NOTÍCIA
Celebrado em 28 de abril, o Dia Mundial da Educação traz um cenário complexo para os brasileiros muito por conta dos efeitos da pandemia na aprendizagem
Publicado em 28/04/2022
Por Daniel Garcia Correa*: Segundo a nota técnica elaborada pelo Todos pela Educação com da Pnad Contínua/IBGE, do segundo trimestre de 2021, entre crianças e jovens de 6 a 14 anos, houve aumento de 171,1% de evasão em comparação ao mesmo período do ano anterior. Um dos motivos para a desigualdade pode ser explicado pela dificuldade de acesso à internet, principal meio para o estudo remoto.
Entretanto, as escolas particulares, por exemplo, conseguiram oferecer soluções, associando práticas presenciais e remotas aos estudantes por um período estendido. Se já havia a compreensão do valor da educação como fator de transformação na vida das pessoas e da sociedade, com a crise sanitária, esses aspectos se acentuaram.
Ficou claro que a educação não está relacionada apenas ao conhecimento ou à formação profissional, mas ela trata, entre tantas outras coisas, das relações humanas e das práticas de cidadania.
A pandemia mostrou que as relações aluno-professor, aluno-aluno, professor-professor são essenciais, independentemente do formato em que elas ocorrem.
Por um longo período, observamos que as relações sociais escolares foram cortadas de modo abrupto, criando uma espécie de vazio social em um espaço – instituição de ensino – conhecido pela interação com as famílias, com a comunidade, com os funcionários, além dos alunos e professores, já mencionados.
Os efeitos da boa relação interpessoal no ambiente educacional são diversos, tais como o aprimoramento de habilidades como trabalhar em grupo, aumento da motivação para estudar e aprender e construção e sedimentação do desenvolvimento emocional, aspectos fundamentais para uma educação de qualidade.
O levantamento do Observatório do Ensino Superior: análise dos microdados do Censo da Educação Superior 2020 mostra que houve aumento da demanda por cursos na área da saúde, tanto na modalidade a distância (EAD) quanto na modalidade presencial, com destaque para os cursos de farmácia, biomedicina, nutrição e enfermagem.
Apesar de os dados mais recentes contemplarem a análise de 2020, é possível afirmar que a área da saúde continuará em foco, pois ganhou notoriedade a partir da importância da atuação dos profissionais na maior crise sanitária já vista. Além do mais, ficou evidente a necessidade desses profissionais no mercado de trabalho.
O total de pessoas com ensino superior completo no Brasil é de 17,4% (com 25 anos ou mais), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diante dos números citados, torna-se urgente a discussão sobre acesso, afinal tratar de desigualdade educacional passa por oferecer programas consistentes de bolsas e de descontos, reforçando compromisso social que toda instituição de ensino assume ou deveria assumir.
Outro desafio é o diálogo entre a universidade e o mercado do trabalho. Investir nesta conexão, incorporando a comunidade, aliando a teoria à prática em vivências com profissionais, organizações atuantes e a oportunidade de internacionalização do conhecimento por meio de parcerias institucionais é fundamental.
Notamos que os estudantes buscam instituições que primam por metodologias que valorizam o aprendizado na prática e que desenvolvam o potencial empreendedor deles não apenas em momentos específicos, mas em todo o processo de aprendizagem.
A educação inclusiva abre perspectivas muito positivas e pensar a universidade com a proposta de um lugar para todos, sem segregação, reunindo estudantes com deficiência, por exemplo, significa movimentar os agentes transformadores da sociedade para aprenderem a interagir e a conviver com todos.
Também são necessários treinamentos sobre a variedade de deficiências, sobre as práticas discriminatórias, sobre a comunicação com pessoas com deficiências sensoriais, entre outros aspectos.
Portanto, é possível concluir que a educação nas universidades, desde o início da pandemia, teve os processos de transformação acelerados, principalmente por conta da flexibilidade dos professores e do auxílio da tecnologia. As instituições de ensino se reorganizaram, cumpriram o calendário acadêmico, enfatizaram suas missões no sentido de estabelecer um lugar de desenvolvimento de competências, de curadoria de conteúdo e mentoria, de proporcionar aprendizado com experiências.
E daqui em diante, a ideia é formar cada vez mais profissionais, capazes de navegar em um cenário multiprofissões, complexo, altamente mutável no qual precisarão ser capazes de se utilizar da inteligência emocional, além de desenhar propostas de solução o tempo todo.
*Daniel Garcia Correa é diretor acadêmico do Centro Universitário Senac
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