Internacionalização

Colunista

Alberto Costa

Senior assessment manager américas, na Cambridge Assessment English. Aborda internacionalização das IES

Internacionalização de sucesso: conheça cases

Para as universidades que buscam lapidar os talentos brasileiros, ainda mais em um momento em que a mobilidade acadêmica e o intercâmbio seguem impactados pelo atual contexto sanitário

internacionalizacao_kuba karon Foto: Pexels

Para iniciar 2022, que tal buscar inspirações que gerem aprendizados interessantes que podem ajudar no desenvolvimento da política e do programa de internacionalização da sua instituição? Para te ajudar, hoje vamos mostrar casos estrangeiros de universidades e instituições de ensino superior que aplicaram testes multinível em seus alunos em um procedimento que as auxiliou a entender quais eram as habilidades do corpo discente para avaliar se estão aptos para seguir com seus estudos.

Com informações e relatórios detalhados sobre as competências dos estudantes, as instituições conseguiram entender qual seria a melhor solução para suprir as lacunas de conhecimento do idioma. E, a partir disso, tiveram mais segurança ao implementar conteúdos na língua estrangeira e ao criar versões dos cursos que já ofereciam.

Confira abaixo nossa seleção:

Glion Institute of Higher Education

A Glion Institute of Higher Education é uma renomada escola suíça de gestão hoteleira que provê para seus alunos educação internacional de alta qualidade. E um dos pontos principais da instituição é garantir que seus alunos graduados irão entrar no mercado de trabalho com um alto nível de inglês, isto é, preparados para se comunicar perfeitamente no segundo idioma.

Como forma de garantir que seus estudantes irão alcançar o nível que a Glion espera para aqueles que estão se graduando nos cursos, a universidade oferece o curso Hospitality English Language Program (IHELP), que foca no ensino intensivo do inglês e no vocabulário voltado para a indústria da hospitalidade. E, para avaliar o inglês dos participantes, a Glion escolheu o teste multinível Linguaskill.

Para ingressar em um dos cursos da Glion, é mandatório que o indivíduo comprove o domínio do nível B2 ou C1 do Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (CEFR). Caso ainda não estejam nesse patamar, os matriculados têm a opção de realizar o curso antes de iniciar a graduação e, para entender a evolução dos alunos, o teste de Cambridge English é aplicado no início e no final do programa. Então, a ferramenta tem dois objetivos: medir o progresso dos alunos e certificar que todos tenham o nível adequado e podem prosseguir com seu programa de formação.

Leia: Apesar de surto da variante Ômicron, campi nos EUA negam obrigatoriedade da vacina

Segundo o Gerente Sênior de suporte à aprendizagem, Andrew Keohane, aplicar os testes de forma mais flexível e poder escolher datas e horários das provas, além de trazer resultados imediatos e imparciais estão entre as grandes vantagens. E o relatório liberado pelo teste multinível auxiliou a instituição a ter uma compreensão muito mais detalhada sobre o desempenho dos alunos, seus pontos fracos e fortes – informações essas que permitem à Glion tomar decisões fundamentadas e comparar o desempenho dos estudantes.

INP Grenoble

O INP Grenoble é um instituto de engenharia francês que precisa cumprir as regras estabelecidas pela Commission des Titres d’Ingénieur (CTI), órgão que regulamenta os cursos de engenharia. Então, a instituição precisa ajudar seus estudantes a comprovarem o nível B2 ou superior do Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (CEFR), por ser um dos requisitos para a graduação.

A partir dessa premissa, quando os alunos ingressam no curso de três anos do INP, todos eles realizam o teste multinível Linguaskill. Essa etapa permite que a instituição de ensino identifique quais pessoas já estão no nível B2 e quais precisarão de aulas adicionais do idioma para alcançá-lo.

Para quem já está no nível adequado de inglês, as aulas não são apenas para ensinar mais habilidades linguísticas, mas sim para preparar os futuros profissionais do mercado da engenharia com termos técnicos da área necessários para uma boa e eficiente comunicação.

O instituto quer que os alunos saiam com conhecimento do inglês técnico para todos os setores da engenharia, desde o controle automático e sistemas inteligentes, engenharia de energia elétrica, engenharia de energia nuclear, sistemas integrados e dispositivos conectados, engenharia financeira, materiais avançados para inovação e sustentabilidade e engenharia biomédica.

Anualmente, os alunos do INP realizam aproximadamente 1.500 testes de leitura e compreensão auditiva do Linguaskill. Mas, segundo o professor de inglês da instituição, Robin Sen, uma das vantagens da ferramenta é a flexibilidade. Então, se em algum momento o CTI decidir que as habilidades produtivas (escrita e expressão oral) são importantes, o instituto poderá, facilmente, incluir a avaliação dessas habilidades no conjunto avaliado. Além disso, o professor vê que o resultado mostra um retrato muito confiável do nível de inglês do aluno.

E, mesmo durante a pandemia de covid-19, o INP Grenoble conseguiu seguir aplicando os testes, já que a avaliação pode ser realizada de forma remota. Dessa forma, a instituição conseguiu continuar atestando o nível de seus alunos e garantindo que não haja lacunas de conhecimento.

Os exemplos que citamos acima são cases dentro de sistemas educacionais muito diferentes entre si e do que o que temos aqui no Brasil, mas têm um ponto em comum: eles se apoiam nos dados gerados pelo teste não para aprovar ou reprovar alunos em seus processos seletivos, mas sim para orientar como seus programas serão elaborados de forma a desenvolver a garantir o melhor aproveitamento dos alunos.

E essa é uma lição valiosa para as universidades que buscam lapidar os talentos brasileiros, ainda mais em um momento em que a mobilidade acadêmica e o intercâmbio seguem impactados pelo atual contexto sanitário. 

Leia também: Podcast Mundo Ensino Superior no ar

Por: Alberto Costa | 07/01/2022


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