NOTÍCIA
A melhoria da qualidade das licenciaturas e dos cursos de pedagogia são grandes desafios para as IES públicas e privadas
Publicado em 28/09/2023
A abertura do 25º Fnesp aconteceu nesta quinta-feira, 28. Lúcia Teixeira, presidente do Semesp, abordou a redução do acesso de jovens de 18 a 24 anos no ensino universitário e chamou atenção para o não alcance da meta 12 do Plano Nacional de Educação (PNE). “Enquanto a população de jovens brasileiros caiu 3% de 2019 a 2021, o número de matriculados nessa faixa caiu o dobro: 6%. Desse modo, o Brasil, com uma taxa de escolarização líquida que é uma das mais baixas do mundo, apenas 18%, ainda está longe de atingir a meta 12 do PNE, que estabeleceu que o país deveria atingir 33% dessa taxa até 2024”, ressaltou. Para Lúcia, o momento é de “buscar mudanças transformadoras, revertendo a queda histórica na escolaridade, na aprendizagem, no ensino, no financiamento da educação, utilizando novas tecnologias com ética e verdade”.
A abertura contou também com a presença do ministro da educação, Camilo Santana, e do presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Luis Curi. Em sua fala inicial, Santana destacou o importante papel do Semesp como representante das instituições do ensino superior privado no Brasil, e “a sólida experiência no levantamento de dados e estudos sobre o ensino superior”.
Acerca do Fnesp, o ministro Camilo Santana lembrou que o evento é um lugar central no cenário de educação superior, com uma longa e sedimentada trajetória de debates e discussões sobre questões relevantes, além de se destacar como o maior fórum da educação superior particular da América Latina. “Ao fortalecer as relações das instituições de ensino, promover parcerias, estimular trocas e boas práticas, o evento se inscreve no cenário nacional como oportunidade preciosa para o fortalecimento da qualidade de ensino.”
Num cenário em que 63% das crianças brasileiras não aprendem a ler e escrever na hora certa e que 16% de alunos do primeiro ano do ensino médio abandonam a escola ou são reprovados, o desafio do MEC é enorme. Entre esses desafios está a formação de bons professores.
Santana lembrou que a maioria dos jovens que chega às IES privadas provem da escola pública e reafirmou a necessidade de garantir sua qualidade. “O Enade mostrou que todos os cursos de licenciatura, de formação inicial de professores, nas IES públicas e privadas, têm notas abaixo de 5. Cursos de pedagogia estão com 3,6 de nota média. É esse professor que vai para a sala de aula da educação básica. É preciso melhorar a formação inicial do professor além da formação continuada.”
O ministro ainda mencionou o alto percentual de evasão no ensino superior, por volta dos 55%, inclusive nas universidades federais. “Há alguma coisa errada”. Remetendo-se ao tema do Fnesp, “resignificar é possível, reconstruir é urgente”, Santana afirma que “é preciso garantir a atratividade do ensino superior ao jovem e a qualidade.”
Em seguida à abertura, no painel “Desafiando o Status Quo: fortalecer a educação básica com a colaboração do ensino superior”, a formação de professores voltou ao centro do debate. Helena Sampaio, responsável pela Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres), afirmou que no afã de universalizar o acesso à educação, houve um descuido com a formação dos professores.
A maioria dos futuros professores, na atualidade, formam-se por meio de cursos EAD. Helena afirma que não se trata de desqualificar a educação a distância, cuja importância é inequívoca. “Mas é hora de tomar um pouco de cuidado. Temos tanto cuidado com a formação dos médicos, por que não dar a mesma atenção para a formação de professores?”. A secretária convidou as IES privadas, que hoje compõem 88% do setor do ensino superior no país, a olharem com mais atenção para a formação de professores.