Revista Ensino Superior | IES buscam renda extra

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ESG

IES buscam renda extra

IES investem em novos modelos de negócio para equilibrar o orçamento, se conectar com a comunidade e reduzir dependência das mensalidades

Publicado em 25/06/2025

por Carolina Firmino

Renda extra Cenário esboça um descompasso preocupante entre o crescimento da demanda e a receita efetiva das instituições (foto: Shutterstock)

Pesquisa realizada pelo Instituto Semesp em fevereiro e março de 2024 apontou que o valor médio das mensalidades registrou queda média de 16,7%. A mesma pesquisa mostrou que, após um longo período, a modalidade presencial voltou a crescer. Nas IES privadas, a média de crescimento foi de 4,7% na modalidade presencial e 5,1% nos cursos EAD. 

O cenário esboça um descompasso preocupante entre o crescimento da demanda e a receita efetiva das instituições e traz a pergunta que não é nova, mas recorrente: como manter a sustentabilidade financeira sem repassar todos os custos aos estudantes? Para reduzir essa dependência e diversificar o orçamento, há uma busca por estratégias criativas de arrecadação extra. 

O Centro Universitário Fundação de Ensino Octávio Bastos (Unifeob) é mantido por uma fundação privada sem fins lucrativos e, para aumentar suas receitas, desenvolve projetos personalizados com foco no mercado local e regional, atendendo demandas de empresas, prefeituras e cooperativas. “[Priorizamos] soluções que alavanquem a economia e, ao mesmo tempo, ofereçam oportunidades de aprendizagem significativa para nossos estudantes”, afirma Kika Figueiredo, pró-reitora de Negócios da Unifeob.

 

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A plataforma Conexão é uma delas e oferece o serviço de gerenciar todo o processo de seleção e contratação de estagiários. Seja em empresas ou instituições públicas, a ferramenta automatiza a abertura de vagas, o recrutamento de candidatos, o controle de frequência e até o repasse financeiro. “Ela reduz a burocracia e conecta talentos universitários diretamente com o mercado”, diz Kika. Outro projeto relevante é o Pet Cidadão, desenvolvido pelo Centro Veterinário da Unifeob em parceria com o Departamento de Bem-Estar Animal de São João da Boa Vista, oferecendo cuidados a pets da população local por preços acessíveis.

Kika Figueiredo

As soluções devem alavancar a economia e oferecer aprendizagem significativa, afirma Kika Figueiredo, pró-reitora de Negócios da Unifeob (foto: divulgação)

A instituição também estruturou um Ecossistema Agro, alinhado ao perfil produtivo da região — uma das cinco maiores em valor da produção agropecuária no estado de São Paulo. O objetivo é desenvolver inovação, tecnologia e sustentabilidade por meio de parcerias com empresas e centros de pesquisa. “Trazendo esses projetos para dentro da universidade, o campo de estágio se abre aos nossos estudantes, assim como oportunidades para ingressar no mercado de trabalho, melhorando o índice de trabalhabilidade da Unifeob.” Atualmente, 15 empresas atuam diretamente com os cursos de Engenharia Agronômica e Medicina Veterinária, incluindo nomes como John Deere, Syngenta, Bayer e Royal Canin.

Essas ações, segundo Kika, geram impacto real tanto no aprendizado dos alunos quanto na saúde financeira da instituição. Hoje, cerca de 10% do faturamento da Unifeob vem de receitas que não estão ligadas à graduação ou pós-graduação. “Cada novo projeto precisa ter viabilidade financeira e sustentabilidade. Só iniciamos aquilo que tem potencial concreto de resultado”, afirma. 

 

Parcerias estratégicas

Edison Simoni

Fundo patrimonial pode ser decisivo para a sustentabilidade financeira, aponta Edison Simoni, reitor da Fecap (foto: divulgação)

Entre as iniciativas em curso na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap) estão a locação da infraestrutura ociosa, parcerias com empresas e instituições estrangeiras, além da disputa por fundos de fomento à educação. “Buscamos constituir uma reserva financeira robusta, capaz de gerar fluxo permanente de recursos para apoiar a missão institucional”, explica Edison Simoni, professor e reitor da Fecap.

A locação de espaços, que começou há mais tempo, é a ação de maior impacto financeiro até agora. No entanto, outras frentes vêm ganhando força, como os acordos de patrocínio de espaços físicos por empresas parceiras. Segundo Simoni, essas parcerias não apenas contribuem para a geração de receita como também criam vínculos duradouros com o setor produtivo. “Esses laços têm reflexos positivos na geração de oportunidades de aprendizagem e experiência profissional para nossos estudantes e egressos”, afirma.

 

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Outra medida é a construção de um fundo patrimonial, nos moldes do endowment das grandes universidades estrangeiras. Parte dessa reserva deve vir de doações — algo que, para Simoni, ainda é um grande desafio no Brasil —, mas a instituição também aposta na geração de superávits e na gestão racional do capital. “No longo prazo, esse tipo de fundo pode ser decisivo para a sustentabilidade financeira de instituições como a nossa”, defende o reitor.

Ele reforça que, para tirar essas ações do papel, é preciso esforço, planejamento e capacidade de pensar além do curto prazo. “Essas estratégias exigem alocação de recursos e uma mentalidade voltada para o futuro. Os resultados podem levar tempo para aparecer, então é fundamental que a liderança esteja comprometida e saiba convencer a comunidade acadêmica da importância dessas iniciativas”, conclui.

 

Autor

Carolina Firmino


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