NOTÍCIA
O Mapa do Ensino Superior no Brasil traz dados contextualizados para auxiliar nas políticas públicas e nas decisões dos gestores
Publicado em 11/08/2023
A 13ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, lançado pelo Instituto Semesp em junho, traz 292 páginas de informações objetivas, contextualizadas por meio de gráficos, tabelas, microtextos e análises. O conjunto desses dados traça um panorama das potencialidades e tendências da educação superior. É uma ferramenta para auxiliar na formulação de políticas públicas, estratégias de negócios e decisões dos gestores. Esta edição contou com um capítulo especial, que posicionou lentes sobre os cursos de TI, um mercado que cresce, precisa de profissionais urgentemente e, os números indicam, essa demanda ainda não foi plenamente capturada pelo setor do ensino superior.
Os dados apresentados são de 2021, quando reflexos da pandemia da Covid-19 ainda reverberavam em todos os setores econômicos do país. Após o solavanco de 2020, em que se registrou uma queda de 5,8% no total de IES no país, em 2021 o setor voltou a crescer, com aumento de 4,8%. O total de matrículas cresceu 3,5% de 2020 para 2021, com uma diferença bastante significativa entre matrículas em cursos EAD e presenciais: na modalidade EAD, houve aumento de 19,7%; os cursos presenciais apresentaram queda de 5,5%. No total de matrículas, a rede privada teve crescimento de 2,7%, enquanto a rede pública teve um déficit de 6,0%.
Essa queda de matrículas em cursos presenciais faz o sinal de alerta acender. Em 2019, foram 3,4% a menos e em 2020, 9,4%. A publicação destaca que esses índices implicam a queda de ingressantes entre 18 e 24 anos, impactando negativamente a taxa de escolarização líquida, que vai se distanciando da meta dos 33% preconizada pelo Plano Nacional da Educação (PNE) para 2024.
Na rede privada, o país conta com 1.832 faculdades, 338 centros universitários e 91 universidades. Deste conjunto, 63% têm fins lucrativos e as IES de pequeno porte são maioria, 82,5%. Na rede pública, 36,1% das IES são conside
radas universidades. Há 134 instituições estaduais, 119 federais, 36 municipais e 24 especiais. A Região Sudeste apresentou um total de 3.927.777 matrículas, sendo 39,7% delas no EAD. De 2020 para 2021, os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro perderam 1% de matrículas, mas ainda concentram 41,8% dos estudantes do país. São Paulo é o segundo estado com maior número de alunos em IES privadas, 83,7%. O primeiro é Santa Catarina, com 84,2%, e o estado com menos alunos na rede privada é Rio Grande do Norte, com 57,4%.
A região Nordeste teve 1.855.626 matrículas, 34,3% delas no EAD. A Região Sul, 1.626,212, 51,0% no EAD. Em seguida, vêm a Região Centro-Oeste, com 820.300, 41,7% EAD, e a Norte, com 754.481, 45,9% EAD.
Os números na rede privada apontam a tradição. Há hegemonia do curso de direito, que deteve 18,3% das matrículas nos cursos presenciais – diurnos e noturnos. Esse percentual é 8,8% menor do que no ano anterior. O curso de psicologia é o segundo, com 7,8%. Medicina tem o segundo maior número de matrículas no diurno, 13,6%, e o quinto lugar no total de matrículas, 4,7%. Nos cursos presenciais da rede pública, tiveram mais matrículas os cursos de pedagogia (4,9%), direito (4,8%) e administração (4,2%). O curso de pedagogia também desponta entre os que obtiveram mais matrículas e ingressantes na modalidade EAD. Na rede privada, são 15,7% de todas as matrículas efetuadas e 9,99% dos ingressantes. Na rede pública, o curso mantém a primeira posição, com 23,8% das matrículas e 17,5% dos ingressantes.
Os cursos da área de TI têm percentuais baixos. Algo preocupante num mundo altamente conectado. O capítulo especial que trata do assunto levanta essa questão: “mas se o mercado de trabalho está aberto aos profissionais de TI, com demandas represadas de pessoas capacita- das para atender à digitalização das empresas e dos negócios, por que o interesse dos jovens pelas profissões de TI ainda não tem crescido na mesma proporção?
Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, aponta: “É a área que mais emprega e que mais empregará nos próximos anos, porém o número de alunos matriculados ainda é muito baixo.” Nesta edição do mapa, o percentual de alunos em cursos de TI não chega a 10% do total de matrículas no ensino superior. No estado de São Paulo o percentual é de 7,4%. Nos estados do Maranhão e Tocantins o percentual é de apenas 2,5%. Outro dado preocupante, afirma Capelato, é que a taxa de desistência dos cursos de TI é de 65%, sendo que o percentual das demais áreas chega a 58%. Em termos de diversidade, a área dos cursos de TI também desaponta. “A participação das mulheres nesses cursos é muito pequena, abaixo de 17%. No total de matrículas as mulheres são maioria. A participação de pessoas pretas ou pardas também é menor.”
A publicação traz um compêndio de iniciativas e apontamentos de especialistas para alavancar os cursos de TI. A importância dos cursos tecnólogos e microcertificações, as políticas públicas e diversidade, o incentivo às matrículas que as IES podem empreender são temas discutidos. A boa notícia é que, de acordo com Capelato, sondagens realizadas no primeiro semestre de 2023 apontam para mudanças. “As IES reportaram um crescimento surpreendente na procura por esses cursos.”
Esta matéria faz parte da edição 277 da Revista Ensino Superior. Seja um assinante e tenha acesso à íntegra da edição.