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Internacionalização

Internacionalização na educação superior: qual o primeiro passo para um projeto bem-sucedido?

Por meio de oito perguntas fundamentais, questionário ajuda as instituições a entender quão próximas – ou distantes – elas estão da inserção global

Publicado em 20/05/2019

por Alberto Costa

internacionalizacao-ensino-superior-universidade Foto: Shutterstock

*por Alberto Costa

O conceito da internacionalização do ensino superior brasileiro foi discutido de forma ampla no artigo anterior e, como falamos, esse é um tema que vem ganhando cada vez mais espaço nas discussões entre reitores, mantenedores e profissionais de relações internacionais.

A grande questão é que todo o sistema da educação e seus envolvidos parecem ter despertado para o fato de que evoluir seus cursos é o caminho que precisamos para formar os cidadãos globais com as habilidades que transformarão a atualidade e o futuro. Apesar dessa certeza, ainda restam muitas dúvidas acerca dos primeiros passos efetivos para colocar esse modelo em prática de uma maneira sólida e eficiente.

Algumas universidades brasileiras já começaram a colocar isso em prática. Elas fizeram como as escolas europeias e norte-americanas e elegeram o inglês como o idioma oficial dos seus programas de educação, conseguindo dessa forma integrar pessoas de diferentes nacionalidades e propagar a cooperação internacional a partir da instituição.

Além de ministrar as aulas na língua inglesa, elas contam com um corpo docente e discente composto em parte por estrangeiros, fazendo com que haja uma troca de culturas e uma abertura muito maior para o intercâmbio acadêmico além do aprendizado obrigatório de cada disciplina. Alguns exemplos podem ser citados, como a Universidade de São Paulo (USP), a Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), a Universidade Federal do ABC (UFABC), a Fundação Getulio Vargas (FGV) e a Fundação Instituto de Administração (FIA).

O avanço é evidente. Cases como o da Unievangélica, de Anápolis, interior de Goiás, já relatado aqui pela Ensino Superior são inspiradores. Mas, apesar disso, muitas mudanças ainda são necessárias para que essa prática se torne algo cada vez maior, mais real e, de fato, democrático. Afinal de contas, no Brasil isso tudo ainda é muito recente.

Esse relatório da CAPES é um bom guia para quem deseja aprofundar o conhecimento em torno do atual panorama da internacionalização nas universidades brasileiras. Depois de toda essa introdução que beira a teoria, chegamos então a nossa dúvida principal: considerando as experiências de sucesso, qual o primeiro passo para um projeto de internacionalização na educação superior?

Na prática e bem objetivamente, a internacionalização pode ser explicada pela “adequação” da instituição ao contexto mundial no momento em que ela adota práticas e iniciativas que abrem novos espaços para a projeção internacional e para a vinculação com redes acadêmicas, além de consolidar valores como a cooperação e a solidariedade na cultura institucional.

As consequências desse processo são uma série de benefícios não só para a instituição como também para os alunos em um movimento que se retroalimenta, já que estudar em uma universidade que possui um programa internacional é, sem dúvidas, um fator que amplia muito as oportunidades de inserção dos formando no mercado de trabalho, consequentemente contribuindo para elevar o nome da instituição colocando-a em melhores posições nos rankings de qualidade.

Nesse sentido, é muito importante entender também o que não caracteriza a prática, como ações superficiais ou isoladas de troca de pesquisadores acadêmicos. O êxito de um projeto bem planejado e executado está na definição dos objetivos a serem atingidos a partir dos pontos chave da internacionalização. Esses são alguns dos pontos de reflexão que podem contribuir para pontapé inicial do projeto:

  1. Como tem se dado o intercâmbio científico na sua instituição? Por meio de uma iniciativa individual dos pesquisadores ou de uma iniciativa institucional?
  2. A sua instituição possui um comitê de internacionalização?
  3. Com quantas instituições o comitê faz parcerias? E em quantos países?
  4. Existe uma versão em inglês para o site da sua instituição?
  5. Há modelos de documentos emitidos pela instituição, com os nomes das disciplinas e ementas, traduzidos para o inglês?
  6. Há um catálogo em inglês com nome de disciplinas e das ementas para envio aos parceiros, visando atrair alunos estrangeiros para o Brasil?
  7. Você conhece o nível de inglês dos seus alunos e professores e a aptidão acadêmica deles para lecionar no idioma?
  8. Quais são as regras para os testes de proficiência e quais instrumentos de aferição são adotados?

A partir da observação minuciosa dos fatores expostos acima a universidade consegue encontrar pontos fracos e fortes da estratégia de internacionalização adotada e com isso fortalecer o que ainda precisa ser firmado. Isso é um processo gradativo e que precisa de paciência e organização acima de tudo, mas com o tempo e boas práticas é possível chegar aos mais altos níveis internacionais, transformando todo o investimento de tempo e dinheiro em diferencial competitivo.

*Alberto Costa é Senior Assessment Manager de Cambridge Assessment English, departamento da Universidade de Cambridge especializado em certificação internacional de língua inglesa e preparo de professores.

internacionalização ensino superior
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