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Especialista traça alternativas para a instituição de ensino inserir seus alunos em uma segunda língua
Publicado em 17/06/2020
Depois de falar a respeito do suporte que as instituições que passam pela implementação do modelo internacional de ensino precisam dar ao seu corpo docente é chegada a hora de discutir outro tipo de suporte: o que precisa ser dado aos alunos durante o período de sua graduação.
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A grande importância do apoio à população de estudantes vem do fato de que o inglês é necessário para se ambientar em um formato de ensino internacionalizado, mas, por inúmeros motivos, muitos alunos não ingressam nas instituições de ensino com um nível desejado para atuar com eficiência nesse formato de graduação. Também já discutimos a respeito do desnivelamento nas salas de aula aqui.
Várias frentes de atuação são possíveis então para tentar, da maneira mais eficiente possível, equilibrar os conhecimentos dos alunos em uma mesma sala de aula, para que tanto eles se sintam mais seguros na hora de aprender, quanto os professores consigam passar o conhecimento com mais facilidade e igualdade.
Uma das alternativas a ser considerada é o inglês como parte da grade curricular do curso superior, seja ele qual for, onde o aluno precisa cumprir uma carga horária, fazer avaliações e, como consequência, evoluir no aprendizado da língua. Como já discutimos anteriormente, em um mundo ideal os alunos ingressariam nas universidades já com um nível mínimo estabelecido pela instituição e por sua política de idiomas, justamente para que episódios de desnivelamento não acontecessem.
Mas, como a realidade ainda é outra no nosso país, adotar um determinado número de horas-aula de idioma dentro do conteúdo programático do curso é uma saída para que todos consigam chegar minimamente no mesmo patamar. Para os estudantes que, por ventura, já possuem esse nível mínimo, a dispensa da matéria pode ser acordada junto à direção, depois de uma avaliação aplicada pelo comitê responsável pelo processo de internacionalização e previsto na política de idiomas da instituição.
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Outra saída, que dessa vez torna o inglês opcional para os estudantes, é quando a instituição oferece um curso de idiomas separado da graduação em si, sendo ele pago ou não. As redes públicas costumam adotar esse tipo de modelo ao fazer parcerias com os núcleos de línguas das próprias instituições, assim o aluno tem a opção de aprender um idioma dentro da faculdade em que estuda, mas que não necessariamente está integrado e dependente da grade de seu curso de graduação.
As instituições particulares também podem adotar o formato, geralmente com custo, ao fazer parcerias com centros especializados no ensino de idiomas e disponibilizar uma porcentagem de desconto para os alunos que ingressarem nos estudos pelo intermédio da faculdade, esse centro pode se alocar dentro da instituição ou não.
Outra saída é ter um núcleo de idiomas próprio da universidade (dessa vez, sem parcerias com instituições de fora) – a Universidade Anhembi Morumbi é um exemplo nesse sentido. O grupo possui há um tempo seu centro de idiomas, que também é pago a parte, e um departamento de intercâmbio que oferece a possibilidade de estudar um semestre de língua estrangeira fora do Brasil. Esse sistema é um dos caminhos para aumentar o nível de proficiência da população de alunos da universidade.
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A prática pode ser aplicada em conjunto com alguma das opções citadas acima ou apenas para alunos que já possuem um nível específico no idioma. Geralmente visando o estudo fora do Brasil, algumas universidades podem oferecer como forma de suporte aos seus alunos, tanto o curso preparatório, como o exame de proficiência em inglês que valida seus conhecimentos internacionalmente. A Universidade de São Paulo (USP) fez isso com inúmeras turmas que participaram do programa Ciência Sem Fronteiras de pós-graduação.
Essa opção também pode ser bastante eficaz para as instituições que desejam implementar um exame de proficiência de saída para os alunos, ao se formarem na universidade.
Outra opção que contempla alunos de todos os níveis, os sistemas de apoio direcionados são formatos de aulas onde apenas uma habilidade é foco e essa é treinada com persistência para que seja aprimorada e usada no mercado de trabalho ou âmbito acadêmico.
Apesar do desnivelamento em sala de aula ainda ser uma realidade bastante presente nas nossas universidades — muito por conta do Brasil ter acordado tardiamente para a importância do inglês na vida não só profissional, como também acadêmica — ao adotar essas linhas de frente, o processo de internacionalização se torna cada vez mais possível e real dentro das instituições que desejam adotar esse formato.
*Aberto Costa é Senior Assessment Manager de Cambridge Assessment English, departamento da Universidade de Cambridge especializado em certificação internacional de língua inglesa e preparo de professores.
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