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Ensino edição 227

O fim dos empregos?

O uso da automação e da inteligência artificial deve dizimar milhões de empregos até 2020. Mas novas profissões também vão surgir

Publicado em 04/04/2018

por Diego Braga Norte

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Uma pesquisa de 2016, coordenada pelo Fórum Econômico Mundial nas quinze maiores economias do mundo, estima que o uso da automação e da inteligência artificial pode dizimar milhões de empregos até 2020. Com uma economia ainda pouco diversificada, países como China, Índia, Brasil são os que mais tendem a fechar postos de trabalho. Somente em nosso país, 54 milhões de pessoas poderão ver suas funções automatizadas. Dentre as áreas que mais podem sofrer cortes estão a industrial (69%), a hoteleira (63%) e a de transportes (61%).

Mas os resultados apresentados não pretendem soar catastróficos. O fato de uma atividade poder ser automatizada não significa necessariamente que ela vá ser. E mesmo atividades automatizadas não implicam impreterivelmente o fim de empregos. Aqui é válido citar o clássico exemplo dos caixas eletrônicos. O uso maciço desses aparelhos aumentou a demanda por bancários entre os anos 2000 e 2010, pois a tecnologia barateou a abertura de novas agências.

Outro estudo, conduzido pela consultoria global Accenture, aponta que somente nos Estados Unidos, o crescente uso da inteligência artificial pode otimizar uma série de atividades e serviços, aumentando o PIB entre 2,6% e 4,6% até 2035 — o suficiente para compensar as perdas de postos de trabalho. Esse mesmo fenômeno tende a se repetir nos demais países.

É razoável concluir que computadores, sistemas e robôs irão tomar o emprego de trabalhadores que hoje se dedicam a fazer contas e projeções (como analistas de risco e gestores de fundo de investimento), ou análises técnicas (analistas de projeto, consultores econômicos e legais, e até alguns diagnósticos médicos). Isso, aliás, já está em curso.

Mas, por outro lado, novas oportunidades estão surgindo. O diretor do Instituto de Tecnologia & Sociedade (ITS), Sérgio Branco, conta que quando ele se formou em Direito, em 1996, sua atual profissão ainda não existia e sequer estava num panorama próximo. “Hoje eu trabalho com uma tecnologia e com implicações legais que na época nem sequer tinham sido concebidas. Com os jovens hoje é provável que aconteça o mesmo processo”, arrisca.

André Vieira, vice-presidente de RH da filial brasileira da multinacional alemã T-Systems, conta que sua empresa atua em uma área de altíssima especificidade técnica e rápido desenvolvimento tecnológico (redes, soluções de TI, computação em nuvem, integração e segurança de sistemas) e, por isso mesmo, precisa de mão de obra qualificada mais jovem para conseguir dialogar com os avanços e entender as novas demandas. Por isso, a empresa mantém parcerias com universidades e um programa de trainees. “Os jovens de hoje chegam aqui ‘voando’, falando inglês e dominando a parte técnica”, relata. “Em muitas empresas como a minha, a troca de experiências dessa nova geração com os mais velhos é importantíssima para os resultados e avanços”, completa.

O professor da Universidade Harvard, Richard Freeman, é especialista nos efeitos da inteligência artificial na economia. Ele vaticina que os robôs saberão fazer tudo melhor que os humanos, mas, no entanto, as máquinas sempre precisão não apenas de programadores técnicos, mas também de uma interface humana. “É muito importante que as crianças aprendam linguagem de computador. Não precisam virar programadores, mas entender o que as máquinas são capazes de fazer, para poder funcionar nesse novo mundo”, disse Freeman em entrevista à Folha de S. Paulo.

Somente os humanos podem se relacionar entre si e se movimentar em diferentes culturas e contextos; somente os humanos possuem inteligência emocional e sensibilidade para enfrentar dilemas morais e éticos em quaisquer profissões.

Autor

Diego Braga Norte


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