NOTÍCIA
Acompanhar a evolução das ações é importante para entender se as expectativas e metas estabelecidas pela instituição estão sendo atingidas
Publicado em 01/10/2019
Até agora passamos por todo um ciclo de temas nesse espaço a respeito da internacionalização do ensino superior e depois de explicar seu conceito e prática, apresentar os primeiros passos para implementação, meios de instrução do idioma, passar rapidamente pela construção da política de idiomas e entrosamento de alunos, professores e diretores, por fim citando exemplos dentro e fora do país, é chegada a hora de entender como se dá a manutenção de um currículo internacional.
E para falar a respeito da evolução do currículo internacional é importante primeiro entender que a graduação – seja ela comum ou internacional – é composta de forma geral por três etapas. A inicial é o ingresso ao curso, primeiro semestre de aprendizado, quando o aluno vai descobrir um pouco mais a respeito sobre a área e até entender se é realmente isso que ele deseja fazer. A segunda é o período intermediário entre o ingresso e o final do curso, que depende do tempo de duração da graduação. E, por fim, a saída do aluno da instituição, já formado e teoricamente com um nível estabelecido de conhecimento tanto na área escolhida, quanto no idioma.
E nesse artigo nós vamos falar a respeito justamente do que acontece – ou deveria acontecer – na parte intermediária da graduação. Políticas de idiomas preveem que devem existir alguns momentos de avaliações formais capazes de medir o progresso de cada um dos alunos em seus respectivos cursos, mas essa nem sempre é a realidade das instituições.
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Em um mundo ideal, quando o aluno ingressa na instituição que adota um currículo internacional, o recomendado é haver um teste de admissão, seja ele uma prova de nivelamento de inglês ou até mesmo um exame de proficiência isento.
Isto vai conferir para a instituição o conhecimento do cenário do grupo que está ingressando e para os alunos a chance de acompanhar mais objetivamente o seu desenvolvimento.
Então, impreterivelmente deve perdurar durante toda a graduação uma série de testes anuais de avaliação de progresso e, por fim, ao concluir o curso, é necessária a aplicação de uma certificação comprobatória e formal, que aponta o nível de conhecimento com base no Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (CEFR) e que pode ser usado posteriormente para a comprovação do aprendizado em processos seletivos profissionais ou mesmo de extensão dos estudos.
Então, impreterivelmente deve perdurar durante toda a graduação uma série de testes anuais de avaliação de progresso e, por fim, ao concluir o curso, é necessária a aplicação de uma certificação comprobatória e formal, que aponta o nível de conhecimento com base no Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (CEFR) e que pode ser usado posteriormente para a comprovação do aprendizado em processos seletivos profissionais ou mesmo de extensão dos estudos.
Só que o contexto do Brasil é diferente. Pelo fato de o país ainda estar iniciando o processo de internacionalização do ensino superior e também pelo nível de proficiência dos alunos brasileiros, que muitas vezes não é tão alta quando comparada a outros países, ainda não é comum que as instituições exijam um nível específico mínimo de domínio de inglês para o ingresso nos cursos.
Por esse motivo, existe uma gama diversificada de níveis dentro de uma mesma sala de aula, fazendo com que a universidade precise encaminhar seus alunos para cursos ou aulas paralelas de idiomas, sejam elas oferecidas de forma própria ou por meio de parceiros.
Então, para entender se esse suporte está suprindo as necessidades dos estudantes e avaliar o progresso do currículo da instituição o ideal é que as universidades apliquem periodicamente exames de diagnóstico. Esse instrumento pode ser o mesmo para todos os cursos, adotado e padronizado pela faculdade.
No contexto onde os alunos se submetem todos os anos a um teste multinível para avaliar o progresso e eficácia dos métodos utilizados no currículo – seja ele aulas de inglês, EMI ou ambos – consegue-se ter uma noção melhor do impacto que seu programa está gerando, mapeando o desempenho de cada estudante e entendendo melhor quais serão os próximos passos a serem trilhados.
Esse olhar para o progresso é importante para entender se as expectativas e metas que a instituição estabeleceu no começo do programa estão sendo atingidas. É por meio dela que a universidade terá acesso a gráficos, dados e análises mais concretas para futuras tomadas de decisões, que, por sua vez, serão cada vez mais eficazes. E, caso o resultado não seja tão satisfatório quanto o esperando, entender que chegou a hora de olhar para dentro da organização, rever conceitos e tomar medidas que alavanquem e motivem cada vez mais os alunos e professores.
Para potencializar os efeitos e formar cidadãos realmente preparados para o mercado de trabalho e para o mundo globalizado, é importante que – apesar de não haver um nível específico de entrada – seja determinado um nível mínimo de proficiência para a saída.
Se tivermos alunos saindo de nossas universidades dominando o nível B2 do CEFR minimamente é possível, inclusive, que a última avaliação de desempenho seja substituída, por exemplo, por um exame de proficiência que mune o estudante de um documento que confere legitimidade à sua proficiência em inglês.
Isso é importante por que do contrário eles sairão formados em suas áreas, mas sem a possibilidade de futuramente ingressar em programas de mobilidade e intercâmbios, pois é muito possível que eles não possuam domínio exigido por parte das oportunidades que se abrem.
*Aberto Costa é Senior Assessment Manager de Cambridge Assessment English, departamento da Universidade de Cambridge especializado em certificação internacional de língua inglesa e preparo de professores.
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