NOTÍCIA
Um raro estudo que, além de descortinar horizontes, encontra pontos que obrigatoriamente todas as IES vão ter de percorrer na busca por sua continuidade
Publicado em 16/03/2022
O relatório Futuro do Ensino Superior: tendências, perspectivas e questionamentos é um audacioso levantamento realizado pelo Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação (CEPI) da FGV SP, que pode dar bons parâmetros de condução das IES, neste momento tão móvel da sociedade.
A Faculdade de Direito de São Paulo se impôs a descortinar o futuro do ensino superior, 20 anos depois de seu início pela iniciativa privada. Meta ousada, avançar sobre o futuro em momento tão móvel da sociedade, porém, necessária para instigar novas atitudes, desafiar.
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Coordenado por Marina Feferbaum e Alexandre Pacheco da Silva, a partir de buscas no Google Scholar, Ebsco FGV e Scielo, através de palavras-chave como “future of higher education”, “post covid higher education”, “hybrid learning” e “blended learning” e também da análise crítica de referências trabalhadas em instituições de cada continente do mundo, os relatório final identifica nove tendências de “futuros preferíveis”.
A internacionalização envolve um aumento das parcerias e convênios com professores, instituições de ensino superior, empresas e organizações de diferentes países, com criação de campi internacionais, ofertas de codiplomação, redes de pesquisa, além do movimento chamado internacionalização “em casa”, que engloba universidades virtuais, atividades extracurriculares, diferentes métodos de ensino, integração com bibliografia e docentes de diferentes partes do mundo.
Deve-se buscar o fortalecimento de instituições de ensino superior orientadas para necessidades locais e para resolução de problemas concretos dos cidadãos, governos e empresas da região, visando a promoção da transformação social.
O ensino superior deve assumir a responsabilidade de promover o bem-estar da terra, bem como contribuir para o desenvolvimento social e econômico. Por conta da crise pandêmica, problemas de degradação ambiental e desigualdade social foram evidenciados, o que pode ensejar um movimento mais intenso para formar estudantes capazes de realizar transformações sociais positivas e buscar novas políticas e práticas institucionais sustentáveis.
Em uma primeira perspectiva, a democratização pode ser sinônimo da ampliação do acesso ao ensino superior, via ampliação da taxa de crescimento de matrículas, de promoção de políticas públicas, concessão de bolsas de estudo, abertura de vagas e cursos. A democratização pode ser enxergada como o processo de gestão democrática da educação, com participação de profissionais da educação e da comunidade na condução do projeto político-pedagógico.
Com a complexidade e mudanças rápidas do mundo, o aumento da idade de aposentadoria e pressão por maior produtividade, surge com mais constância a necessidade de requalificação de profissionais já inseridos no mercado, o que exigirá respostas das universidades para que possam integrar estudantes de diferentes idades e trajetórias, transformando o ambiente universitário em um ponto de encontro e trocas de experiências, através do oferecimento de diferentes modalidades de cursos.
A busca por uma formação integral e multi, inter e transdisciplinar se relaciona a uma mudança fundamental de paradigma, a passagem de um modelo disciplinar fragmentado para um modelo multi, inter e/ou transdisciplinar, que integra diferentes formas de saber e dimensões do ser humano. Tal movimento envolve três elementos principais: a) desintegração de fronteiras disciplinares, b) formação que leve em conta diferentes dimensões dos sujeitos e (c) valorização de diversas formas de saberes.
A personalização oferece oportunidade para que os estudantes reflitam sobre a própria aprendizagem e declarem propósitos ou metas individuais para o desenvolvimento pessoal e profissional. As instituições passam a auxiliar os estudantes nesse processo, para que possam construir sua identidade pessoal e profissional de forma significativa. Tal tendência pode ser facilitada por meio do uso de tecnologias de aprendizagem adaptativa que proporcionem, por exemplo, que os alunos trilhem caminhos personalizados de acordo com suas potencialidades e dificuldades demonstradas a partir de avaliações.
A tendência de protagonismo e cocriação está relacionada à mudança de paradigma do ensino. Implica sair de um ensino centralizado no papel de professores para um ensino centrado nos estudantes. Para colocá-la em prática é necessário repensar o desenho dos cursos e valorizar não só a participação, mas o protagonismo dos e das estudantes, propiciando que desenvolvam sua própria opinião e pensamento crítico acerca das temáticas propostas.
Essa tendência se relaciona a questões de inclusão, ao enfrentamento do sofrimento psíquico e à promoção do bem-estar dos estudantes, professores e funcionários das instituições de ensino superior.
Envolve três eixos: (a) cuidado com o bem-estar; (b) construção de comunidades de aprendizagem e (c) equidade em todo o processo de aprendizagem.
O papel da tecnologia na educação se mostra complexo e plural, agregando diferentes dimensões, tais como: a) tecnologia como conteúdo curricular; b) tecnologia como ferramenta de aprendizagem; e, c) humanização e reflexão crítica sobre o papel da tecnologia, que passamos a analisar.
O documento é organizado em três partes e os detalhes você pode conferir na matéria completa da edição de março/2022 da Revista Ensino Superior. Assine.
Tendências para 2022 prenunciam o esperado: inovação e consolidação