Inovação

Colunista

Marina Feferbaum

Coordenadora do CEPI e da área de metodologia de ensino da FGV Direito SP

Profissionais aptos a enfrentar desafios

As mudanças no mercado e de cultura organizacional apontam a necessidade de unir diferentes campos do conhecimento para atender às demandas do mercado

Profissionais aptos a enfrentar desafios

Por Ana Paula Camelo, Marina Feferbaum e Olivia Pasquale*: As mudanças culturais, econômicas e tecnológicas que estamos vivendo trazem consigo diversos questionamentos, especialmente a respeito do futuro das profissões: será o fim dos empregos? O trabalho humano ainda é necessário? O que precisaremos aprender? Dentre tantas outras dúvidas. Com a automação de várias tarefas e o uso crescente de robôs inteligentes nas organizações, o cenário laboral está bem mais dinâmico que há algumas décadas. Porém, ao mesmo tempo que as novas tecnologias estão alterando drasticamente os modelos de negócios e tornando algumas funções obsoletas, há oportunidades surgindo.

A partir de alguns discursos, alguns mais catastróficos a respeito, outros mais otimistas, o ponto é que essas transformações se mostram inevitáveis. À medida que a tecnologia avança, outras possibilidades surgem, e por isso é importante realizar uma leitura objetiva da nova realidade para compreender esses movimentos e as tendências que representam.

 

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Há, portanto, áreas emergentes despontando em resposta às transformações mencionadas sem, necessariamente, serem acompanhadas da extinção ou a substituição de profissões. Mesmo as carreiras mais tradicionais, como direito, engenharia e medicina, adquiriram uma roupagem nova, com outros títulos, especialidades e funções, porém não desapareceram e nem irão desaparecer. Para analisar esse movimento de forma mais palpável, vamos nos ater à área do direito. Um estudo inédito que estamos conduzindo no Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação da Escola de Direito de São Paulo da Fundação GetulioVargas (CEPI FGV Direito SP) aponta justamente para esse fenômeno. A pesquisa sobre o futuro das profissões jurídicas revelou 27 novas carreiras ou funções, em 11 grandes áreas, para os advogados do futuro: legal copywriter, legal designer, advertising lawyer e secondment jurídico, para mencionar apenas algumas. Muitas delas não estão relacionadas diretamente à atividade-fim da advocacia, mas passaram a ganhar significativa relevância nas organizações jurídicas nos últimos anos. Seja por pressão externa (exigência de clientes, aumento da concorrência, etc.), seja por mudanças internas (definição de estratégias de inovação, aquisição de ferramentas tecnológicas, etc.).

O estudo aponta, portanto, que até mesmo uma área tão tradicional como a do direito está se transformando e que há várias possibilidades e caminhos diante da nova configuração do mercado de trabalho.

Além disso, a tendência é a de olhar para outras áreas de conhecimento a partir da própria profissão. O diálogo com saberes não jurídicos parece ter se tornado ainda mais fundamental.

Essa interdisciplinaridade pode ser muito positiva para o desenvolvimento das carreiras do futuro e a prática profissional.

 

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As mudanças no mercado e de cultura organizacional apontam a necessidade de unir diferentes campos do conhecimento para atender às demandas do mercado, algo que exige olharmos de maneira mais ampla e fluida para as profissões de hoje, que serão as do futuro que queremos construir. Vale ressaltar que essas mudanças implicam o desenvolvimento de novas competências e habilidades (a exemplo de habilidades e competências tecnológicas, de gestão e socioemocionais), o que cabe às instituições de ensino também se adaptarem.

A importância de identificar tais tendências está ligada ao reconhecimento desse novo mundo e ao aprofundamento na sua compreensão, que demandam um perfil profissional mais amplo. Por conseguinte, será possível analisar qual é a qualificação necessária que os profissionais do futuro devem ter para desenvolverem suas carreiras e contribuírem de forma efetiva à sociedade. As mudanças precisam ocorrer, consequentemente, desde a academia, com uma formação estratégica e produção de conhecimento voltadas a essas necessidades. Assim, daremos conta de formar profissionais aptos a enfrentar os problemas complexos que estão se impondo em um cenário bastante incerto, mas instigante e repleto de novas possibilidades.

 

Autoras

 

Ana Paula Camelo – Pesquisadora no Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação (CEPI FGV Direito SP). Doutora em Política Científica e Tecnológica e Mestra em Divulgação Científica e Cultural pela Universidade Estadual de Campinas.

Marina Feferbaum – Coordenadora do Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação (CEPI) e da área de metodologia de ensino da FGV Direito SP, onde também é professora dos programas de graduação e pós-graduação.

Olivia Pasquale – Professora da FGV Direito SP e pesquisadora no CEPI. Doutora e Mestra em Direito do Trabalho e da Seguridade Social pela Universidade de São Paulo.

Por: Marina Feferbaum | 30/08/2023


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