Utilizamos cookies para ajudar você a navegar com eficiência e executar certas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies sob cada categoria de consentimento abaixo.

Os cookies que são classificados com a marcação “Necessário” são armazenados em seu navegador, pois são essenciais para possibilitar o uso de funcionalidades básicas do site.... 

Sempre ativo

Os cookies necessários são cruciais para as funções básicas do site e o site não funcionará como pretendido sem eles. Esses cookies não armazenam nenhum dado pessoalmente identificável.

Bem, cookies para exibir.

Cookies funcionais ajudam a executar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.

Bem, cookies para exibir.

Cookies analíticos são usados para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas o número de visitantes, taxa de rejeição, fonte de tráfego, etc.

Bem, cookies para exibir.

Os cookies de desempenho são usados para entender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência do usuário para os visitantes.

Bem, cookies para exibir.

Os cookies de anúncios são usados para entregar aos visitantes anúncios personalizados com base nas páginas que visitaram antes e analisar a eficácia da campanha publicitária.

Bem, cookies para exibir.

NOTÍCIA

Edição 224

Acertar no alvo

A leitura de textos não pedagógicos pode conter novas chaves para a tarefa docente. Afastar-se do emergencial muitas vezes permite descobrir novos ângulos para contemplar os elementos de nossas angústias e pesadelos

Publicado em 01/12/2015

por Gabriel Perissé

© iStockphoto

Para acertar no alvo educacional é necessário exercitar a destreza docente. O alvo move-se constantemente e os ventos atrapalham nossos cálculos. Temos de melhorar nossa mira, portanto, e a leitura sempre nos orienta nesse sentido. A leitura educadora nos aprimora a pontaria.

Lendo textos não pedagógicos com olhos de educadores, descobrimos inspirações para nossa tarefa teórico-prática. Um texto não professoral me mostra que a didática deve ser criativa e inusitada, leve e precisa. Um texto ficcional me mostra aspectos que meu limitado realismo não alcança. Um texto de literatura infantil me ensina a recuperar a flexibilidade mental.

A leitura educadora é criativa, na medida em que estabelece um nexo entre o que se lê e o que se vive. O intérprete, conforme a etimologia, descobre o “preço” (pretium em latim) que existe “entre” (inter, prefixo latino) a realidade do texto e a realidade da sala de aula. O intérprete estabelece essa “negociação” entre o mundo ficcional e o mundo escolar. Os professores que interpretam suas mais diversas leituras (e não só de textos e temas pedagógicos) tornam-se mais aptos a interpretar e equacionar os problemas inerentes à sua, à nossa vida profissional.

A distância que aproxima

Um dos paradoxos da literatura consiste em atingir o real, trabalhando com a fantasia. A ficção bem elaborada, os personagens inventados, os conflitos absurdos, as cenas imaginadas, os diálogos que jamais existiram, tudo isso que não é real nos convida a conhecer melhor o verdadeiro mundo.

A distância que há entre o texto inventado e as coisas reais é justamente o que aproxima o leitor da sua própria realidade. Do seu alvo.

No livro O alvo (Editora Ática, 2011), Ilan Brenman (acompanhado pelo excelente ilustrador Renato Moriconi) conta a história de um velho professor polonês do século XIX, em cuja escola (e para além da escola) ensinava tudo. Mais do que professor que cumpre o currículo mínimo, ele fazia o máximo, e por isso (de novo o latim…) era magister (em latim, magis significa “mais”), mestre.

O que fazia dele um mestre não era, porém, a erudição, e sim a capacidade de contar histórias. E era impressionante como tinha sempre uma história que iluminava os problemas que não só os alunos, mas gente de toda a cidade vinha contar-lhe, à espera de um sábio conselho.

O conselho certeiro, porém, não é aquele que resolve tudo, mas nos convida a pensar melhor o próprio problema, e a extrair a solução que está embutida na situação problemática.

A história parece nos distanciar do problema, mas aí está o paradoxo: ao nos afastarmos do emergencial, conseguimos contemplar os diversos elementos de nossas angústias e pesadelos. Para os professores, é fundamental participar de cursos, palestras e oficinas que os ajudem a sair do redemoinho dos problemas cotidianos, a fim de retornar com maior disposição para solucioná-los.

Uma história dentro da história

Certo dia (sempre existe um “certo dia” nas histórias instigantes, momento crucial em que o herói é desafiado a superar novas dificuldades), determinado aluno fez ao professor uma pergunta que mais parecia uma flechada:

– Como o senhor sempre consegue encontrar uma história certa, para a pessoa, no momento certo? Todos na cidade dizem que o senhor nunca errou ao contar uma história que faz o outro refletir sobre seus problemas. Como isso é possível?

Como não podia deixar de ser, o professor, para responder àquela pergunta, contou-lhe uma história!

A história contada dentro de uma história que se está contando é técnica ancestral das mil e uma histórias que em todos os tempos e lugares compõem os ensinamentos que transcendem as paredes e muros das escolas.

Aliás, deveríamos abrir mais portas e janelas em nossas escolas (e mesmo em nossas universidades!) para que por elas entrassem as inúmeras histórias que circulam mundo afora. Aprenderíamos bastante!

Ao contar mais uma história, o mestre já está respondendo. Atacar os problemas de modo abrupto, de modo precipitado, dificilmente traz bons resultados. O melhor é (assim nos ensina o contador de histórias) concentrar nossa atenção numa alegoria, numa metáfora, numa narrativa que, inventada, nos fará reinventar o real.

E lá vem a outra história:

– Há alguns anos, na nossa capital Varsóvia, existia um jovem apaixonado pela arte do arco e flecha. Ele convenceu os pais a lhe pagarem um curso de arqueiro numa renomada escola da cidade.

Nessa história contada dentro da história, o exímio arqueiro em que se transformou aquele jovem conhece um menino franzino (mas esperto) que conseguira realizar algo espetacular:

Ele viu um cercado de madeira comprido e todo pintado com mais de cem alvos, e o mais incrível: todos os alvos tinham marcas de flechadas bem no centro, na pontuação máxima.

O autor daquela proeza, o menino, tinha sua própria técnica, paradoxal. Ele primeiro atirava cem flechas, e depois pintava os alvos em volta.

Quem pinta histórias em volta dos problemas sempre acerta no alvo!

Autor

Gabriel Perissé


Leia Edição 224

Um tempo e um espaço de formação

Um tempo e um espaço de formação

+ Mais Informações
Crime e castigo

Crime e castigo

+ Mais Informações
As dobras da língua

As dobras da língua

+ Mais Informações
Separação controversa

Separação controversa

+ Mais Informações

Mapa do Site

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.